The night goes slow when we're here alone

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⌇ 🎧 Soundtrack: https://open.spotify.com/playlist/3FrZH6k1DYyLmjwX4YOfQA?si=9e89ecac4b4e4952

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As rajadas de ar atingiam os fios longos de Sooyoung como se pudessem tirar de si um pouco da tensão acumulada em seus ombros. Voltar de uma tarde de estágio — que lhe dava muito trabalho — não era a melhor programação que gostaria de ter cotidianamente, mas era um fato, uma vez que a estudante de biologia precisava adquirir cada vez mais experiência para se destacar no mercado (e ter uma pequena fonte de renda era um ótimo benefício). De qualquer forma, pensar sobre essas coisas também não era seu passatempo favorito. Durante os minutos em que contava com sua força e equilíbrio para chegar em casa, escolhia sempre que possível manter a mente vazia porque aquelas lufadas geladas em seu rosto eram gentis e as árvores dançavam cumprimentando-a. Não deveria haver espaço para preocupação naquele curto período.

Paralelamente aos momentos de calmaria, quando a morena encarava seu relógio de pulso ao parar em um semáforo, sabia que os pedais deveriam girar mais rápido, pois ela precisaria de mais algumas horas para estudar. E dia após dia ela tinha que fazer um pouco de esforço para vencer o cansaço e a vontade de gastar o resto da noite com sua velhinha Haneul, fêmea do cachorro Shih Tzu. Estudar em seu quarto não favorecia sua concentração, porém, não tinha outras opções já que seus pais jantavam e assistiam televisão na sala, juntos para compensar as horas de ofício em que ficavam separados.

A escrivaninha estava mais bagunçada do que o resto do quarto, apesar das folhas ásperas e amarelas da hera¹ suspensa ao lado da sua cama comunicarem que ela precisava urgentemente de água e sol. Espalhados no móvel de madeira, estavam as canetas e livros que utilizou na madrugada anterior. Entretanto, o que chamou sua atenção foi o binóculo. O pequeno objeto, cujo valor econômico atual deveria ser minúsculo comparado à época na qual seu pai o comprou, tivera majoritariamente a função de acompanhar a família nos passeios. Observar os pássaros nos parques de Ansan, as cidades do topo das montanhas e até o oceano azul que banha a costa leste da província de Gyeonggi recebia um toque especial através das lentes, outrora menos arranhadas, que permitiam uma visão mais apurada.

Sooyoung sempre teve uma fascinação pela natureza que parecia dar-lhe abraços tão calorosos quanto um urso (filhote, obviamente). Apesar de vivenciar o amor que a fez escolher o que queria ser ao crescer, o binóculo também presenciara outras questões do coração.

O primeiro ano de curso foi bastante voltado para a sua adaptação, saber mais da profissão e tentar manter um certo ritmo de estudos, acostumar-se com a ainda mais elevada formalidade dos ambientes e conteúdos. Contudo, ao começarem as aulas de zoologia, fitomorfologia e ainda considerando as de botânica, Sooyoung sentia-se mais instigada a explorar as áreas verdes de sua universidade.

O mesmo binóculo a acompanhava pelo campus bem arborizado, mostrando-se ainda útil para eventuais pesquisas e mera curiosidade. Nas vezes em que o foco lhe faltava, ela pegava o conhecido na mochila e pousava os olhos na primeira coisa que não fosse um texto ou não estivesse numa folha de papel. Naquela tarde, quando ainda possuía tempo disponível, as lentes mostraram um esquilinho preto com orelhas tão peludas quanto o rabo e que parecia ter levado um choque elétrico. Sooyoung sorriu. À primeira vista, as crianças costumavam levar um susto pela disparidade entre o animal na realidade e nos desenhos, mas depois de alguns anos, aquele era apenas o típico esquilo coreano.

Sonhei que as estrelas caiam do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora