Capítulo - 10

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Continuação...
  (MARCELA )

Desta vez não, só temos sexo, não tem mais sentimento de carinho, de preocupação. É tudo físico, o perfume doce e presente, o toque que há cinco anos me cativou em todas as noites em que nos envolvemos, mas e o resto? De olhos fechados a beijando lentamente, só se passa isso tudo em minha cabeça. Sinto sua boca tão quente que o frio já não importava, estávamos pegando fogo. Um silêncio soava pela casa, só se ouvia o barulho de nossos lábios de desgrudando e grudando novamente, sua respiração estava começando a aumentar, ficando cada vez mais forte, mais ofegante. Eu era fraca demais, não era fácil ficar sozinha naquele tamanho de casa sem ninguém, era muito difícil me conter quando se tinha alguém batendo bem na minha porta se entregando. Não dava para ganhar de Denise ! Eu estava destruída por dentro, completamente, mas como agir nessas horas? Aperto-a forte pensando.
— Ah você não quer, mas me apertando assim está me deixando louca.
— Denise não dá!
        Ela ignora tirando seu vestido e se enfiando por dentro da coberta junto a mim. Em meu colo, segura meus cabelos com suas mãos e esfrega os seios em minha cara. Puta merda, que castigo!
— Me chupa, preciso sentir essa boca em mim.
       Diz ela colocando suas duas mãos em meu rosto e esfregando seus seios em minha boca, de um lado para o outro pincelo minha língua, eu já não sei mais o que fazer. Já estávamos ali, era absurdamente difícil me conter. Aperto com força sua bunda e dou um tapa forte, ela solta um gemido arqueando sua cabeça e a vejo colocar sua calcinha de lado.
— Você não vai fazer isso...
— Xii, eu quero ver no seu olhar que ainda não tem desejo por mim.
— Denise...
      Minha voz sai enfraquecida, observo-a se tocar me olhando, ela morde os lábios devagar e faz caras e bocas. Tento encostar em seu corpo, mas ela segura uma de minhas mãos sob a costa do sofá e invade minha boca com sua língua. Nos beijamos mais forte e com mais desejo, ali eu já jogo a toalha e me entrego, não tem como me conter com essa cena. Já estava tudo perdido. Sinto-a descer e abrir minha calça, dou um suspiro contínuo fechando meus olhos e retiro-a ficando apenas de calcinha. Ela desabotoa minha blusa e a deixa aberta, nos encaramos intensamente e com um sorriso malicioso ela desce com sua língua lentamente, passeando pela minha barriga, cintura... E com selinhos doces ameaça uma chupada, dou um espasmo fraco e tento me conter. Ela sorri novamente mordendo os lábios e inicia uma chupada constante. Seguro com uma de minhas mãos seu cabelo e com a outra faço um tipo de nó, para não atrapalhar sua performance no ato. Ela me chupa gemendo e isso acaba comigo. Reviro meus olhos já com muito prazer e soco sua cabeça delicadamente em movimentos de vai e vem, é delicioso, sinto completamente sua língua passear rapidamente e sair, me contorço e aviso que estou quase gozando. Naquele ápice em que estou sinto ela sair rapidamente, limpando seus lábios. O quê? Não acredito !
— Foi por pouco.
Ela diz em tom sarcástico e me dá um selinho pegando suas peças de roupas. Olho para seu rosto sem entender.
— É sério isso?
Digo fechando minha blusa, mas ela não responde, apenas coloca seu vestido, ajeita seus cabelos em forma de coque e retira sua calcinha jogando em mim. — Denise ?
— Pensa bem o que você quer, depois você fala comigo.
Ela diz aquilo pegando as chaves de seu carro e abrindo a porta de saída. Me enrolo rapidamente na coberta na parte debaixo e vou até a porta.
— Volta aqui!
— Eu volto, quando realmente estiver certa das suas decisões.
— Você está de brincadeira comigo né ?
Com o sangue fervendo nem percebo que saio da porta enrolada numa cena totalmente ridícula e vou até seu carro. Ela fica parada na porta me olhando e sorrindo. — Você se acha superior até mesmo nisso? Vem na minha casa querendo transar e acha mesmo que vou correr pros teus braços de novo? É só sexo Denise! Não tem mais amor e nem sentimento...
Mal completo a frase e ela gruda suas unhas prensando meu maxilar com raiva.
— Escuta aqui Marcela, se eu souber que alguma vagabunda entrou nessa casa eu vou fazer o inferno na vida dela e sua. Se não me amasse não abriria nem a porta pra eu entrar ou então me deixaria encostar em você. Uma hora você cansa desse papel de teatro barato que faz fingindo que não me quer mais, enquanto isso vou te dando tempo, quando eu achar que devo voltar voltarei e você só vai ceder como sempre faz porque sabe que o sentimento é muito além de só uma transa.
— Você é ridícula! Retiro suas mãos de meu rosto e seguro firme em seu pulso encarando-a. — Apareça na minha casa outra vez que irá ver quem aqui abre a porta pra você entrar.
— Não preciso ser convidada, já tenho todas as chaves. E cai entre nós Má, se realmente não esperasse por mim já teria trocado as fechaduras faz tempo.
— Tenho ódio de você! Nojo.
— Sério? Não foi isso que eu ouvi quando estava quase gozando na minha boca. Até breve Marcela, coloque essa cabecinha neurótica pra relaxar.
Fecho meus olhos segurando e engolindo todo o ódio que habita em mim, ela bate a porta de seu carro e o acelera sumindo pelas ruas. Fico me sentindo completamente ridícula naquela cena no meio da calçada. Com uma de minhas mãos segurando a coberta e com a outra em minha testa escuto uma voz vindo de perto.
— Bom dia Marcela.
— Oi Lauren, meu Deus que horas são ?
— Acho que vai dar dez horas.
— Dez horas ??? Meu Deus !
Corro para dentro de casa novamente e com pressa coloco minhas roupas ali na sala mesmo, Lauren me olha sem entender nada com as mãos cruzadas e me ajuda pegando meu jaleco.
— Você se atrasou ? Vai chover, você sempre chega na hora.
         Ela diz entre risos.
— É uma longa história, quando eu chegar te conto tudo em detalhes.
Pego minhas chaves e dirijo-me para o restaurante, mais um dia se repetindo outra vez, odeio me atrasar, não sabia mais o que estava acontecendo comigo. Acelero meu carro numa rapidez que nem eu mesma acredito, chego virando-o contudo e com uma leve cantada de pneu estaciono perfeitamente em frente. Desço me cobrindo com o jaleco e observo alguns clientes já posicionados sob algumas mesas. Caminho até o balcão e vejo Albert com uma cara um pouco estranha.
— Bom dia Marcela.
— Bom dia Bert, onde está Keven?
— Lá dentro. Ele não está num dia muito bom então já sabe.
      Reviro meus olhos e caminho até a cozinha, estão todos trabalhando rápido, a mise en place já está posta sob a mesa. Tudo funcionando normalmente. Coloco minha doma e verifico as panelas que irão preparar as demais receitas.
— Essa panela é pequena, pegue a outra. E você por favor, quantas vezes já disse sobre essa mecha de cabelo aparecendo ?
— A você está aí!
      Keven caminha até mim com as mãos na cintura e com um tom sarcástico que não é de meu agrado.
— Sim, tive alguns imprevistos, não consegui vir mais cedo.
— Sim claro, vamos lá no escritório ?
       Ele diz aquilo apontando para a porta e franzo  minha testa com um ar de desentendimento, mas apenas aceno com a cabeça em aprovação e seguimos para o local. Todos os funcionários naquele momento nos olham de canto, pois fica nítido que algo está acontecendo, mas continuam fazendo seus afazeres disfarçadamente. Era estranho tudo aquilo já que só ficávamos no escritório para resolver assuntos familiares ou sobre algum empregado que de fato estivesse dando algum trabalho.  Ao chegarmos no local reservado entro primeiro e Keven já fecha a porta mandando eu me sentar.
— Fala logo o que houve ? Já estou ficando preocupada.
     Digo aquilo me sentando e o vendo inquieto e irritado.
— Marcela, o que está acontecendo com você ?
— O quê? Não estou entendendo o motivo desse questionamento.
— Você acha que tem algum estúpido aqui dentro? Até quando você vai ficar brincando de casinha por aí e levar a sério esse restaurante ?
      Olho para seu rosto não acreditando no que ouço, com uma de minhas mãos apoiadas em meu queixo dou um riso.
— Vem cá você pensa que está falando com quem? Com o Albert de dezoito anos?
— Não, mas parece que você tem metade da idade dele agindo do jeito que está desde que rompeu com aquela garota !
— Você nem faz ideia do que eu passei pra me falar uma coisa dessas !
— Eu não quero saber da sua vida pessoal Marcela! Quero que você cumpra o que jurou no caixão da vovó no dia daquele maldito velório!
— Você não ouse falar o nome dela nessa discussão!
       Levanto-me batendo minhas mãos sob a mesa e levantando meu tom de voz.
— O que deu em você ? Faz dias que vem de ressaca, atrasada, não fica nem uma hora e sai de novo e deixa tudo nas minhas costas pra resolver!
— Keven, vai se foder ! Por quantos anos eu cuidei desse restaurante enquanto você vivia aquela merda de aventura com sua mulher, sonhando com uma droga de bar e tudo isso por ganância de mostrar que também podia fazer um negócio de sucesso.
— Ganância, você é uma ridícula!
— Não. Foi ganância sim! Porque só depois que assumimos aqui e viu que não ficaria só para você, que começou com essa ideia de merda, se afastou de tudo e todos e só voltou ficar presente quando a vovó estava morrendo numa cama de hospital. Aí foi fácil jurar pra ela que daria o sangue aqui, mas quem fez tudo esse tempo todo foi eu ! A merda da minha vida nunca andou, porque só vivia e respirava tempero e fumaça. E você onde estava ? Numa droga de conferência estudando harmonização de bebidas, tudo pela fama, tudo pelo nome!
— E você fez o que de diferente nesse tempo todo?
      Naquele momento Keven é interrompido no meio de sua frase por Albert que abre a porta rapidamente.
— O que está acontecendo aqui? Da pra ouvir do corredor essa gritaria. Vocês querem que os clientes ou os cozinheiros escutem?
— Sua irmã, você já sabe muito bem o assunto que eu tinha pra resolver.
— Nossa então os dois conversaram? Que impressionante. Eu não sou funcionária ou empregada de nenhum de vocês dois e faço o que eu bem entender aqui! Se você não está contente, volta para aquela sua vidinha medíocre em Boston e fica brincando de misturar bebida uma na outra, quem sabe não faz o sucesso com o que tanto almejou e some pra bem longe daqui!
— Você não passa de uma cópia barata e fracassada do papai. A diferença foi que ele soube parar e aceitou a incompetência.
— Como é ?
       Naquela hora avanço para cima de Keven, mas Albert me segura pela cintura e não vejo outra coisa sem ser sua face me olhando com ironias. 
— Marcela para com isso, sai daqui Keven! Some daqui.
       Diz Albert lutando para me segurar, desesperado.
— Segura essa desequilibrada que eu tenho mais o que fazer. Quando sair do maternal voltamos a conversar.
— Você é um bosta e totalmente baixo usando esse tipo de argumento e o pior de tudo, fazendo comparações com sangue do seu sangue. Deixando e humilhando seu próprio pai!
      Digo aquilo apontando o dedo quase que em sua cara, Albert por mais que tentasse me segurar não conseguia. Se eu realmente quisesse arrebentar a cara de Keven já estaríamos rolando no chão. Mas soube me controlar. Ele se afasta andando para perto da porta e ajeita seus cabelos para trás.
— Eu do contrário de vocês dois falo o que tem que ser falado, não prometo coisas que não consigo cumprir e muito menos fico dando cordas pra quem sai dando pra rua inteira pra depois ser taxado de corno. Você quer falar de como ser baixo? Então porque ainda continua recebendo sua ex mulher na sua casa? Ou vai me dizer que voltaram pela décima vez? Você é uma menina num corpo de uma mulher que só criou cascas por fora. Aprende a se valorizar pra depois valorizar o que é de grande valor pra nossa família.
        Ele bate a porta e me deixa falando sozinha com Albert, não acredito mais uma vez no que escuto e fico inconformada com toda aquela discussão. Fico completamente sem reação e tudo que faço é me sentar.
— Não ligue pra isso, ele bebeu.
— O quê? Não acredito que começou com isso de novo.
— Foi apenas hoje, ele se estressou com você, disse que mandou mensagem até para a Melanie e ela também não sabia onde você estava, mas falou que te mandaria uma mensagem. Mas você sumiu. Até eu te mandei.
— Eu nem vi meu celular, ele pensa o quê? Que sou obrigada a responder no horário que ele quer as coisas ? Ele é um merda !
— Marcela o Gael não está legal, ele foi chamado pra ir novamente fazer outra sessão pra ver se o câncer não voltou.
— Quê? Ele já tinha se curado e terminado a quimioterapia.
— Mas voltou, em outro lugar. Ele vai ter que começar tudo outra vez.

Sob seu caminho  ( Lésbico )  +🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora