— Esta aula de hoje foi uma chatice — comenta Chia, quando saímos da parte Norte do primeiro andar da mansão, pouco mais de duas horas depois.
Forço uma risada.
— Eu também não sou muito de falar sobre armas dos séculos anteriores ao Declínio — anuo em concordância, mesmo que meus pensamentos sigam sendo direcionados à belíssima adaga que Giulia revelou. — Mas acho que deve haver um motivo para nós termos ouvido sobre elas hoje, não acha? Por mais chato que tenha sido ouvir falar sobre como as armas do século passado eram diferentes.
— Ah, e não se esqueça de como é importante saber escolher uma — adiciona, rindo.
— Como se fôssemos treinar para usá-las, não é?
Chia sorri e dá de ombros, sem se importar em continuar o assunto. Nosso silêncio é mais confortável do que os de antes do meu ataque, no banheiro, e eu espero que fiquemos bem. Não sei o quão difícil seria ficar sem Chia.
Ainda temos dificuldades em cruzar toda a linha da Ala Norte, mesmo que não tenhamos que sair do andar térreo do prédio. Bufo com a chata tarefa de ter que passar uma hora com a Srta. Olívia, falando sobre canalizarmos nossas emoções para encontrarmos o que há dentro de nós, mesmo tendo enrolado um pouco na sala de Giulia para adiar o inadiável.
Acreditava que Sam tivesse me tirado dessa tarefa boba.
— Demoraram — acusa Frida, com uma careta, quando chegamos à sala certa. — Vamos.
— O que está fazendo? — Questiono quando ela agarra um de meus braços e um de Chia, puxando-nos na direção contrária. — Temos que ir para a sala e você tem que ir para seu treinamento. Fiz um trato com Sam.
— Estamos liberadas por essa hora de nossas atividades comuns para ajudar a própria — explica Frida, sem parar com os passos ligeiros.
— E desde quando você se importa com o cumprimento de normas e regras? — Acrescenta Chia, colocando-me em modo de defesa. Mas não vejo acidez em seu tom, por isso levo na brincadeira.
— Nós duas, não é?
Ela sorri com tristeza e segue acompanhando-nos.
— Quietas — ordena Frida, com voz dura. — Não é hora para brincadeiras.
Chia também fica espantada com a brusquidão da repreensão de Frida, que costuma ser a menos séria entre nós. A garota está sem seu ar brincalhão natural, além de calada. Sua mania de mexer nos cabelos parece ter sido bem usada hoje; os cachinhos do cabelo afro estão uma bagunça total.
A porta da biblioteca está aberta, indicando uma entrada, mas passamos reto por ela.
— Onde estamos indo?
Frida não me responde, forçando-nos com um incitar firme a subir uma escada estreita que eu não sabia ter deste lado da mansão. A Ala Leste não é um espaço que conhecemos, por não podermos andar por essas bandas. Mesmo os garotos, cujos dormitórios ficam nesta Ala, são proibidos de seguir para o extremo dela. Uma parte do Sul, de igual forma, é proibida.
Não digo uma única palavra ao ser empurrada para dentro de uma sala apertada que serve de armário de materiais de limpeza, soltando um simples muxoxo como oposição.
— Achamos que não viriam mais.
Estou surpresa por encontrar Daniel, Kashka e Arthur nos aguardando na salinha minúscula, posicionados distantes um do outro, entre vassouras, baldes e produtos de diferentes cheiros, fortes e incômodos, que me fazem coçar o nariz sem parar.
— Frida, você disse que iríamos ajudar Samantha — fala Chia, como que lendo meus pensamentos.
— Precisamos ir rápido — acelera Arthur.
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Artefatos de Sangue
Paranormal"Eu nunca quis ser parte disso. Nunca quis fazer parte dessa guerra. Nunca quis ter que escolher um lado. Mas, por eles, e por mim, eu finalmente queria tentar". Embarque nessa aventura, afogue-se nessa história enigmática e envolva-se num mundo de...