Capítulo 23 - Limite da confidência

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Duas semanas.

Durante este período, Renjun tentava firmemente se reerguer.

Não era uma tarefa fácil. Ninguém disse que seria. Mas era imensamente louvável, no mínimo.

Agora, enquanto ele concentra-se em iniciar novas atividades que têm despertado seu interesse – como finalmente entrar para um curso de jovens escritores, – a última noite em que teria visto Jaemin, há exatas duas semanas atrás, mais aparentava ser um surto de sua mente do que um acontecimento real.

Ele decidira com muito afinco deletar o número do outro, juntamente com todas as conversas que o recordariam. É verdade que não se importaria em permanecer insistindo no ex-companheiro, caso houvesse o menor sinal de que seus sentimentos ainda eram recíprocos. Todavia, em todas as vezes que ele encontrou o coreano após seu retorno ao mundo consciente, Renjun sentia-se como se estivesse agonizando. Parte de si desejou profundamente não ter despertado do coma, mas ele estaria sendo injusto consigo mesmo. Não fazia sentido algum se martirizar e cair em sofrimento enquanto Jaemin estava bem e aproveitando a vida. E como ele aproveitava.

O chinês decidiu que deveria parar.

Ele juntou os caquinhos de dignidade restantes e escolheu viver para si.

Ele deveria viver. Assim como Jaemin estava vivendo.

•••

Ding! Dong! Ding! Dong!

– Já estou indo. – Renjun responde enquanto tecla algumas palavras que produziriam sua mais nova história a ser entregue para votação final no concurso de "Belas Fantasias". Ele passara sem grande esforço nas etapas anteriores. Se colocasse um pouco mais de empenho, certamente seria o vencedor do concurso. Isso lhe renderia não apenas uma boa quantia em dinheiro, como um reconhecimento digno ao ter sua obra publicada nos anais do evento, bem como a merecida divulgação nas redes sociais dos patrocinadores.

Ding! Dong! Ding! Dong!

– Já estou...

Ding! Dong! Ding! Dong!

– Inferno! – esbraveja levantando-se de frente da tela.

Seu apartamento não era grande. Portanto, o felizardo impaciente certamente havia escutado quando ele pediu para esperar. Renjun estava no meio de algo importante, então preparava-se para resmungar com quem quer que fosse assim que abrisse a porta. Entretanto, todo o seu enfurecimento vai por água abaixo quando ele dá de cara com Jeno. A respiração dele estava ofegante e o rosto inteiro molhado. Em todos esses anos que o conhecia, Renjun jamais teve ciência de algo que fizesse o amigo chorar tanto. Como reflexo de uma atitude superprotetora, ele rapidamente o acolhe em um abraço, ainda que desconhecesse a razão para o outro estar neste estado. Como reposta, mesmo que involuntariamente, Jeno repousa a cabeça no ombro de Renjun, ao passo em que mais lágrimas rolavam por sua face.

Depois de certo tempo, Jeno finalmente abrira a boca em lamento, mas sua voz saiu tão abafada que Renjun não compreendeu o que ele dissera.

– ... muito tempo... – o coreano repete baixinho.

Renjun afaga os cabelos do amigo.

– Respire, está bem? Se você puder falar com mais calma...

Jeno funga pesadamente. Talvez por estar há algum tempo com a cabeça baixa, seu nariz havia ficado bastante entupido. Após mais uma pesada respiração, Renjun sente em seu pescoço que o outro passara mais uma vez a respirar intermitentemente. Deveria ter voltado a chorar discreto. O chinês apenas teve certeza quando Jeno abrira a boca novamente:

– Jaemin...

Assim que houve esse nome, Renjun paralisa. Ele estava se saindo bem, bem até demais. Não era justo que alguém chegasse e estragasse todo o seu esforço. Mesmo que esse alguém fosse Jeno. Entretanto, a reação do amigo era exagerada demais e ele nunca agira de tal modo antes. Algo grande deveria ter ocorrido. A julgar em como o ex-companheiro tinha se comportado em seus últimos encontros, Renjun não duvidava que ele também prejudicara Jeno por alguma razão, mesmo que um dia eles houvessem sido melhores amigos. Afinal, este era exatamente o tipo de pessoa que Na Jaemin era. E Renjun aprendera da pior forma.

Jeno sempre esteve ali para Renjun, corria até ele sem hesitar. Por isso, seria egoísmo de sua parte negar ajuda agora que o amigo precisava. Apenas por este motivo, Renjun mostrou-se aberto para aquela conversa. Mesmo que ele não quisesse ouvir quaisquer notícias sobre Jaemin até o fim de seus dias.

– O que tem ele?

Jeno fica em silêncio por um tempo. Em seguida, levanta a cabeça vagarosamente. Renjun toma um susto ao notar sua expressão. Os olhos de Jeno estavam demasiadamente inchados e seu nariz mais parecia um tomate. Mas o maior pareceu não se importar nem um pouco com a aparência. Ele apenas eleva a costa da mão a fim de limpar seus olhos e finalmente encarar Renjun. Entretanto, assim que o faz, suas sobrancelhas franzem-se e singelas lágrimas escorrem pela extensão de seu rosto.

"O que quer que Jaemin tenha feito a você, eu prometo que farei ele pagar", prometeu o menor em pensamento.

Renjun cogitou jamais ouvir em toda a sua vida palavras com um peso maior do que as últimas proferidas por Jaemin em seu encontro na cafeteria. Entretanto, assim que Jeno abriu a boca pela terceira vez, pôde concluir estar redondamente enganado. Ele desejou... ele implorou... que tudo não passasse de uma peça pregada pelo amigo.

– O que... – pisca os olhos freneticamente enquanto balbucia – O que você acabou de dizer?

Jeno encara o amigo com hesitação. Mesmo que lhe tenha sido implorado, ele não conseguia mais manter segredo. O segredo pelo qual todos estavam sofrendo. O segredo que ele desejava do fundo de sua alma ser apenas uma mentira.

Ao ver a reação de Renjun, ele questionou por um milésimo de segundo se estaria fazendo a coisa certa. Não queria que o outro se machucasse ainda mais. Perguntou a si mesmo se deveria continuar respeitando a decisão de Jaemin. Mas sabia que, não fosse por ele próprio, ambos viveriam em eterno arrependimento. Também sabia que, infelizmente, não havia forma menos dolorosa de dizê-lo. Por isso, reuniu toda a coragem que pôde a fim de ser o mais claro possível. Deus sabe como ele não desejaria repetir, se aquele à sua frente não o entendesse.

– Jaemin está muito doente, Renjun. Ele não tem muito tempo. – despejou, por fim,em meio à lágrimas.


[Continua...]



ღღღ

Oiii, tudo bem?

Primeiramente queria pedir desculpas pela demora em atualizar. Não que seja de fato uma demora longa, mas relativamente maior em relação à frequência com que geralmente costumo postar. A razão para isso é que tenho estado tão ocupada e, como vocês sabem, não gosto de postar apenas para desfazer o peso na consciência e manter a história rodando, eu realmente gosto de dar atenção e tratá-la com carinho, até porque vocês merecem o melhor.

Segundamente, pelo rumo que a história vêm tomando vocês já devem ter deduzido que não há muito mais a ser atualizado, certo? Apenas alguns capítulos e já estaremos no fim. Entretanto, não quero que seja uma despedida desde agora. Vamos apenas aproveitar o tempo que ainda temos juntos! ❤️

YDKM | renminOnde histórias criam vida. Descubra agora