Maldição de Sangue - Primeira Parte

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Maldição de Sangue - Primeira Parte

Lauren Jauregui's Point of View

As notícias bombaram naquela manhã de domingo. Deixei dezenas de mensagens e ligações perdidas no celular de Normani. De nada adiantou, ela nunca me retornou, por isso que ao passar com a caminhonete rosnando pelo centro da cidade, estacionei na frente da loja com a enorme placa.

"Eddie's: Construções e Reformas - Os melhores descontos da região!"

Se eu usasse saltos teria escorregado nas pequenas poças de água do piso de concreto, mesmo assim andei apressadamente tentando escapar da chuva e portas automáticas se abriram quando limpei o tênis velho no enorme carpete escrito "bem-vindos".

A loja ainda carregava o nome de Colton, o que significava que ficaria aberta ao comando da gerência até a divisão de bens da herança. Do jeito que as coisas estavam seria difícil para Eddie conseguir qualquer coisa, perderia tudo o que conquistou muito em breve, mas ainda existe a chance do engano. Afinal, ele é inocente.

Até que se prove o contrário.

Abordei um dos vendedores com crachá que me indicou o caminho para as escadas que levavam até os escritórios no andar de cima. A secretária negou minha passagem e tive que aguardar alguns instantes na sala de espera.

Sentada naquele sofá minhas pernas tremiam, imaginar que depois da perda e do medo, da esperança do que o futuro acarretaria, ela ainda teria que enfrentar isso, sozinha.

Alguns minutos se passaram e o único som que vinha aos meus ouvidos eram os bipes dos caixas e as conversas abafadas. Por ser dez horas da manhã de um domingo, até que a loja estava bem movimentada, algumas crianças corriam por entre os corredores do setor de pisos e azulejos e eu observava o mural com os bilhetes e anotações dos funcionários.

Quando a porta finalmente rangeu e se abriu, levei um segundo para perceber que ela vinha do andar de baixo, o que eu presumia ser o estoque e não do de cima onde ficavam as salas, ela subiu o último degrau e desviou o rosto diretamente para mim, sem dar importância para o homem que passava carregando uma caixa.

***

- Ele deixou tudo para mim. - Mani contava enquanto andávamos até a sala que era normalmente de Eddie. O lugar era pequeno, simples, apenas umas cadeiras e prateleiras com revistas. Mesas com computadores antigos e dezenas de cabos escancarados. Não era à toa que se ela quisesse um momento de paz, não ficaria ali, deveria ser melhor estando repleta de dezenas de caixas silenciosas. - Tudo no meu nome. Como se ele soubesse o que iria acontecer.

- Isso é bom, não é?

Ela deu de ombros e sentou-se na cadeira que rangia, fiz o mesmo e ouvi um estralo vindo da minha que parecia estar com um parafuso faltando. Mani não pareceu perceber e apenas continuou falando.

- Estávamos em casa, ele já havia sido chamado algumas vezes, me contou que parecia que esperavam uma confissão, como se soubessem de alguma coisa, mas quisessem que ele contasse. - A mulher olhava para o vazio das paredes de drywall. - Os investigadores o pressionavam e eu perguntei se havia algum segredo, algo para eles acreditarem que ele era suspeito. Supliquei que se existisse qualquer coisa, que ele me contasse, que me contasse tudo. - Seus olhos se umedeceram, mas ela não deixou as lágrimas escaparem. - Eddie disse que não havia nada. Quando eles chegaram, eu os recebi e o mandato dizia que deveriam levá-lo. Ele foi sem nem ao menos olhar na minha direção.

Fiquei em silêncio esperando que ela continuasse, que dissesse mais alguma coisa, mas simplesmente balançou o corpo na cadeira sem me olhar nos olhos. E foi assim até eu ter ido embora.

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