1° Capítulo

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Quem foi o pamonha que inventou o despertador? Vontade de dar um tapa nessa pessoa e mandar ele ir procurar o que fazer. 

Coitado do homem, imagino o tempo que ele passou para fazer essa desgraça.

-Vamos lá, mais um dia de luta, garota - respiro fundo e levanto.

Pego minhas coisas de higiene, e saio para o banheiro. 

Olho na direção da cozinha para ver se vejo meu pai, como sempre ele não está. 

Entro no banheiro, começo a tomar meu banho.

-Vai passar a vida nesse banheiro? Não vai trabalhar? - meu pai bateu na porta do banheiro me fazendo tomar um susto.

-Eu ainda tenho tempo -  respondo de volta.

Como pode acordar de mau humor toda manhã? Ouço os passos dele pelo corredor.

-Pai - chamo ele.

Ouço ele parar de andar.

-O quê? - perguntou seco.

Por que não ser um pouco mais gentil?

-Parabéns.

Hoje é aniversário dele, vou sair mais cedo do trabalho para buscar o bolo que encomendei.

Papai não me respondeu, saiu andando de novo. Espero que ele fique mais feliz com o bolo, é o sabor preferido dele. 

Saio do banheiro, vou terminar de me arrumar no meu quarto,visto meu terninho, passo um pouco de pó, batom e máscaras de cílios. Satisfeita com minha aparência, saio para cozinha. 

Meu pai está na mesa lendo jornal, como sempre.

-Vai sair? - pergunto quando vejo que ele está arrumado demais pro meu gosto.

Ficou em silêncio, continuou lendo.

-Não vai me responder? - teimo.

Nada, só continuou a ler.

Desisto e vou fazer meu café. Fico cantarolando enquanto espero o pão assar.

Sento de frente para meu pai, como olhando para ele. 

-Vou chegar mais cedo hoje - comento - Vai demora para volta?

Não estou afim de chegar e ele não estar. Seria bem triste.

-Não vai me responder? - olho no fundo dos olhos dele.

Nada, caralho.

-Ok pai, eu entendi - levanto, coloco o prato na pia, pego minha bolsa e saio.

Sempre isso, no dia do aniversário dele só piora. Pisco para tirar as lágrimas que se formaram. Ele não era assim quando mamãe era viva, era o melhor pai do mundo fazia tudo que eu queria. Dou um sorriso pequeno, saio do prédio indo para o ponto de ônibus.

IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora