Parte XI

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Mia chegou à frente da porta de madeira e tomou alguns segundos para respirar. As escadas de Hogwarts escolheram ir para um caminho completamente diferente das masmorras e ela teve que correr para se encontrar naquele labirinto de corredores e chegar a tempo.

Verificou o relógio e soltou um suspiro ao ver que estava na hora exata. Mia bateu três vezes na porta e esperou o comando para entrar, ouvindo um abafado 'entre' vindo da sala de poções a garota entrou timidamente no local.

-Boa tarde, senhor. - O homem não se deu ao trabalho de respondê-la ou sequer olhar para cima de seus papéis.

Mia ficou deslocada naquela sala escura, balançando nos seus pés. Ela olhou para o canto e uma coisa que não tinha notado antes chamou sua atenção. Vários potes com coisas estranhas estavam enfileirados em uma estante no canto mais escuro da sala. Ele deveria ter colocado aquilo ali neste dia, já que ela não reparou antes que estava lá.

Olhando para o professor ela sabia que ele não iria terminar de ler o que quer que fosse aquilo tão rápido. Não se sentindo à vontade para mexer em qualquer coisa sem a permissão do homem ela cedeu sua curiosidade e foi observar a estante.

Aquilo era estranho, macabro e, para Mia, realmente algo para ativar sua curiosidade. Animais estranhos e alguns membros flutuando no líquido transparente com cheiro familiar.

Talvez fosse o mesmo líquido que os trouxas usam para preservar partes do corpo, órgãos e corpos para analisar. O cheiro era igual, ela se lembra quando foi em uma faculdade de medicina e ela viu um corpo no tanque de formol, aquele dia lhe rendeu uma bela crise existencial e muita coisa para pensar.

Piscando os olhos e tirando a cabeça disso a garota que pode ver mais dos frascos se concentrando em um com uma aranha. Ela estava quase hipnotizada com aquilo que era enorme e peludo, parecia uma tarântula. Um bichinho que fazia Mia tremer.

O instinto que faz as primeiras pessoas morrerem num filme de terror se apossou dela e a garota levou a mão para tocar o vidro. Era como se a qualquer momento o animal iria de algum jeito pular nela, mas Mia não parou, estava quase tocando o vidro.

Só mais um pouco.

-Srta. Ostrowisky!-

Port -Puta que Pariu!!- Ela pulou e quase bateu com a testa na madeira da prateleira. No meio do salto ela virou e se deparou com o peito coberto pela camada de preto.

Erguendo os olhos devagar ela encontrou seu rosto e no mesmo segundo olhou para baixo como uma criança prestes a ser repreendida. Snape estava de braços cruzados olhando a menina de cima e arqueou uma sobrancelha. Nesse momento um farol vermelho apitou na sua mente "Eu xinguei baixinho ou gritei para ele?". Mais um segundo de silêncio do homem e sua ansiedade iria explodir e sua mente virar um caos.

-Acredito... Srta. Ostrowisky, que você certamente foi educada para não mexer no que não é lhe dada a permissão. E certamente, não tocar no que não é para ser tocado por um cabeça-oca idiota, não?!- A voz de Snape estava baixa e lançou um arrepio pela garota, mas não exatamente porque estava com medo, mas sim irritada.

Por um segundo ela não pensou e apertou levemente os olhos para ele. Chama-la de cabeça-oca e idiota era uma coisa, agora fazer insinuações sobre sua família era outra. Ele não a conhecia e não conhecia sua família, não podia falar nada deles.

Seu cérebro turbulento levou 2 segundos para processar que não devia responder. Ela abaixa a cabeça e tenta uma respiração profunda sem que ele veja.

-Desculpe senhor, não vou mais mexer em nada. - Ela manteve a voz baixa e tentou parecer com um pouco de medo, tinha certeza de que essa parte não conseguiu.

As Sombras Se Completam (Severus Snape)Onde histórias criam vida. Descubra agora