✒️。*゚Cena I. +*・゜﹏📓
Noite comum, em um bairro não tão seguro, porém o ar é refrescante.
Um homem passava calmamente pela rua, às 21:30 da noite.
Muito tarde, talvez muito cedo.
Não se tem certeza de sua aparência, alto porém magro, cabelos negros, falhados na frente porém de certa forma volumoso atrás. Duas mechas brancas cinzentas nas laterais, talvez um charme, complementando a sua ausência de sobrancelhas.
Ele anda com as mãos no bolso, de forma calma e com um ritmo constante. Não olhava para nada e nem ninguém, procurava apenas um endereço conhecido dele, um endereço esse que preenche suas noites de solidão.
Agraciado pelas luzes amareladas do local assim que entra, o pequeno sino da porta e ecoa pelo vazio.
─ Senhor Akutagawa, boa noite. O de sempre? - o homem atrás do balcão mal iluminado pergunta em um tom sereno e acostumado. Quase que casual e informal de certa forma, não incomoda o moço em questão.
Mesmo não querendo ser dirigido à palavra.
Akutagawa apenas balança a cabeça de leve com confirmação, se sentando na mesma cadeira do balcão. Como sempre.
É o de sempre.
O senhor não demorou para atender o pedido do homem de sobretudo preto, que em contrapartida não o observa, mas tira um caderno de um dos seus grandes bolsos. Não tinha mais de 15 centímetros de altura e nem mais que 12 centímetros de largura. Revestido em um couro de cor amadeirada e acompanhado de uma caneta esferográfica preta.
De forma rápida, antes mesmo do caderno se abrir, o copo com um whisky sem gelo é colocado à frente de Akutagawa, fazendo um pequeno som de arrasto no balcão de madeira.
Akutagawa apenas deixa um murmúrio em agradecimento, o senhor se afasta enquanto limpava outros copos que foram usados durante o dia.
Com um suspiro e uma mão leve, Akutagawa abre seu caderno, folheando as páginas já escritas de forma rápida, então nenhuma palavra realmente era lida pelo próprio autor.
Na página em branco, com data já pré-escrita, a caneta é destampada e então toca o caderno.
Suas mãos são trêmulas e de certa forma escrevem com agressividade a cada palavra. Ryuunosuke Akutagawa foi se acalmando em pequenos suspiros finos e olhadas ao copo com álcool.
Caligrafia e gramática questionáveis, sendo elas não muito treinadas porém repetidas diariamente. O pensamento acelerado o levava a esquecer de uma letra, não completava frases com coesão, porém até que eram fáceis de entender ao se ler pela segunda vez.
Horas se passam com o vento. Se já era tarde, agora nem se fala.
Porém, ele estava, no mesmo lugar, escrevendo sem parar. Sua mão dói de certa forma, balança a caneta entre os dedos quando a tinta falha e aproveita para esticar os mesmos quando sentia aquele desconforto.
O copo se mantém intocado.
Linha atrás de linha e ele não parecia chegar ao fim.
Vez ou outra para e mantém os olhos fechados, tomando um ar que invade os pulmões e o faz tossir, vez ou outra acompanhado por sangue.
Quando tais tosses acontecem ele até para um pouco, olha para a mais nova mancha no seu sobretudo. Nada visível, mas consciente de que aquele sangue é dele mesmo o enoja profundamente.
A única palavra que sai da boca de Ryuunosuke desde o início da narrativa, é uma reclamação baixa, um suspiro de frustração.
Aquele sangue no sobretudo mancha o papel, fazendo o autor cometer o erro de usar o dedo para limpar, se frustrando e irritando mais quando a pequena gota vira uma reta no canto direito da página.
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Memórias Encadernadas
FanfictionTrama curta, cheia de headcannons, falsas verdades, sobre o universo de Bungou stray dogs pós capítulo 88. Voltado aos Shin soukoku, Atsushi e Akutagawa. !Tem spoilers mascarados. !Romance trágico !Angst -Sfw. (Eu nem escrevo essas paradas de n$fw) ...