In the Name Of Love

capítulo 4

Povs Camila Cabello 

ㅡ Mila, vamos logo comer, estou com fome.- Alessia reclamou pois a aula havia acabado mas eu estava acabando o trabalho que a professora passou. 

ㅡ Espere um segundo, eu já estou acabando, Less.- Eu pedi respondendo a penúltima questão e quando acabei, não tardei em ler a última questão, percebendo que eu já sabia a resposta e aproveitei logo para acabar com aquilo.  

Óbvio que não demorou um segundo, foi pelo menos uns cinco minutos, mas de toda forma foi rápido. Quando eu acabei, Alessia me ajudou a arrumar o material para enfim sair do pátio da escola e ir embora almoçar em uma lanchonete que tinha ali.  

Nós comemos enquanto conversávamos de como havia sido nossa manhã, de como o professor Matthew babava por mim e de como nosso amigo Shawn estava apaixonado por mim, mas aquilo era completamente irrelevante para mim, pois eu não gostava de homens nem nos meus sonhos. 

ㅡ Eu não quero conversar mais sobre isso, Alessia.- Eu comentei após tomar um pouco de suco natural. Eu já estava satisfeita. 

ㅡ Eu imaginei que não, você está com esse olhar apaixonado, tenho certeza que está pensando na sua namorada.- Ela supôs e eu não tinha como negar aquilo, Lauren sempre estava presente nos meus pensamentos. 

ㅡ Não tem um segundo que eu não pense nela, amiga.- Confessei tentando conter o rosto bobo que queria nascer no meu rosto. 

ㅡ Eu sabia.- Ela bebeu um pouco do suco dela para prosseguir.ㅡ Você já contou a ela sobre…?- Ela deixou no ar e eu entendi no mesmo segundo que ela estava falando sobre meu lado pequena.

ㅡ Não, Alessia.- lamentei. Ainda faltava coragem. 

Alessia era a minha melhor amiga desde a infância, Alessia sabia tudo sobre mim e eu sobre ela. Nossa amizade era a base de respeito, confiança e honestidade. Conforme fomos crescendo e amadurecendo, nosso vínculo foi se fortalecendo e hoje eu confiava a ela a minha própria vida. 

 Nossa amizade ficou um fio de se acabar quando iniciei meu tratamento hormonal. Foi o único período que ficamos distantes e só nos víamos no colégio, mas em minha defesa, eu fiquei com receio de ser julgada, fiquei com medo dela contar aos meus pais pois eu só tinha 14 anos, estava confusa sobre muita coisa mas nunca sobre quem eu era. Acabei me isolando por puro medo.  

 Um ano depois que havia iniciado o tratamento, Alessia me colocou contra a parede e exigiu explicações. Nós só nos falávamos no colégio, não íamos brincar na rua, não íamos mais tomar sorvete e as idas lá em casa havia acabado, da mesma forma que eu não ia mais na casa dela. Ela estava sentindo falta de mim, do amigo dela, do Cameron, mas não entendia porque eu havia me afastado. Ela chegou a cogitar que eu havia me apaixonado por ela, foi a única coisa plausível que ela havia conseguido pensar. 

E então, eu não tive outra saída a não ser contar a verdade. Eu já havia conversado sobre isso com minha psicóloga, perguntei o que fazer nessa situação, pois eu queria ser sincera mas tinha medo, e então a minha psicóloga disse "a reação dela, seja boa ou ruim é exclusivamente opinião dela e não mudará quem você é, se ela não respeitar você, ela não é sua amiga e isso é o suficiente para saber o que fazer diante dessa situação.". 

Eu contei, fui sincera e para minha surpresa, ela ficou, me respeitou e me amou mais do que me amava antes. Nossa amizade se fortaleceu de um jeito que eu soube que nunca teria uma amizade como a dela outra vez. E um mês depois de eu me libertar pra ela, eu contei sobre meu lado little que havia desenvolvido no mesmo período que iniciei o tratamento hormonal. Alessia ficou surpresa, foi estranho pois ela associou a inúmeros fatores que levariam alguém a ser preso por gostar daquilo, mas eu expliquei que não tinha a ver com crime nenhum. Eu gostava de agir do meu jeito infantil, mas eu não era uma criança e jamais alguém iria me ver como uma criança. Eu era uma jovem prestes a completar dezoito anos e que tinha gostos pessoais peculiares. Eu queria que alguém cuidasse de mim, me tratasse com cuidado, com fragilidade, que me mimasse, que me colocasse para dormir, que tivesse paciência comigo quando eu fizesse manha, quando eu fizesse bico, quando eu fosse pequena… Eu só queria alguém que pudesse me proporcionar essas coisas sem julgamento, não tinha mal algum nisso. Até Alessia entender, eu cansei muito para explicar.