Era uma manhã, aparentemente normal. Dia ensolarado. E, eu voltava da escola. Normalmente com dor de cabeça. Tomava meu banho, trocava de roupa, almoçava, dormia, e fazia raramente algumas atividades escolares. Minha vida não passava de uma rotina repetitiva, que por sinal, era muito chata.
Certo dia, minha mãe resolveu fazer uma visita a casa de alguns familiares de longe. Não estava nem um pouco afim, mas, apenas queria agradar minha mãe.
Chegando lá, minhas primas todas lindas, definidas e bem arrumadas.
E eu? Apenas calça, casaco preto, e tênis. Minha mãe sempre me dava dicas de roupas pra usar, eu fingia me importar, mas na hora H usava oque eu queria. Até aí tudo bem, confesso que foi divertido, mas só larguei do celular quando ele havia descarregado. Cheguei em casa, e fui direto pra o banheiro, sentada no chão, com a porta fechada, coloquei meus fones, ouvia uma música bem triste. Uma lágrima escorria sobre meu rosto, logo em seguida outra. Mas, por que? Eu não estava "feliz"? Sorrindo a pouco tempo? Pois é. Sabe aquele meu sorriso? Então, já guardei. Era apenas uma máscara, esse é meu rosto normal. Enquanto chorava, me perguntava por que eu nasci.
Chorava por não ser como todos, chorava por não ter amigos de verdade, chorava por ser eu, chorava por não aceitar como eu era.
Em meu diário escrevia : "É, estar difícil. Não estar fácil. Estou com medo. Tenho medo do que possa acontecer, tenho medo do amanhã. Não tá fácil pra mim! Queria que tudo isso que estou passando, tivesse fim, por que não? Meu Deus! Esse sofrimento não tem fim, é? Acho que, tudo que plantei no passado, estou colhendo, apesar dos arrependimentos, essa é a única resposta!. Tenho medo que me zoem, tenho medo que me humilhe na frente de todos. " Na escola, sofria bullying. Quando meus amigos iam pro shopping eu nunca ia, meus pais nunca me deixaram fazer nada. Nunca sai sozinha. Nunca tive um namorado.Cheguei da escola, em um outro dia. Super cansada, eu lembrei cada palavra que me disseram. Chorando muito, escuto alguém batendo na porta, interrompendo meu choro. Eu mudo minha voz, respiro fundo e pergunto delicadamente :
- "oque foi?"
- "vai demorar muito ai? - Diz minha mãe curiosamente.
"ah, não vou, já estou saindo"
E começo a fingir que estar tudo bem.
Não conto meus problemas pra ninguém. Ninguém entenderia.
Ia me julgar, e dizer aquela mesma frase "Tem gente que tem a vida pior" ou se não "Olha quantas pessoas nos hospitais e você aí" .. Isso pra mim não faz diferença.
Certo dia, vi uma gilete, queria pegá-la e ver como era, mas tinha medo do que podia acontecer.. Mas, peguei e aconteceu..Continua.