• Narrativa de Mariana •
A volta para casa foi tão silenciosa que dava até medo. Eu ainda tinha a rosa, agora tão murcha, que Joe havia me dado no dia anterior nas mãos. Steve dirigia o carro enquanto Charlotte teclava sem parar no seu celular. Atrás estávamos eu e Joseph. No fim a saída do hotel foi algo bem tramado pela assessora. Ela de fato tinha talento no que fazia, mas ainda sim me entristecia saber o rumo em que toda essa aventura na qual topei me jogar tinha tomado.
- Pronto! O tmz não vai revelar e nem pesquisar nada a seu respeito Mariana. - Charlotte interrompeu o silêncio chacoalhando o telefone no ar enquanto se esforçava para me olhar no banco de trás.
- Me desculpa por isso. - Era realmente tudo o que eu podia falar a ela no momento. Sabia do trabalho e dor de cabeça que deveria ter sido para negociar um furo tão grande assim.
- Não, não se preocupa com isso. É o meu trabalho. Já lidei com coisas piores. - Voltou a olhar para frente e deu de ombros perdida em suas memórias por um segundo. - Além do mais, por incrível que pareça eles são ótimos de negociação. - Ela riu e Steve também. Lembraram de alguma história boa entre eles em relação ao site.
Joseph não se atrevia a olhar parar mim. Tinha a cabeça recostada no vidro e o olhar fixo na paisagem que passava rapidamente lá fora. Me entristecia ver como ele estava, eu até poderia ponderar muitas coisas mas a que preço? Quer dizer não só pela minha reputação que seria apenas a da namorada do Joseph Quinn como de fato ser sua namorada. Ele disse que poderia me convencer a fazer aquilo. Nunca acreditei nisso.
- Uma vez a Charlotte negociou uma foto do Justin Bieber pelado. - Steve começou a contar com a sua voz grossa que tomava conta do carro todo enquanto ria junto da assessora. - Ele fez o mundo pra conseguir segurar e o que ele fez? Liberou ele mesmo, todo peladão lá na página inicial do site! - Eu ri involuntariamente. Aquilo fazia o clima ficar mais leve no carro e tinha quase certeza que essa era a única intenção de Steve. - Te juro, essa mulher quase arrancou aquele cabelinho bonito dele. - Tentava virar para me olhar enquanto contava e ria se mexendo todo no banco. Eu seguia sua euforia, realmente era engraçado o modo que ele contava aquilo.
- Mariana, aquele dia eu só não estourei a cara dele porque era ela que me pagava. - Charlotte ria também enquanto contava e confirmava a história do segurança. Chacoalhava suas mãos no ar demonstrando sua raiva.
Aqueles minutos me fizeram perceber que Joseph tinha uma boa base de confiança entre amigos e me fez entender do porque ele era tão sossegado no aspecto de sua fama e privacidade. Lembrei de olhá-lo mais uma vez e finalmente seus olhos encontraram os meus, ainda tristes. Ele negou com a cabeça como se já tivesse escutado tanto aquela história que já não havia mais graça para ele. Mas fechou os olhos por alguns segundos e deixou um meio sorriso invadir seu rosto, não lhe restava mais nada a fazer.
Ao chegarmos eu desci sem me demorar muito. Sim, ainda levava a rosa que Joseph me deu. Já estava entrando no elevador quando escutei os saltos grossos de Charlotte baterem firmes no chão.
- Mariana! - Chamou meu nome e me alcançou um tanto afobada. - Olha, eu sei que isso é complicado, sei que você quer ter sua privacidade e eu entendo totalmente isso, ok? - Ela gesticulava e me olhava no fundo dos olhos afim de me convencer de qualquer coisa que viria depois de seu porém. - Mas de verdade, Joseph gosta de você, nunca o vi assim. Sei que é repentino, louco, mas ele é assim mesmo. E eu te prometo que eu sou muito boa no que faço, posso manter as coisas no sigilo pra vocês. - Segurou os meus braços com suas mãos frias e finas. Observei por um segundo os fios tão vermelhos de seu cabelo. Tinha uma beleza extraordinária.
- Charlotte, eu sinceramente não sei como lidar com muitas coisas e essa coisa dele ser famoso... - Eu sabia que era uma idiotice isso sair da minha boca. Quer dizer, eu me envolvi com ele já sabendo que ele era famoso, não foi? Então por que diabos aquilo era um empecilho tão grande para mim? A verdade é que eu sabia que aquilo era só um enorme e gigante motivo que meu coração havia arrumado para me sabotar mais uma vez em relação ao amor. Ele já estava exausto de sofrer.
- Olha... - A assessora revirava sua enorme bolsa enquanto prosseguia. - Dorme, descansa, amanhã é um novo dia e depois de amanhã também. - Finamente sacou um cartão de dentro de sua carteira de couro e me entregou. - Me liga. A gente toma um café e conversa, prometo que sou uma boa amiga também.
Eu apenas sorri e concordei. Pude ver Joseph ainda me olhando com a mesma profunda tristeza de dentro do carro ao acompanhar Charlotte voltar para lá com o olhar. Havia muito no que pensar mas também não havia tanto assim. Agora de fato eu só queria um banho e minha cama. Observei a rosa com carinho pela última vez antes de jogá-la no lixo. Murcha, sem vida alguma naquele momento, assim como eu.
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o conceito do amor » joseph quinn
Romance"Ninguém sabe do tamanho da profundeza do que é o amor até o encararmos dentro de outros olhos. Joseph levava uma vida calma até ter o estouro de sua carreira atuando em Stranger Things vendo seu mundo virar um turbilhão de emoções. A contra ponto...