Capítulo 42 - Parte Dois

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— Isso não é possível!

A exclamação de Frida ecoa na biblioteca.

— Eu sei que é difícil de acreditar, mas temos uma ajuda agora — rebate Sam, acenando para que Frida se sente novamente.

— Como é que essa pessoa descobriu que precisamos de ajuda?

Sam me olha, com a boca entreaberta, como se pensando no que dizer. Assim como me pediu, eu não falei nada sobre as coisas que Astrid contou. De acordo com Samuel, o ideal é que nada relacionado ao enigma seja conversado pelos próximos dias, pois não há segurança acerca dos ouvidos escondidos pelas fendas nas paredes; Samuel não admitiu que essa frase era uma indireta a respeito de nossa descoberta clandestina sobre a presença de Lorenzo na Reserva, dias atrás.

Alguém ouviu comentários acerca de nossa missão para encontrar os pedaços do enigma, na intenção de proteger nosso povo — diz Neena, tomando a frente de Sam. — A Rainha é uma mulher de interesses, e se dermos o que ela pede, ela manterá sua palavra sobre nos ajudar em nossa busca.

— Rainha?! — Indaga Chia, fazendo careta. — Isso não faz o mínimo sentido. Que... Qual rainha?

— Não qual rainha, menina. — Chia vira-se para Neena, que a repreendeu. — A Rainha. Ela é um dos seres mais... Extravagantes do Submundo.

— Deve ser a idade — cantarola Victoria, sorrindo com dissimulação ao ser encarada por Sam com dureza. — O quê?

— Um dos mais extravagantes e também um dos mais poderosos — diz Harry.

— Harry tem razão — reafirma August. — A Rainha é uma mulher um tanto... Extravagante. Contudo, sua conduta habitual é ser discreta em seus acordos com os seres do submundo. Ela é uma criatura muito poderosa. Retém grande conhecimento, o qual é acessado por uma parcela muito ínfima de seres, sejam eles humanos ou não. Se ela se colocou à disposição para ajudar-nos, não podemos descartar a hipótese de que estejamos em uma situação ainda mais delicada do que o esperado. Rechaçar sua oferta em um momento como esse, com tanto em jogo, com Arthur no jogo, seria tolice.

— Ela ouviu isso de alguém? — Kashka pergunta, com o cenho franzido. — Como assim?

— Achei que isso era privado — concorda Chiara.

— Decidi ouvir Astrid — explica Sam, sentando-se ao lado de Neena, que brinca com uma espécie de faca, a qual não vejo com clareza. — Quando entrei em contato com a Rainha, ela já sabia de muitas coisas. Ela possui olhos e ouvidos em todo lugar, portanto, conseguindo seu auxílio, teríamos mais chances de sucesso. E foi a escolha mais acertada. Ela nos deu umas quantas informações importantes e, quando entrei em contato, obtive muitos esclarecimentos sobre coisas que sequer imaginávamos.

— A Rainha já viveu muito, mais até do que nós podemos imaginar — interfere Samuel. — Ela não é do tipo que oferece seu apoio a qualquer um, e prefere evitar confrontos diretos. Embora seja uma vencedora, pois raramente esteve do lado perdedor da guerra.

— Se é assim mesmo, quer dizer que é um risco confiar nela — é minha resposta. — Ela deve ter um interesse nisso tudo, se está querendo ajudar.

— É surpreendente, de fato — reconhece Sam. — Mas não impossível. Ela tem suas razões, sim, mas nada como que vocês devam se preocupar. Contanto que consigamos cumprir esta tarefa, teremos o apoio da Rainha no que mais for necessário.

— E você confia nesta Rainha, Sam? — Questiono, com igual desconfiança. — Ela é confiável o suficiente para seguirmos suas instruções em algo tão crucial?

Artefatos de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora