Capítulo 1 - Prólogo

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-- Ranya ! EU NÃO VOU REPITIR, ACORDA AGORA!

E é assim que eu começo o meu dia, com maravilhosos gritos da minha mãe. E pelo tom da voz, essa não deve ser a primeira vez que ela grita. Então, com medo da minha queridíssima mãe maluca entrar no quarto e me tacar um balde de água gelada, eu levanto da cama e vou para o banheiro. Assim que tranco a porta, escuto minha mãe entrando como uma águia, gritando:


-- Ranya! EU TÔ FALANDO SÉRIO, ACORDA AGORA!


Depois saio perguntando e provocando a mulher que me deu a luz:


-- Oxi?! Achava que você não ia repetir.


E no mesmo momento ela me deu um cascudo doloroso enquanto gritava:


-- PRIMEIRO: EU SOU SUA MÃE E NÃO UMA DAS SUAS PARICEIRAS! ENTÃO VC TEM QUE ME TRATAR COM RESPEITO! SEGUNDO: VOCÊ NÃO ME PROVOCA DE MANHÃ PORQUE SE NÃO VOU ARRANCAR SUAS ORELHAS!


No momento seguinte ela saiu do quarto e começou a fazer aquelas vozes fofinhas enquanto abraçava o gato, a única coisa que eu pensava era "Por que ela não me trata desse jeito?" Mas já me fiz essas perguntas tantas vezes que se me lembrar da resposta fico deprimida.


Quando termino de me arrumar para ir para a escola e saio do quarto escuto meus pais tendo sua briga matinal, ou melhor minha mãe gritando enquanto meu pai apenas escuta tomando seu café com torradas.


-- VOCÊ FICA MIMANDO ESSA GAROTA, POR ISSO ELA ME TRATA DESSE JEITO! Parece que ela não tem respeito pela própria mãe!


Minha mãe como já percebeu é uma ótima "drama queen", e as vezes ela me faz me sentir como a pior filha do mundo! Mas meu pai sempre entra pra me defender.


-- Pelo amor do santo Deus Esperançam, ela é sua filha porquê você pega tanto no pé dela? Até parece que você nuca foi adolescente.


Meu pai é pastor, e sempre foi muito respeitado por todas as pessoas do bairro que conhecem ele, claro por todos menos por mim que adoro fazer piadas com sua calvície. Meu pai mesmo sendo pastor, sempre me deu muita liberdade, tanto para fazer minhas próprias escolhas de vida, quanto para fazer brincadeiras. Ele sempre dizia que antes de ser meu pai, era meu amigo. Nos damos muito bem, somos uma "dupla de lendas", e sempre nos entendemos. E como eu sou a única menina entre 3 irmãos, eu sou a garotinha do papai. Por isso minha mãe sempre falou que eu nasci com a personalidade do meu pai.


-- Sim já fui, mas Valério...—minha mãe tentou dizer alguma coisa antes de ser interrompida.


-- PELO AMOR DE DEUS MÃE! Não tem como parar de gritar um pouquinho? São 6:30 da manhã. – Meu irmão mais velho entrou erguendo as mãos pra cima.


-- Olha o tom! – meu pai sempre alerta sobre o tom grosso que meu irmão usa sempre que fala.


Meu pai e meu irmão mais velho não tem uma relação muito boa. Em todas as famílias sempre tem uma pessoa onde os pais depositam todas as suas esperanças, sonhos e tals, e esse era o meu irmão Tomás. Ele sempre tirava as melhores notas, era o representante de classe, tirou uma boa nota no ENEM, mas quando completou 20 anos, não aquentou mais a pressão que meus pais colocavam sobre ele, então começou a se envolver com as pessoas erradas e começou a consumir drogas. Depois de uns meses, quando aconteceu um acidente e meu pai descobriu sobre seus vícios. E atualmente faz uns 10 meses que ele está limpo.

Família em ProblemasWhere stories live. Discover now