Capítulo 23

533 69 97
                                    

Passei muito tempo pensando no porquê de eu não fazer, ou conseguir fazer, muitas coisas que as meninas consideradas normais faziam

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Passei muito tempo pensando no porquê de eu não fazer, ou conseguir fazer, muitas coisas que as meninas consideradas normais faziam. Eu não conseguia sorrir com algumas coisas que elas sorriam, não achava graça como elas e não entendia direito algumas de suas palavras.

Elas diziam que eu era estranha e acabava perguntando a minha mãe porque me chamavam assim. Mas, minha mãe sempre usava de desculpas para não dizer. Hoje eu sei que ela também não sabia muito bem o que acontecia e menos ainda como lidar comigo.

Mas ela era a minha melhor amiga.

Quando ela morreu, eu senti algo diferente em meu peito que doeu bastante. Muito mesmo! Era a tal dor da perda que muitos dizem por aí. Saber que nunca mais veremos quem amamos é muito difícil.

Dessa dor eu jamais vou me esquecer!

No entanto, tudo mudou quando meu irmão aceitou cuidar de mim como sendo sua princesa. Ele é o meu príncipe que me faz bem e me ama. Tudo que eu sei com relação ao amor foi através dele.

Miguel me instruiu, ensinou, educou e amou como se eu fosse sua filha. Sempre se preocupou com meu bem-estar e foi por isso que fui matriculada numa escola onde eu poderia ter acesso a tudo que eu precisaria para ter um bom desenvolvimento.

Faço parte do espectro autista e tenho consciência de minhas limitações. Não sei demonstrar muito meus sentimentos, às vezes me sinto deslocada no meio das pessoas, principalmente de quem eu não tenho intimidade, e possuo algumas manias que deixam as pessoas desconfortáveis em minha presença. Porém, ainda não consigo me controlar. Meu irmão é o meu melhor amigo, e meu amor.

Ele me conhece, respeita e só quer o meu bem.

Porém, quando ele começou a namorar Vittoria, relutei para não sentir ciúmes. E nem sei se conheço muito bem esse sentimento, contudo me incomodava muito quando ele ficava com Aline. Eu não me simpatizava com ela de forma alguma. Com a Vittoria é diferente. Ela não me discrimina por eu ser assim, não tem vergonha de andar comigo, me ensina coisas de menina e sei que gosta muito do meu irmão, gosta de verdade.

Só por gostar dele já me deixa radiante. Miguel merece o amor verdadeiro.

Fora que a tia Emilly e o tio Vittor são as melhores pessoas que conheci na minha vida toda. Eles me amam como filha e me sinto assim às vezes. Tio Mick também é maravilhoso! Ele é lindo demais e fiquei impressionada com sua beleza. Todos na família da minha cunhada são bonitos. Incrível isso.

Porém, senti que algo mudou em mim e não soube explicar quando vi Heitor pela primeira vez. Ficaram intensos os batimentos do meu coração quando seus olhos como de vidro me olharam. Foi difícil segurar minhas mãos porque elas não paravam de tremer. Até a minha testa ficou suada. Foi terrivelmente entranho.

Pior ficou quando, na cozinha da casa do tio Vittor, ele se aproximou de mim e me chamou de sole mio. Um suspiro saiu de minhas narinas de forma involuntária e me tremi toda novamente, mas não consegui desviar meus olhos dos deles que mais parecem duas pedras espelhadas.

VITTORIA FONTINELLY -TRILOGIA IRMANDADE I Onde histórias criam vida. Descubra agora