29. Feelings

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-Precisamos conversar filha. -a mulher disse.

Chris encarava a mulher com um misto de choque e desconfiança. Sim, era a sua sogra, mas também era a pessoa que mais fez mal a sua namorada.

Ele intercalava o olhar entre sua garota e a mulher mais velha, buscando algum sinal.

Quíron estava aflito, não sabia se fez certo ao levar a garota até a mãe. Já estava se arrependendo de não a ter mandado embora quando a viu estacionar.

-Conversar? -perguntou com desdém. -Agora você quer conversar?

A mulher comprimiu os lábios em nervosismo, sua filha estava diferente. Não pode deixar de notar a fina cicatriz em seu braço, indo do pulso até perto do final do antebraço.

-Filha... eu sei que errei muito com você, e também sei que por causa da minha negligência, quase te perdi. Não quero cometer esse erro de novo. -ela suspira. -Volta pra casa, por favor.

A filha de Ares ficou uns segundos em silêncio antes de começar a rir.

-Eu, voltar a morar com você? -ela riu mais. -Pra que? Pra você prometer melhorar e na semana seguinte me deixar sozinha de novo? Não vou ser tão tola como eu fui antes.

-Por favor filha, eu te imploro. -ela se aproximou mais. -Não vai ser igual antes, eu juro.

Antes que pudesse responder, um forte brilho vermelho apareceu, e quando sumiu sentiu uma presença divina atrás de si.

"Pai." Ela sorri.

A mulher intercalava o olhar entre o homem e a sua filha, notando o porquê dela não querer ir.

Não sabia qual mentira ele havia contado para convencê-la a permanecer no acampamento, mas ela lutaria para tê-la consigo de novo.

Enquanto a observava, Clarisse lembrou de todas as vezes que sua mãe chegava em casa do trabalho e a ignorava. Todas as brigas exageradas apenas por um minúsculo erro.

E todas as tentativas que fez de se aproximar, de tentar se resolver com sua mãe. Tentativas falhas, por puro desinteresse da mais velha.

-Eu vou ser uma mãe melhor Clarisse, me perdoa filha. -a mulher chorava.

E naquele momento, percebeu que aquela guerra não fazia mais sentido.

Não tinha porquê lutar para ter o amor de alguém que sempre a fez tanto mal, que sempre a machucou da pior maneira. Crescer sem o pai por perto já era difícil, agora conviver com uma mãe que fingia que se importava era pior.

Decidiu que a partir daquele dia, não tentaria mais. Não imploraria de joelhos pelo mínimo de atenção que fosse. Ela era Clarisse La Rue, a matadora de drakons. Guerreira que já vencera várias batalhas, e não se humilharia por mais ninguém. Nem mesmo se seu coração doesse muito, ela seria forte como sempre foi e passaria por isso de cabeça erguida.

-E então filha? Me perdoa? -ela chorava. -Sei que errei muito com você, mas estou disposta a melhorar. A ser a mãe que você merece.

E após uma pausa, a encarou nos olhos. E antes de se virar disse com firmeza:

-Eu já desisti, passei tempo demais esperando por você. Se quer melhorar alguma coisa, venha até mim. Mas não passarei mais meus dias implorando por migalhas do amor que você diz sentir.

Pôde ver a maneira que a mais velha ficou, a expressão fechada sem derramar mais nenhuma lágrima. Então se virou e entrou na viatura para ir embora, logo ligando o carro e saindo.

E antes que pudesse fazer qualquer movimento, sentiu braços fortes a puxando para um abraço apertado, e soltou um suspiro de alívio.

Fechou os olhos abraçando seu pai, e ficou assim até ouvir murmúrios confusos de Chris. Quando abriu os olhos, estavam na sala da Casa Grande. Se separou de seu pai, e foi em direção a Chris e o abraçou.

"She fell for the traitor..."Onde histórias criam vida. Descubra agora