Capítulo 3

28 5 7
                                    

Elizabeth

Reino Oeste 
Ragnar

Já faziam cinco dias e Louise ainda não despertará desde que a encontramos inconsciente, caída no meio do convés, com os lábios pálidos e a pele pegajosa tremendamente fria. 

Havíamos feito todo o percurso de retorno a Ragnar tentando conter a febre que lhe causava tremores e murmúrios sem sentido. Ela estava delirando por quase três noites, até que a temperatura alta finalmente cedeu. No entanto,  ao que parece, nada é capaz de acordá-la. Louise permanece em sua cama, imóvel como uma moribunda. Ao menos sua coloração acinzentada havia diminuído e aos poucos o rubor voltava a seus lábios. 

Mamãe voltara correndo de Irigar ao receber a notícia de sua doença misteriosa. Preocupadas, passamos as noites dividindo seus cuidados em turnos, para que ambas pudéssemos tirar alguns minutos de descanso. Ainda sim, é difícil pregar os olhos quando não sabemos bem o que acomete minha irmã. Se de fato é alguma espécie de doença estranha contraída no mar, ou algo ainda mais misterioso, dado as circunstâncias do momento. 

O marujo resgatado na travessia dos enforcados, o qual havia sofrido um acidente terrível a sua embarcação, que o fizera perder sua tripulação havia desaparecido naquela tarde, em que encontramos Louise desmaiada. O fato é que ainda não temos a mínima noção de se ele havia lhe feito algum tipo de mal. 

Papai tinha recorrido a mais de três médicos em Ragnar, mas nenhum soube lhe dizer com propriedade o que mantinha minha irmã desfalecida em sua cama perpetuamente. Até mesmo um clérigo, havia visitado seus aposentos a pedido de Corey, que recorreu a sua congregação, ao ver meu tormento e tristeza. 

O bispo orou por ela e a ungiu com óleo santo, contudo seus olhos permaneceram imóveis, sem qualquer sinal de resistência. 

Nenhum membro se moveu, nem um dedo, ou sequer uma ruga em seu rosto. Parecia estar em um eterno coma, movido por alguma espécie de maldição. 

-Como ela está? -Indagou Penélope quando a encontrei atrás da porta ao sair do cômodo que guardava Louise em seu sono. Papai e mamãe tinham a proibido de ter contato com a mais velha, já que não temos ideia da proveniência de sua doença, nem se trata de algo contagioso. Por via das dúvidas, era melhor manter a menor afastada de suas dependências.

-Ela vai ficar boa logo. -Minto tentando dar meu melhor sorriso, mas nem mesmo eu sou capaz de acreditar no que digo. 

-Ela vai morrer? -Seus olhinhos se encheram de lágrimas. 

Me abaixo apoiando o peso nos joelhos para ficar do seu tamanho. 

-Não chore. -Peço tentando secar a água que empoça em suas bochechas. 

-Eu quero me desculpar, ela precisa saber que sinto muito. -Chorou Penn se agarrando ao meu pescoço. -Eu briguei com ela aquele dia. -Lamentou a menina. 

-Eu sei, eu também briguei com ela. -Me forço a engolir a dose de choro que se acumula em minha garganta. 

Se eu não tivesse a deixado sozinha naquela tarde, se não tivéssemos discutido, então talvez ela estivesse bem. Talvez nada disso estaria acontecendo e não posso evitar de continuar pensando que se eu não tivesse sucumbido ao meu orgulho e a deixado para trás, então nada disso estaria acontecendo. 

Louise nunca desejou meu mal, muito menos estava sendo cruel ou maldosa, propositalmente. Ela estava apenas tentando me alertar sobre as necessidades e questões mais profundas ao qual se constitui um matrimônio. Claro que tinha pesado a mão, mas suas preocupações não eram descabidas, nem tinham o intuito de me fazer infeliz. Ela só estava tentando ter a certeza de que eu estava tomando a decisão certa, no entanto, sempre fora difícil para Louise entender o amor. Não é algo que se explica, nem algo que possa ser medido por um "como foi o seu dia?". Trata-se de um sentimento que entorpece, você só sente e sabe que faria de tudo por ele. 

A Coroa do LesteOnde histórias criam vida. Descubra agora