Paranoid

Amanhã

A vida de Ichiji não podia estar mais caótica, largado numa boate qualquer totalmente chapado, sem nem saber onde está. O ruivo sentia-se relaxado, mas sua mente não o permitia ficar em paz.

Cada vez mais a imagem de seu pai reclamando de seu comportamento "rebelde" sempre aparecia em sua mente, fazendo-o quase grunhir como um animal enfurecido.

Jogando mais uma quantia na mesa, duas carreiras de pó foram postas em sua frente, além de um baseado contornando seus dedos.

Ele não queria ouvir aquela maldita voz em sua cabeça, apenas ficar o mais louco possível. Aquela merdinha de velho não iria estragar tudo.

"Tome juízo como um irmão mais velho, que exemplo está dando para seus irmãos? Veja se sua irmã já fez uma coisa dessas"

- Se ele soubesse todas as bostas que eles já fizeram, ficaria agradecido! Velho de bosta! - grunhiu zangado, acendendo o cigarro.

Por mais que quisesse, ele estava completando paranóico em relação a toda essa merda de seu pai e aquela família ruim. A comparação com sua irmã o estava matando a cada dia.

Ichiji, preso em seus devaneios, não percebeu a figura alta e forte aparecendo ao seu lado. O homem em questão observava o ruivo, extremamente interessado naquele ser quebrado e caótico.

- Como vai embora? - A voz soou rouca no ouvido do mais novo, mas calma. O ruivo levou um susto e olhou o homem com os sonolentos.

- Sei lá, não me importa - riu de sua própria desgraça.

- Vou levá-lo!

- Cara, posso ficar em um motel ou até num banco de praça, não precisa ter pena - gargalhando, socou levemente o braço do rosado.

- Não estou pedindo, vou levá-lo! - repetiu firmemente, encarando até a alma do Vinsmoke.

Ichiji se sentiu enfeitiçado por aquelas orbes carmesins, é tão lindo. Mas ainda não entendia se aquilo era pena ou se o cara era muito gentil.

- Você é maluco! - riu alto, sugando mais da substância do cigarro, sentindo seu nervosismo ir embora com a fumaça - Certo, pode me levar. Quer trepar comigo é? - pergunta malicioso.

- Não vou 'trepar' com um cara drogado! - respondeu com um semblante torto. O ruivo não deixou de rir da reação.

- Sei - piscou - Que tal, cara legal, quer me contar por que está aqui atrás de mim?

- Nada, sou apenas um homem gentil e gosto de ajudar seres caóticos igual você - falou sarcástico.

- Vai me levar para um psicólogo ou clínica para viciados? - disse com escárnio. Ele riu.

- Não, você só é interessante! - sorriu gracioso, acariciando as madeixas vermelhas.

- Você é maluco, cara legal! - gargalhou.

- Katakuri. Me chamo, Katakuri. - enfim, ele se apresenta.

Ichiji riu assentindo levemente. Talvez estivesse muito louco e carente, que sua mente começou a criar a ilusão que aquele homem estivesse ali, pregando peças como sempre. Com um último suspiro, o ruivo apagou o cigarro e sentiu o sono lhe possuir, com um bocejo aparente.

- Durma! Garanto que acordará em um lugar quente e confortável pela manhã! - sussurra.

Então, os braços fortes e quentes de Katakuri lhe envolveram.