18 - Sonho

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GIZELLY

"Acordei no meio da noite ouvindo uns burburinhos estranhos. Era uma mistura de gemidos femininos e grunhindos masculino. Meu coração acelerou ao reconhecer um dos gemidos. Sentei na cama e percebi que estava no quarto de hotel, aquele mesmo hotel em São Paulo, logo após o casamento de Manu.

Olhei para o lado, e vi Sofia dormindo tranquilamente entre Victória e eu.

Suspirei passando a mão em meu rosto, tentando me situar do que estava acontecendo. Foi aí que eu me lembrei que eu havia deixado Rafaella no andar de cima, em seu quarto, logo após ter tocado nela de maneira libidinosa. Levantei com calma e calcei meu chinelo nos pés da cama. Além de gemidos e ofegadas, eu conseguia ouvir os pés da cama do andar de cima, arrastando no chão. Ou melhor, no teto em minha cabeça.

Saí do quarto de forma sorrateira e segui para o elevador. Os barulhos agora abafaram, mas não os deixei de ouvir. Quando o elevador parou no andar de cima, os burburinhos intensificaram. Ficava cada vez mais alto, conforme eu seguia atrás deles com meus ouvidos atentos e coração na mão.

A porta do quarto de Rafaella estava entreaberta, e eu via através da fresta, as sombras das movimentações pelo cômodo.

Me aproximei ainda mais, lento, quase parando, e me permiti tocar na maçaneta da porta. A empurrei de vagar e a cada segundo, minha respiração ficava mais apertada.

Quando terminei de abrir a porta toda, vi a cena de cortar qualquer coração.

Léo sentado na cama e Rafaella em sua frente, entre suas pernas, de costa para ele. As mãos dele tocavam seus ombros e braços, e sua boca distribuia beijos sutis em seu pescoço. Ambos nus. Ela retirou os cabelos dos ombros, jogando-os para o outro, oferecendo o espaço para os beijos dele. E assim que ela subiu seu olhar para a porta, me viu parada bem ali.

Sem expressão alguma em seu rosto, virou o pescoço para trás, alcançando os lábios dele com os seus.

Foram alguns segundos de tortura para mim, enquanto eu via aquela cena atônita no lugar.

- Te amo!- Foi o que ela sussurrou para ele, assim que encerrou o beijo.

Esfreguei meus olhos que arderam ao formar lágrimas, e os dois já não estavam mais ali. Porém, vi uma movimentação na varanda. Foi aí que a cortina se abriu, e a vi com Bárbara. As duas de amassos e abraços com mãos bobas. E assim que as bocas se encontraram em um beijo extremamente sensual, Rafaella me encarou por cima do ombro de sua amiga, ainda beijando a mesma.

Quando o beijo terminou, elas se olharam de forma intensa e mais uma vez Rafaella se declarou.

- Te amo!-"

Acordei no susto, me sentando como um rompante em minha cama. Minha respiração estava pesada demais, chegava doer o peito. Olhei as horas e marcavam três da manhã.

Três da manhã de terça-feira. E desde então, não consegui tirar esse sonho da cabeça.

****

A semana foi difícil para mim depois disso. Eu já não aguentava mais ter flashes do sonho toda vez que pensava em Rafaella, e com isso, consequentemente gatilhou alguns ciúmes. Eu não conseguia nem dirigir a palavra à ela.

E isso está me matando.

Na quarta-feira à noite, resolvi chamar Paulinho para jantar. Conversei com ele sobre o que anda acontecendo comigo e sobre o sonho também. Ele me aconselhou a conversar com a mãe da minha filha sobre tudo que estou sentindo, ou que voltei a sentir por ela. Me aconselhou também a tentar esquecer o sonho.

Duas garotas, Um encontro! 2Onde histórias criam vida. Descubra agora