010. DREAM A LITTLE DREAM OF ME

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CHAPTER TEN:
Dream A Little Dream Of Me.

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Wednesday, March 26.

Qual o sentido de morrer e aparecer em uma floresta no meio do nada?, pensei em voz alta. Parecia até que tinha batido com a cabeça, considerando o fato de não conseguir lembrar o motivo por eu estar aqui. 

As árvores não se pareciam nada com a vegetação de Hawkins. 

Senti um incômodo ligeiro ao movimentar meus braços para prender alguns fios soltos, percebendo que algumas gotas de suor deslizavam pela pele com facilidade. Não estávamos na primavera? Qual a razão do calor insuportável? Meu suéter não incomodava tanto assim quando estávamos fugindo dos policiais. 

— Olá? — Minha voz dançava pelos espaços vazios entre as árvores, na tentativa de encontrar qualquer indivíduo disposto a ajudar. — Alguém?

Além da voz tremida, ouvia-se o assobio dos ventos ao balançar as folhas das árvores. Um ótimo lugar para passar um fim de semana e pensar sobre a vida, quem sabe. As nuvens que decoravam o céu pareciam ter saído de um quadro de pintura, e algumas flores arroxeadas embelezavam os arbustos ao redor da trilha. Contudo, a paisagem estava bonita demais para ser real. 

Espera.

Uma voz melodiosa serpenteia pelos ares até chegar em meus ouvidos. Estava distante. 
The Carpenters? Não me lembro de escutar qualquer música deles desde a época em que morava em São Francisco. Minha mãe, Riley Denbrough, sempre foi fã número um. Ela colocava o disco de vinil no toca-discos da vovó em todos os almoços de domingo, principalmente quando lasanha era o prato principal. Me lembro até do queijo derretido pingando na mesa envernizada, os pratos organizadamente posicionados em seus devidos lugares e os talheres tilintando. Meu irmão sempre dizia que ficaria com o maior pedaço. 

E foi quando lembrei, meu irmão. 

Eu não escutava nenhuma música dos Carpenters por lembrar da minha família. Sempre me dava náuseas, tontura, minhas mãos começam a formigar, o coração palpitar. Eu lembrava do trágico acidente do verão em São Francisco. O dia em que meu irmão morreu. 

Era como se eu estivesse revivendo toda a cena. O cheiro do sangue escorrendo pela pedra, o cheiro de medo impregnado em cada parte de mim e a sensação de paralisia. 

Parecia real demais. 

Corro para uma árvore próxima, deslizando meus joelhos aos poucos no chão e abaixando a cabeça. Meu estômago revirava ao lembrar de cada detalhe, cada visão, cada sensação. E parecia estar mais intenso agora. Como se algo estivesse rebobinando a fita e me obrigando a reviver todas essas emoções. Uma mão segurava as mechas de cabelo e a outra apoiava na árvore enquanto eu colocava tudo para fora. Minha garganta ardia. 

 ˓ 𑁍 𝐔𝐍𝐓𝐈𝐋 𝐈 𝐅𝐎𝐔𝐍𝐃 𝐘𝐎𝐔  ━━━  Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora