𝑇ℎ𝑖𝑟𝑡𝑦-𝑡𝑤𝑜

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𝗦𝗔𝗥𝗔𝗬 𝗣𝗢𝗩

Assistir Estefânia sair por aquela porta dessa forma e escutar seus choros fora da sala, me partia o coração. E doía ter consciência do que estava fazendo, deixando a minha menina machucada.

O verdadeiro motivo de eu começar a tratar a senhorita Lascurain como aluna, não foi meu pensamento sobre nós " não darmos certo", pois por ela eu vou até o inferno. E sim uma conversa que eu tive com Santiago assim que saí correndo pela janela de Estefânia aquele dia ao fim das férias.

Flashback on

-Te amo, meu amor. - dou um selinho na garota antes de pular a janela.

~ Vai logo! - ela solta risadas fracas da maneira em que eu me encontrava.

[...]

Chegando em casa Santiago me esperava em meu sofá, junto a Estrella que estava assistindo desenho na televisão.

- Que porra você está fazendo aqui?

~ Parece que a noite foi boa, Saray.

- Foi ótima, estou até mais relaxada. - debocho do homem.

~ Tenho notícias que você irá adorar. - ele diz com um sorriso cínico no rosto.

- Estrella, vai brincar lá em cima. - digo encarando o homem friamente. A criança rapidamente sobe para seu quarto. - O que você quer, filha da puta?

~ Para que tanta agressividade? O juri não iria achar legal esse linguajar...

- Santiago, vai tomar no cú. - aproximo do homem com os punhos fechados, mas logo me controlo respirando fundo. - Vai direto ao ponto.

Santiago abre um sorriso sutil porém maldoso, fazendo suspense com o que tinha para revelar. Em suas mãos, havia um pequeno envelope. Ele abre um envelope marrom, e dele, o homem tira várias fotos. Ele as espalha na mesa.

~ O que achou? - ele sorri.

- Desgraçado... - resmungo incrédula.

Se tratavam de múltiplas fotos minhas e de Estefânia em variados momentos do dia, de andando de mãos dadas para momentos íntimos e comprometedores. 

Como ele sabia nossa localização em cada ponto? Eu não sabia ao certo, mas comecei a me sentir observada todo o tempo.

~ Não adianta pegar essas fotos, eu tenho cópias.

Naquele momento, minha vontade era de voar em seu pescoço, mas permaneci em meu lugar apenas o xingando com todos os palavrões possíveis em minha mente. A raiva subiu em minha cabeça, Santiago não sabia onde estava se metendo...

- Sai da minha casa agora, peste!

~ Não vai querer saber o que terá que fazer para manter a garota segura?

Flashback off

Mas se Santiago acha que ele irá conseguir o que deseja me chantageando, ele está muito enganado. Eu nunca abaixaria a cabeça para ele, mas ao mesmo tempo preciso fazer o que é melhor para a aluna, e não prejudica - la, por mais que doa. Já nem estava me importando comigo, meu trabalho em risco...

O sentimento de raiva e entristecimento, fez com que eu pretensiosamente chutasse com força a quina da mesa. Não demorou muito para eu sair daquele sala vazia e ir dar aula para o terceiro ano. Tentei esquecer o que havia ocorrido mais cedo, mas não conseguia tirar Estefânia da cabeça. Minha energia estava baixa e até os alunos repararam, já que eu sou a professora mais divertida daquela escola cheia de regrinhas bestas que não nos permite nem respirar sem autorização.

Eu havia machucado o amor da minha vida...

Estava despedaçada por dentro, mas com certeza, Estefânia estava pior.

[...]

𝗘𝗦𝗧𝗘𝗙𝗔̂𝗡𝗜𝗔 𝗣𝗢𝗩

No dia seguinte eu teria aula com a senhora Vargas. Era assim que eu deveria chamar - la sempre, agora que ela me deu um pé na bunda sem explicações e no colégio é um desrespeito chamar os professores pelo primeiro nome.

Eu fiz de tudo para não ir para a escola, até fingi estar doente. Mas as várias mensagens de Altagracia e minha mãe insistindo para que eu fosse, não me permitiram faltar no colégio. E também, no fundo eu queria vê - la. Por mais que eu ainda estivesse magoada, confusa e com raiva, eu ainda era apaixonada por aquela mulher.

Enrolei na cama mais do que deveria, não estava disposta para fazer as tarefas básicas do dia, como a higiene matinal. Arrumei meu cabelo em um coque bagunçado, minha pele estava completamente limpa e o uniforme foi tampado por um moletom grande.

Chegando na escola, as duas garotas já me esperavam na porta da classe querendo explicações do dia anterior. 

~ Por que não respondeu minhas mensagens heim? - Alta segura meu queixo para cima, trazendo meu olhar para os seus olhos.

- Me solta! - bato em sua mão.

~ O que você tem? Estamos preocupadas. - Yoli pousa suas mãos em meus ombros. ~ Seus olhinhos estão tão inchados e vermelhos. - a amiga diz com carinho.

- Vocês querem saber? A senhora Vargas terminou tudo o que tínhamos de repente já que "nós nunca daríamos certo". Como vocês acham que eu me sinto? Eu gostava muito dela... - uma lágrima cai de meu rosto e Guerrero imediatamente trás minha cabeça em seu peito, acariciando meus cabelos.

~ Puta. - resmunga Alta.

~ Oh Estefânia... Eu te avisei, ela iria te usar a vontade, e quando enjoar iria te descartar! - disse Yolanda fazendo uma leve carícia em minhas costas. 

- Se não for ajudar, não atrapalha gatinha. - Altagracia responde.  

Eu me questionava se aquela pergunta de ela gostar de mim verdadeiramente, a assustou a ponto dela não querer mais nada comigo.

Todos aqueles momentos que nós passamos juntas não significaram nada para ela? Enquanto eu morria de amores por ela, a Saray só pensava em prazer próprio? Talvez agora que o "passatempo" dela está complicando sua vida, ela resolveu o descartar como um simples canudo de plástico, que depois do primeiro copo, não serve mais.

Mas onde eu estava com a cabeça? Por que Saray se interessaria romanticamente por mim? Por que uma mulher mais velha e madura se interessaria por uma adolescente repleta de defeitos?

Entramos na sala e não demorou muito para a professora chegar também. Estava preparada para enfrentar aqueles 50 minutos com a senhora Vargas. 

Durante essa aula, ela estava séria, o que não era e costume da senhora Vargas. Ela dava a aula, e não olhava em meus olhos em nem uma fração de segundo, se quer. Mas seus próprios olhos estavam vagos e vazios, pareciam tristes e a mulher estava desconfortável. 

Na noite passada, eu chorei até meus olhos ficarem vazios como os dela se encontram hoje.

Não dizemos uma palavra uma para a outra. Abaixei minha cabeça, dormindo no meio para o final da aula e a mais velha nem me chamou a atenção.

𝐌𝐲 𝐅𝐚𝐯𝐨𝐫𝐢𝐭𝐞 𝐓𝐞𝐚𝐜𝐡𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora