Solteirão do 56. Era como Dracule Mihawk era conhecido no prédio em que morava. O apelido não o incomodava de fato, mas sim, torrava-lhe a paciência, ainda mais que Perona, sua vizinha, vivia lhe relembrando o que os demais pensavam e falavam a seu respeito.
Mal-amado. Solitário. Trancafiado na caverna. Introvertido. Monótono. Tedioso. Tinham muitos adjetivos para lhe classificar.
— Deveria sair um pouco de seu apartamento — comentou Perona quando se encontraram no corredor do andar que partilhavam. Mihawk havia saído apenas para deixar o lixo na lixeira coletiva. — Logo mais vai virar parte da decoração e não vai ser nem um pouco fofo.
— Não tenho motivos para sair, então não saio. Simples — pontuou Mihawk dando de ombros conforme se aproximava da lixeira e colocava seu saco de lixo ali.
— O que tanto você faz trancado em casa? Só te vejo sair para ir ao trabalho ou mercado e voltar para casa.
— Não deveria se preocupar com sua própria vida? — Mihawk suspirou e encarou a mulher, seus olhos de gavião se atentando a tudo o que Perona fazia, inclusive na maneira como ignorava completamente seus apelos silenciosos para que o deixasse em paz. Era uma completa sem-noção. — Em casa tem tudo o que preciso: lugar limpo, comida, vinho e paz. Diferente da porta para fora.
— Deveria arranjar um namorado ou quem sabe um animal de estimação... Quem sabe um gato. Um gato combinaria com esse seu jeito cha... Introvertido e caseiro, além de serem bem independentes, fofos e limpos.
— Um gato? Para que arranjaria um?
— Para te fazer companhia, claro. Você não se sente solitário? Chegar em casa e não ter ninguém te esperando? Ninguém para conversar? Isso me parece solidão.
— E eu chamo de liberdade... Ter um gato me tiraria a liberdade.
— De que forma?
— E se eu quiser viajar? Não poderei por causa do gato.
— Ora, eu cuido dele para você se for viajar e nunca, em todos os anos que te conheço, o vi sair para viajar, Mihawk. Você vive enfurnado em seu apartamento, parece um morcego na caverna.
— Não fui convencido... Preciso fazer meu jantar.
— Ao menos pense a respeito... Sabia que tem uma ONG no final da rua? Por que não passa lá mais tarde e dá uma olhadinha nos animais fofinhos que tem por lá? Quem sabe não muda de ideia?
— Pensarei... Até mais, Perona.
[...]
Se o questionassem do porquê realmente ter passado na ONG após o trabalho, Dracule Mihawk responderia que fora pela mais pura curiosidade e para provar a Perona que não precisava de companhia, podia viver muito bem sozinho e nenhum olhar fofo o faria mudar de ideia.
Ao chegar no local, foi recepcionado por um homem ruivo, os fios lisos e levemente cumpridos emolduravam o rosto sério e concentrado, mas que logo se abriu em um sorriso fácil ao recebê-lo.
Seu nome era Shanks. Parecia sem graça a primeira vista, um nome que não lhe dizia muita coisa, mas não se apegou muito a essa questão. Os fios avermelhados chamavam muito mais a atenção do que qualquer outra coisa e passou a chamá-lo de "ruivo" em sua mente.
— Você está procurando um gato ou um cachorro para adotar, senhor...?
— Mihawk e não estou procurando nenhum animal para adotar... Só pensei em dar uma olhada. Uma... Conhecida me indicou aqui.
— Mihawk? Que nome diferente, posso te chamar de Mi? — perguntou o homem ruivo com um largo sorriso e apontou para que o acompanhasse. — E essa sua conhecida adotou algum animal conosco? Como ela se chama?
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Solução para solidão
Fanfiction"Deveria arranjar um namorado ou quem sabe um animal de estimação... Quem sabe um gato. Um gato combinaria com esse seu jeito cha... Introvertido e caseiro, além de serem bem independentes, fofos e limpos", foi o que a vizinha de Dracule Mihawk lhe...