Quase uma década

Capítulo 10

O jogo basicamente visava em completar o nome de um país. O primeiro começa por  escrever a letra inicial de um país a sua escolha no quadro. O segundo escreveria a letra a seguir, do mesmo ou de outro país a sua escolha, e assim sucessivamente até o nome deste país ficar completo. Caso alguém escrever uma letra, e/ou não saber o nome do país, enfrente ao seu nome será acrescentado um (B-U-R-R-I-N-H-O), uma letra por cada erro. O jogo termina quando a palavra feia fica completa para todos outros jogadores, excepto um que será o grande vencedor. Passamos o resto da tarde a jogar. Era óbvio que o professor de contabilidade não apareceria naquela dia.
O último sinal tocou quando eu disputava a grande final com um dos alunos mais inteligentes da minha turma, mas como era mesmo muito tarde combinamos acabar a partida no dia seguinte, por mim estávamos bem assim, empatados, sabia não teria hipóteses de vencer alguém que conhece nomes de países como Azerbaijão. Caminhamos descontraídos, rindo dos perdedores. Chegamos a nossa paragem, não estava tão cheia como noutros dias da semana, portanto teríamos chances de conseguir subir no primeiro autocarro que aparecesse.
Felizmente tínhamos uma praia enfrente ao instituto, os meus amigos estavam sentados na areia da praia, pude lhes ver de longe, deu uma certa vontade de me aproximar e aproveitar ver o pôr do sol na companhia deles, mas pelas horas estariam prestes a terminar, seja lá o que estivessem a fazer à beira mar, coisa boa não era. Não me adiantaria de nada chegar até eles, preferi subir no "vai dar namoro" com o grupo dos nerds, sentamos todos lá mais ao fundo, para ser honesto não me senti mal, muito pelo contrário, me senti muito mais confortável no grupo deles, a conversa era diferente, muito mais construtiva e fluía com mais precisão. Não falávamos sobre mulheres e bebidas como era hábito dos meus amigos, falávamos de política, não era o meu assunto mas isso me fez refletir se valia mesmo a pena fazer parte do meu grupo de amizade.