Não me apetecia estudar naquele dia mas não tinha outra hipótese, se não estudar, decidi não ir pelo caminho habitual para descomprimir, nesta nova rota me deparo com o transporte escolar, um machimbombo branco, estava parado no semáforo, ainda faltava muito para eu chegar na nossa paragem central, de certeza que não apanharia este autocarro, e perderia a primeira aula. Decidi entrar de fininho pela porta traseira do auto autocarro, recebi uma mãozinha de alguns colegas da minha laia, que estavam dentro. Fazíamos muito isto, a união fazia-se sentir muito mais no meio de nós considerados alunos indisciplinados do que no meio dos alunos disciplinados, felizmente eu não fazia parte deste grupo chato. O autocarro era carinhosamente tratado por "vai dar namoro" por existir duas filas com cadeiras viradas uma para outra e separadas por um estreito corredor, quem tivesse a sorte de sentar, olhava direitamente para a pessoa que estava sentada na cadeira do outro lado, claro que era uma boa oportunidade para iniciar uma conquista. Mas não era o meu dia de sentar enfrente a uma menina atraente, fiquei de pé no corredor com os braços suspensos nas barras de apoio, como todos outros atrasados. Não me importava de ficar naquela posição, de tanto atrasar me acostumei, às vezes até preferia aquela posição para apreciar melhor a paisagem durante a longa viagem. Deste modo conseguia ver da janela enorme, as pessoas naquela rua, a maioria delas eram alunos de uma escola nas proximidades, eles faziam a travessia justamente na passadeira que estávamos parados, por mais incrível que pareça, no meio de tanta gente, a menina que eu apenas conhecia pela internet também estava atravessando, enquanto conversava com duas outras meninas aparentemente suas colegas, estavam todas uniformizadas. No mesmo instante, o maldito "vai dar namoro" começou a movimentar-se, e eu continuei pasmo, muito lento e um pouco apaixonado pelo brilho da menina negra de um metro e sessenta e pouco de altura. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, se eu não tivesse me atrevido a subir de fininho no machimbombo, talvez daria de caras com ela no meio de tanta gente.
O meu pobre coração era inexperiente quando se tratava de sentir coisas estranhas, quase furava o meu peito de tanto bombear.
Durante a viagem para o instituto, não parou de bombear tão rápido, e a minha mente não focava noutra coisa, a não ser naquela menina. Ainda não posso dizer o nome dela, mas acredita que ela tem o nome mais bonito do mundo.
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Quase uma década
Cerita PendekEstá é a minha versão da história sobre o meu primeiro amor.