𝐀 𝐂𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐃𝐄 𝐄𝐒𝐓𝐑𝐄𝐋𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐅𝐎𝐆𝐎 (HIATUS)

𝟎𝟎𝟐. 𝖂һᥲ𝗍 һᥲ᥎ᥱ ᥡ᥆ᥙ ᑲᥱᥴ᥆mᥱ

"O que você se tornou"

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Data de revisão: 15 / 09 / 22

• 20 / 08 / 22 •

Mesmo revisado, pode haver alguns erros de digitação.

Não sejam leitores fantasmas, comentem e deixe a estrelinha ✨⭐🌟

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Antes mesmo do sol dar os seus primeiros raios solar, minha irmã gêmea já havia saído para caçar, mesmo comigo insistindo que não era sua obrigação.

É inverno. O pão velho já havia acabado desde o entardecer do dia anterior. Nossas barrigas, dolorosas demais por causa da fome, roncam como bestas selvagens, rugindo, arranhando e se contraindo.

Mas mesmo assim, ela não tem obrigação de nada.

Nestha havia sibilado para que eu a deixasse ir, me olhando como se eu estivesse louca. Elain, minha segunda irmã mais velha, nada disse enquanto se encolhida mais ainda sobre nossa irmã mais velha.

Não é que eu a odiasse, a mesma pelo menos não se dava o trabalho de nos humilhar com palavras, ou olhadas. Mas era como se ela fechasse os olhos para tudo o que aconteceu e o que vem acontecendo conosco.

Às vezes, já me peguei se surpreendendo com Nestha e em como ela não fazia o mínimo esforço para não demonstrar sua preferência por Elain.

Isso nunca me afetou tanto. Ela tem Elain, e eu, Feyre. Era sempre assim, mesmo antes da nossa mãe morrer adoentada na mesma cama que hoje dormimos.

Para falar a verdade, houve uma certa época gravada em minhas memórias confusas. Nela, nós éramos unidas, brincávamos e todas nós riamos, juntas.

Mas agora, essa lembrança não passa de algo frágil que ameaça se quebrar ou sumir a cada vez que tento lembrar mais coisas.

Começo a calçar minhas botas cuidadosamente, tomando cuidado para que não fique pior do que já está.

Quando Feyre começou a seguir caçadores bosque adentro aos onze anos, a acompanhei, mesmo que a mesma sempre reclamasse comigo. Aprendemos a caçar, rastrear animais e ficar a favor do vento juntas.

Mas desde que me entendo por gente, algo sempre me atraiu por furtar pequenas coisa. No início, foi como um pequeno ato de rebeldia contra minha mãe, por sempre me deixar aos escanteios.

Ah, como eu amava aquela época.

Mas agora, é diferente. Ou talvez, nem tanto. Talvez eu apenas me aproveite da desculpa de ajudar a trazer alimentos para casa. Talvez eu realmente goste de furtar coisas uma vez a cada semana, na calada da noite. Talvez, ver minha irmã se arriscar todas as vezes naquela floresta, tão malditamente perto da muralha, faça algo em meu coração arranhar meu peito.

Muitas vezes arrependimento tomava conta de mim por tirar o que as pessoas mal tinham.
Mas se não morrermos de frio ao inverno, morremos de fome.

Jogo a mão para trás, fechando a porta em um baque surdo, descontando metade da minha frustração nela. O estalar das minhas botas e a minha respiração acelerada é o único som que se pode ouvir.