Você já imaginou como seria se nossas famílias não fossem inimigas?
Se nossas famílias não fossem inimigas...
Desde a última vez em que Pran voltou para a Tailândia já se passou um ano, um ano de saudades de quem ama e muito trabalho. Só não foi tão solitário porque uma vez a cada dois meses Pat não se aguentava e voava até seu amado, passando uma semana de muito dengo, dormindo com Pran o abraçando, com seus pés se esfregando por baixo do edredom para esquentar, e sempre que chegava a hora de dizer "até logo" era muito doloroso. Pat o abraçava, cheirava, dizia que o amava e para que não esquecesse dele e seus olhos ferozes. Mas como tudo acaba, e ainda bem que acaba, hoje é a tão esperada volta de Pran. Os dois anos de trabalho finalmente chegaram ao fim e em seu peito não cabia nada que não fosse euforia e ansiedade. Queria dormir a viagem inteira para ter a sensação de chegar mais rápido no aeroporto de Bangkok e pular nos braços de Pat quem já o esperava há quase uma hora com um cartaz escrito "Dessa vez vim para o lugar certo! Bem vindo, friend".
O pouso, o caminho até as malas e o tempo que demorou para que a sua passasse pela estreia. Tudo parecia uma eternidade, como se o relógio parasse em meio ao calor que arrancava um suor de sua testa. Ele só queria ver Pat, só queria abraçá-lo forte e ir para sua casa, a casa dos dois.
— Pran! — virou-se para a direção daquela voz dando de cara com Pat no meio do saguão do aeroporto, com uma camisa vermelha de botão e uma calça jeans, segurando um cartaz escrito a mão e cheio de corações grudados.
"Como ele é idiota" — riu anasalado, indo até quem tanto sentiu falta, abraçando-o por cima do cartaz.
Envolveu seu pescoço com os braços, repousando seu rosto naquele espaço entre a nuca e o ombro, dando um selo seguido de um cheiro. Pouco mais de dois meses sem vê-lo, sem tocá-lo. Pat devolveu o abraço, largando o cartaz que caiu no meio deles, envolvendo sua cintura, como sentiu falta disso. O cheiro de Pran era algo único para si, o embriagava ao ponto de perder totalmente a noção de onde estavam.
— Promete que nunca mais vai inventar de trabalhar em outro lugar — disse manhoso, arrancando risada do namorado. Ainda estavam naquele aperto que, se dependesse do maior, não teria fim tão cedo.
— Me larga — ria de Pat que agora o olhava de baixo, aqueles olhos de cachorrinho que foi abandonado pelo caminhão da mudança e um biquinho nos lábios. Suas mãos iam em seus ombros, para empurrá-lo. Ou ao menos era essa a impressão que queria passar, pois estava amando aquele dengo mesmo que custasse a admitir — Você pode deixar de ser um grande cachorro apegado por um segundo?
— Certo! — se afastou, pegando o cartaz no chão e quando Pran virou para pegar a mala para seguirem, agarrou-o por trás, apoiando a cabeça em seu ombro.
— Qual é o seu problema? — ria, aquela risada que Pat amava, este que sorria tanto vendo Pran expor suas covinhas que seus olhos fechavam — Vamos para casa!
— Estou matando a saudade!
— As pessoas estão vendo!
— Edai? Você é meu namorado — fez biquinho, fingindo ficar chateado — ou... isso significa que eu posso fazer qualquer coisa quando estivermos em casa? — arqueou a sobrancelha, com a boca aberta ainda o abraçando por trás.
— Para isso temos que chegar em casa! — mais um biquinho de Pat, que o soltou, ajudando–o com a mala e Pran foi na frente — Só espero que dessa vez não ache que vou me contentar com 5 minutos.
— PRAAANN!! — gritou arrastado e manhoso, vendo-o rir.
[...]
Já tinha mais ou menos umas três horas que haviam chego em casa e, da mesma forma que os raios de sol queimavam Bangkok naquele horário, os dois incendiaram o corpo um do outro numa valsa cujo o desejo e a saudades ditaram o ritmo. Depois, tomaram um banho e risadas preencheram o banheiro relativamente pequeno, mas confortável e aconchegante. Pat lavava o cabelo de Pran e como aquilo era íntimo e gostoso. Amava ser mimado e eram nesses momentos singelos em que tinha a certeza de que não conseguiria viver sem ele ao seu lado, aquele cachorro grande e agitado, bobo e o amor de sua vida.
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Finalmente
RomanceUm ano depois da última visita de Pran à Tailândia, finalmente, os dois anos de trabalho na Inglaterra chegaram ao fim e agora está voltando para sua vida com seu namorado e sua família. Você já imaginou como seria se nossas famílias não fossem inim...