IV - Mais confusão...

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Aguardou em frente da porta mais de duas horas, não sabendo por que motivo o edifício continuava fechado e num silêncio abandonado, indicando que não estava ninguém a trabalhar como seria normal e exigível. Já tinha passado por ali algumas vezes, em ocasiões anteriores, e sempre notara um corrupio de gente junto àquela porta resolutamente trancada.

- Maldição, por que essa joça não abre? – se perguntou irritado, sem nenhuma paciência.

Não que uma porta trancada constituísse alguma barreira capaz de o deter.

Podia até ser ele mesmo a procurar nos arquivos pela pessoa da foto, depois de um pontapé bem colocado que destruísse a porta. Mas deteve-se, pois precisava de alguém que trabalhasse ali para o ajudar nessa tarefa inútil de folhear processos e cadastros individuais.

Uma pessoa que passava por perto escutou-lhe o resmungo. Disse-lhe com certo receio:

- Bom dia, senhor. Não abrirá por que hoje é domingo, o município só abre de segunda a sexta. Fins de semana está fechado.

Vegeta olhou para a pessoa com um olhar mortal, fazendo-a tremer.

- Como é que está dizendo?

- Eh... Só amanhã é que o município... vai abrir.

E depois a pessoa afastou-se amedrontada e saiu dali correndo.

Vegeta fechou os olhos, assimilando aquele dado novo, que entroncava diretamente no que acabaria por ser o seu dia.

- Droga, terei que esperar amanhã para ver isso...

Aguardava-o mais um dia de tortura, de dúvidas, de acusações, de insinuações...

Suspirou fundo, passou a mão no rosto com certa impaciência.

Tirou a foto do bolso, olhou mais uma vez para a cara do sujeito.

- Vou te achar, verme maldito, nem que seja no inferno – falou com raiva.

Fletiu os joelhos e impulsionou-se discretamente para cima. A flutuar sobre os edifícios brancos, olhando a movimentação pacata das ruas. Vegeta circunvagou a área e pensou: "Tenho outra possibilidade. Posso dar uma volta na cidade e quem sabe não descubro a cara do idiota que está me causando tantos problemas".

***

Bulma escolhera o laboratório e as suas engenhocas para se distrair das suas preocupações naquele domingo que amanhecera tão agradável quanto a tarde anterior e as horas se haviam passado. Queria esquecer a criança, o que era basicamente impossível quando a sua mãe a carregava como um troféu, exibindo a beleza da criaturinha fofa e delicada. Queria também esquecer o bilhete, mas as palavras que estavam lá escritas entravam em sua mente como se fossem ferroadas de vespas que inchavam e ficavam doloridas por dias.

Tentava descobrir entretenha, mexer em alguma coisa que lhe parecesse útil e digna do seu incomparável génio, mas não conseguia abstrair-se da ideia que nutria quase de forma doentia que aquela menina era filha do príncipe. Já fora traída uma vez, pelo que a dúvida permanecia em sua mente, rondando sem parar como um urubu sobre a carniça. Determinada em fuçar algo que servisse como paliativo para mais um dia estragado com conjeturas e autocomiserações, ouviu um grito.

- Bulma, a comida está pronta!

Era a sua mãe a chamar para almoçar.

Então, tinha sobrevivido à manhã daquele domingo insonso, porém pacífico, pensou enquanto se levantava da cadeira, sentindo todo o peso do corpo, como se fossem toneladas.

Tempestade de PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora