Memórias

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Perdão pela demora, ando ocupada esses dias. Mas chegamos ao último capítulo e eu quero agradecer a todos que leram. Obrigada de verdade. E até uma próxima história. 😊




Havia se passado algum tempo desde o desentendimento de Mile e Apo no regional. No meio de toda aquela adrenalina, Apo, mesmo agora estando na mesma cidade, ainda estava sem manter contato com Mile, e sentia a falta dele, mas a patinação artística estava em primeiro lugar para si. A mesma coisa para Mile. Ele também estava treinando mais do que o normal para o nacional, tendo conseguido, quase por sorte, passar pela classificatória regional competindo em outro estado, como havia planejado. Precisava admitir que boa parte do seu medo era porque encontraria Apo em meio às competições e não porque estava prestes a participar de um dos eventos mais importantes da sua vida.

O namoro deles não acabou bem, e ambos achavam que precisavam colocar um ponto final naquilo, ter uma conversa, resolver o que estava pendente, para que pudessem seguir em frente ou, na melhor das hipóteses, voltarem a namorar, porque ainda gostavam um do outro. Depois que a fase das competições acabasse, tudo poderia voltar a ser como era antes. O problema era que não tinham conseguido tempo para conversar em meio a tantos treinos e Apo não sabia se Mile queria a mesma coisa que ele. Esperava que pudessem se encontrar logo.

Não que chegar ao nacional tivesse sido a coisa mais fácil do mundo, mas os patinadores que estavam ali não eram tão bons como Apo ou Mile. Eles eram mesmo quase profissionais, como Liara sempre dizia. Apo estava confiante agora, mais maduro também, desempenhando saltos e giros incríveis. Mile, por sua vez, fez um juramento a si mesmo para nunca mais perder para alguém, pelo menos não de propósito, como aconteceu no regional quando fingiu o desequilíbrio e deu a sua vaga de bandeja para Apo.

O momento da apresentação se aproximava e Mile seria um dos últimos a competir, aproveitando o espaço de tempo para tentar a todo custo não encontrar com Apo e gerar algum tipo de desconforto ou terem algum desentendimento antes de competirem. Ele queria dar o seu melhor e esperava que Apo fizesse o mesmo. Precisavam ficar entre os cinco melhores no nacional para se classificarem para os jogos olímpicos.

Enquanto Apo se posicionava no gelo, Mile o observava da arquibancada, quase que boquiaberto com a beleza que esbanjava no figurino. A música que Apo apresentou em seu programa tinha tema de inverno, apesar de ser alegre e com partes agitadas. O seu cabelo estava da cor do seu figurino, que tinha pedrarias coladas em forma de floco de neve. Às vezes Mile esquecia de respirar.

— É difícil acreditar no quanto ele evoluiu em tão pouco tempo — disse Liara. Ela se sentou ao lado de Mile em uma das primeiras filas da arquibancada.

— Ele tinha aquele trauma por ter caído em uma apresentação, mas pelo que tô vendo, ele se recuperou completamente.

— Vocês estão bem?

— Não — Mile respondeu, sem hesitar, e sem tirar os olhos do gelo.

— Não adiem essa conversa por muito tempo. A nossa equipe é como uma família, você sabe, se os membros não estiverem bem uns com os outros, todos ficam abalados.

— Eu sei. Vamos resolver isso em breve. Eu espero.

Mile não queria pensar naquelas coisas agora. O que mais queria era ver o quanto Apo parecia outra pessoa enquanto patinava. Era como se nada conseguisse tirar o seu foco. O resultado dos treinos extras e toda a sua dedicação podiam ser percebidas, além dos movimentos precisos, também em seus músculos, que agora estavam maiores e mais definidos, ficando marcados na roupa clara. Durante a apresentação de Mile, Apo também o observou, estando agora em pé ao lado da pista.

Quebrando o GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora