Capítulo Único

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Castiel apareceu no quarto do motel e observou os Winchesters enquanto dormiam. Não fazia muito tempo que haviam adormecido, mas já aparentavam estar em sono profundo. O anjo caminhou até ficar entre as duas camas; franziu o cenho rapidamente ao observar Sam, e depois Dean. Eles eram realmente intrigantes.
Depois de desvendar e resolver um difícil caso, Dean e Sam estavam num merecido descanso.
Dean se acostumara com a presença de Castiel, mas já fazia um tempo desde a última vez que esteve com o anjo, e isso era desmotivador. Quando a caça se tornou um negócio massante e com um fim nem sempre bom, Dean começou a se aborrecer constantemente. O que melhorava isso, era a presença do anjo, que amenizava toda a situação.
Antes de dormir, Dean se perguntara se já não era a hora de tirar um tempo (indeterminado) de folga. Não que a companhia de Sam fosse ruim, mas faltava algo; além de estar com fadiga acumulada, não tinha mais aquela motivação para continuar.
O anjo, um pouco sem ação, resolveu se sentar na ponta da cama do caçador mais velho e esperar até que acordassem. Não queria atrapalhar mais uma vez o sono de nenhum dos dois, embora quisesse ver o despertar de Dean.
Ele tornou a olhar para a mesa, que estava organizada, e alguma coisa parecia estranha ali. O anjo piscou os olhos rapidamente, tentando achar um significado, mas deixou isso de lado ao ouvir um ressonar alto no quarto.

As palavras ecoavam forte na mente do Winchester mais velho. "Nós, anjos, não podemos amar, Dean. É impossível sentirmos amor."
Castiel o olhava sem emoção alguma, parecia até mesmo um robô.

- Espere, Cas. E-eu...

Castiel virou de costas para o loiro, sem qualquer sinal de afeto.

- Não, Dean. Mesmo que anjos pudessem amar, você acha que é digno do amor de um ser celestial? Você sequer é amado por um humano. Você é patético.

Ao vê-lo desaparecer depois dessas palavras cruéis, o coração do caçador começou a acelerar descontroladamente, e logo acordou.
Suspirou aliviado por ter sido um sonho, mas parecia real; como uma previsão.
O Castiel do sonho não estava totalmente errado; então, tecnicamente, era questão de tempo até que a cena ocorresse realmente.

- Dean? - Castiel chamou, um pouco incerto ao ver o caçador se sentando, com algumas gotas de suor escorrendo pelo rosto.

Dean estava sem camisa; Castiel desviou o olhar para Sam, para não ficar olhando demais para o corpo do loiro.
Alguma coisa no Winchester mais velho estava estranha, isso já há algum tempo; Castiel não sabia como reagir. Às vezes recorria ao sumiço, sem dar nenhuma explicação para os irmãos.

- Cas? - perguntou enquanto coçava os olhos, sem acreditar que o anjo de fato estava ali.

Dean sentiu algo crescer dentro de seu peito; talvez fosse a saudade sendo extinta, lhe causando essa sensação relaxante. Ou poderia ser outra coisa. De qualquer forma, Dean não assumiria isso em voz alta.
Sua única preocupação no momento era saber por quanto tempo o anjo estava ali, e o motivo de sua presença.

- Eaí? - Constrangido, deu de ombros sem saber como iniciar uma conversa, sem saber se o anjo entrara em sua mente enquanto sonhava.

- As coisas estão calmas - respondeu sem ao saber ao certo se era isso o que ele perguntava; levantou-se, passando as mãos no casaco, e depois as colocou nos bolsos. - Me desculpe por incomodar.

Ele sabia como Dean se sentia ao ser observado enquanto dormia, mas não podia evitar.
Castiel voltou a olhar para Dean, mas fixamente em seus olhos; gostava daquela cor. Não era verde como as árvores ou florestas, obras do Pai, mas sim como águas cristalinas das paisagens mais belas do mundo, como vira num postal. Mas não, nem aquilo poderia se comparar aos olhos do Winchester. Ele não sabia explicar o motivo, mas aqueles olhos o mantinham num certo transe.
No momento em que fizeram contato visual, Dean se perdeu naquela imensidão divina de tom azul que são os olhos de Castiel. E não apenas divina por Castiel ser um anjo, criação de Deus; mas porque seus olhos são algo muito superior a qualquer coisa humana.

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