Luz e sombra, equilíbrio, ou não?

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E há quem acredite
(Eu acreditava)
Que todos tínhamos um lado sombrio,
Aquele que te defende das mazelas da vida,
Aquele que impacta os outros,
Hora com olhos vicerais,
Hora com uma face neutra e nada mais,
Hora com uma expressão real demais
(Para outros rostos tão irreais).
E há quem acredite que esta sombra
(Uma névoa quase invisível),
É o algo suficiente para intimidar os pobres mortais.
Aquele sombrio que ataca os infortúnios,
O que habita na razão e te dá certa paz.
Como crer que há o ser
Tão translúcido, tão visível e tão real?
Sem nenhuma sombra que o esconda, que o preserve e o defenda.
Como alguém tão inquietantemente visível,
Aquele ser de amplitude transparente,
Como ele poderia atacar os infortúnios das faces irreais
(Todas elas com sua sombra escura).
Como? Parece loucura
Viver, sobreviver de modo tal?
Há quem diga que tudo isso é lindo.
Não ter um lado sombrio
Mas pra quem, p ser exato,
essa beleza seria de fato
algo bom, de qualquer forma?
Um ser vulnerável em sua transparência,
Que vive sem exigência,
Em exigência lhe imposta,
Como proteger a luz sem um manto escuro,
Uma face de sombra imperiosa,
Aquele equilíbrio essencial.
Eles existem!
Eles emergem (tão visíveis)
Eles naufragam (tão divididos)
Eles se perdem (na sombras que os cercam)
Eles afundam suas almas em si mesmas,
Eles mergulham na escuridão de almas rasas,
Pois em tese
Quanto mais profundo um oceano mais escuro ele se torna.
Como perceber que não há profundidade,
Como perceber que a sombra é tudo que aquilo é (aquele é)?
Como permanecer em luz se o que há
Adiante, em seguida, todavia,
É apenas uma imensidão de almas sombrias submersas em sua escuridão particular?

___MCo

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