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Acordei sentindo uma forte dor de cabeça, a claridade invadiu meus olhos assim que abri os mesmos, olhei em volta e vi que estou sozinha no quarto

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Acordei sentindo uma forte dor de cabeça, a claridade invadiu meus olhos assim que abri os mesmos, olhei em volta e vi que estou sozinha no quarto. Pego meu celular e vejo o horário pelo visor, são 12:30 para ser bem exata, me levantei sentindo meu corpo todo doer e logo vou atrás do meu cigarro. Assim que acho a carteira de cigarros e caminho em direção a varanda, a porta do quarto é aberta e Carolyna entra por ela com uma cara nada boa.

— Já ia te chamar para almoçar - A mesma falou e eu coloquei os cigarros no bolso.

— Estou indo, está tudo bem Carol? - Perguntei preocupada e ela apenas concordou com a cabeça.

— Está sim - Respondeu seca e eu apenas levantei as mãos em forma de rendição.

Ela saiu do quarto e logo em seguida a acompanhei, fomos o caminho todo até a cozinha em silêncio, ao chegar na mesma todos já estavam comendo reunidos.

— Eita que a bebedeira foi boa né - Clara fala vindo em minha direção, a mesma entrega um prato de comida em minha mão porém nego.

— Vai comer sim Priscila - Foi a vez da Vanessa falar, sem contestar peguei o prato e me sentei em um lugar vago ao lado de Mel.

— Eu fiz muita merda ontem? - Perguntei para a loira.

— Não se lembra de nada? - Perguntou rindo e eu neguei, levei meus dedos indicadores até minhas têmporas e massageie de leve.

— Você bebeu todas, embebedou todo mundo, beijou nossa querida Mel aqui, depois começou a passar mal no banheiro embaixo da escada e Carol acabou cuidando de você, provavelmente te deu banho e colocou para dormir - Malu falou como se fosse óbvio e eu encarei a morena que come em silêncio ao lado do namorado.

— Caralho - Falei e mexi na comida, realmente não estou com muita fome, hoje seria um dia muito difícil e não estou afim de enfrentar.

Me levantei da mesa e segui para o jardim do lado de fora, me sentei em uma das cadeiras e peguei meu cigarro, acendi o mesmo e tratei logo de pegar meu celular também, preciso falar com a mulher que todos dizem ser a minha mãe, hoje teremos um jantar importante e ela "quer que eu compareça".

— Oi mãe - Falei assim que a mesma atendeu a ligação, traguei do cigarro e soltei a fumaça assim que ouvi um suspiro seu.

— O que você quer Priscila? - Adriana falou seca e com um certo tom de ódio.

— Saber se a senhora está bem? Fora que tem o jantar... - Quando ia terminar de falar a mesma me corta.

— Não precisa comparecer, sua irmã já vai fazer isso e seu pai não quer apresentar a "aberração" que você é para os amigos importantes - Falou e eu fechei os olhos, levei meu cigarro a boca logo em seguida me levantando.

— Olha só, não tive culpa de nascer assim e se vocês não fazem questão que eu vá nesse jantar, eu faço muito menos - Falei sentindo a raiva consumir meu corpo.

— Você é a total culpada por ser assim e ainda fez questão de nos trazer mais desgosto falando que gosta de mulheres, então Priscila se considere fora da nossa família, você não é e nunca será uma Caliari - Minha mãe falou e logo em seguida desligou a chamada.

Joguei meu celular em cima da cadeira e com as mãos tremendo levei o cigarro até a minha boca, traguei o mesmo com todo o ódio que carrego em meu peito e sinto a fumaça descer pela minha garganta.

— CARALHO - Gritei e logo chutei a cadeira próxima de mim, a fumaça saiu pela minha boca e logo vi alguém vir na minha direção.

— Priscila? - Escutei a voz da mesma mas não fiz questão alguma de olhar para ela - Priscila? - Me chamou de novo e eu ainda sim não olhei.

— O que caralhos você quer Carolyna? - Perguntei jogando o cigarro no chão e pisando em cima do mesmo, me virei para encarar e ela me olha com seus olhos brilhantes.

— O que aconteceu? - Perguntou tentando se aproximar, abri um sorriso sarcástico e balancei a cabeça em negação.

— Não é possível, você se importa mesmo? Porque uma hora você me trata super mal e outra parece que se preocupa mesmo comigo, por que não me deixa em paz? - Falei sentindo as lágrimas cortarem meu rosto, passo por ela como um furacão e subo as escadas correndo.

O quarto está vazio, então fecho a porta e me jogo na cama, sinto as lágrimas descerem sem parar e minha respiração começa a pesar em meus pulmões, foco no teto branco tentando me controlar porém não consigo respirar direito, meu coração está começando a acelerar e a minha visão está começando a ficar embaçada. Fechei meus olhos tentando procurar calma dentro de mim, mas tudo está um verdadeiro caos, meus pulmões lutam cada vez mais para puxar o ar e me manter viva, porém sinto como se um pedaço enorme de concreto estivesse contra meu peito.

— Priscila... - Escutei dessa vez a voz da mel, eu não sei o porque, mas me levantei com dificuldade e abri a porta do quarto para a mesma.

Me joguei na cama dessa vez escondendo meu rosto e escutei a porta se fechar, logo escutei passos vindo na minha direção e a cama afundar ao meu lado.

— O que aconteceu ruiva? - A loira perguntou tocando em meu ombro.

— Eu nasci Mel, foi isso que aconteceu - Falei me virando para olhar a mesma.

— Quer me contar tudo? Ou prefere só chorar enquanto eu abraço você? - A mesma perguntou com o olhar preocupado e eu me sentei de frente para ela.

Ela segurou em minhas mãos e logo eu comecei a contar tudo, contei desde o momento em que descobri que era uma pessoa intersexo e lésbica, até o momento de agora. Mel me deu alguns conselhos e disse que nunca iria me julgar por ser quem eu sou, falou também que quando eu estivesse passando por uma crise de ansiedade, para que eu contasse com ela, pois ela vai sempre me ajudar.

— Quer ficar por aqui e assistir algum filme? - Mel perguntou se deitando ao meu lado e eu deitei minha cabeça em seu ombro.

— Eu super topo - Falei e ela me aconchegou mais em seu seu abraço.

Eu e Ela - G!P/CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora