Capitulo 1

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"Na minha casa em meia hora, escrivã"

O coração de Verônica batia acelerado em incerteza do motivo de Anita tê-la chamado para sua casa. Todos os cenários possíveis passavam por sua mente enquanto as luzes da cidade se tornavam borrões conforme ela acelerava sua moto cada vez mais. Será que a mulher preparava uma armadilha para finalmente tirá-la do caminho? Ou será que ela havia finalmente caído em si e iria ajudá-la? E por que Verônica não pensou nem 5 minutos antes de subir em sua moto e obedecer a loira?

A morena entrou na rua de casas bonitas e desacelerou sua moto, parando entre os arbustos a 50 metros da casa de Anita. Sua moto completamente camuflada pelo escuro da noite. Avistou a casa que ela havia visto 2 vezes em todos os 6 anos que trabalhava com a delegada. Uma em visita profissional quando a loira pediu que a escrivã lhe levasse alguns documentos que ela havia esquecido na delegacia e que eram de suma importância. A segunda Verônica e a outra mulher decidiram esquecer e fingir que nunca aconteceu e era isso que faziam até hoje. 

A escrivã voltou sua atenção a casa a sua frente quando seus pensamentos começaram a ir a lugares que não deveriam. Olhando atentamente para o seu redor para se certificar de que ninguém a seguirá, bateu na porta.

Um minuto inteiro se passou até que ela ouviu os familiares saltos se aproximando da porta, que foi aberta logo em seguida. Anita ainda trajava roupas sociais e Verônica não pôde deixar de notar o nervosismo em seu olhar no segundo em que ela abriu a porta. Essa vulnerabilidade durou apenas milésimos e logo a faceta impenetrável e sarcástica da delegada estava de volta. 

- Entre - disse a loira abrindo espaço para a outra entrar, seus olhos sempre vasculhando atrás da mulher. Era notável o quão nervosa ela estava, mesmo que tentasse esconder. Fechou a porta rapidamente no momento em que Verônica adentrou. 

A casa continuava a mesma, apenas alguns móveis estavam em lugares diferentes. A morena tinha certeza que aquela casa passaria em uma inspeção sanitária de tão limpa e arrumada. Anita tinha que ter sempre tudo sobre controle, inclusive os objetos à sua volta, portanto tudo era sempre milimetricamente posicionado. O hobby favorito de Verônica era entrar no escritório da delegada e mexer em alguma pilha de papel ou qualquer coisa que estivesse em cima da mesa. Ela sabia que mesmo que fosse quase imperceptível, Anita notaria. E ela sempre notava e saia de sua sala pisando duro com suas botas e lançando um olhar de ódio para Verônica.

- Então, você vai me falar para o que me chamou aqui ou eu vou ter que adivinhar? - falou Verônica se virando para Anita que continuava parada perto da porta, mãos na cintura e queixo erguido. A morena viu a garganta da loira se mexer quase de maneira imperceptível quando ela engoliu em seco. 

- Eu resolvi… - começou e deu uma pausa, mudando seu peso de um pé para o outro - …resolvi ajudar. Verônica riu.

- E você espera que eu simplesmente acredite nisso? Que você magicamente resolveu parar de ser uma filha da puta e virou santa? - A morena falou sarcasticamente cerrando seus olhos em direção a mulher loira que bufou em resposta e endureceu ainda mais a expressão. 

- Você já ouviu falar do ditado "cavalo dado não se olha os dentes"? 

- Mas quando a boa ação é sua não tem como simplesmente confiar - disse e a loira que estava se aproximando pausou seus passos e um lampejo de mágoa passou em seus olhos azuis, mas rápido demais para Verônica achar que era real.

Sem falar nenhuma palavra, Anita andou rapidamente até a mesa de sua cozinha, pegou um arquivo e entregou quase com raiva a Verônica. 

- Aqui a porra da prova de que eu não tô te enrolando - cruzou os braços e continuou parada na frente da morena que agora abria o arquivo e o analisava rapidamente. A foto de Anita à beira da piscina junto a dois homens foi a primeira coisa que viu. Arregalou os olhos quando os reconheceu como Matias e Brandão, levantou o olhar para a loira que olhava atentamente suas reações. A mulher realmente estava disposta a ajudar. 

Call it what you want (Veronita)Onde histórias criam vida. Descubra agora