Perversa - A vingança

Capítulo II

Melissa

O que fazer quando tudo o que mais quer é vingança?

Quem sou eu? Bem... Eu não sou ninguém. Perdi-me há anos atrás, quando meus pais foram assassinados. Eu vi... Mas, só me lembro dos olhos... Eles me atormentam todos os dias em meus pesadelos.

Mudei para Inglaterra junto ao meu tio. Ele se casou e me assumiu como filha legítima, mudamos de nome e deixamos tudo pra trás. Passei de Emily Smith para Melissa Potter. Fui criada para destruir quem me destruiu.

Estudei nas melhores escolas e não me foi facultado o direito de ser a segunda. Eu tinha que ser a melhor. Eu já era treinada em alemão, por meu pai, francês, por minha mãe e espanhol pela minha babá. Desde jovem já me virava nas três línguas e escrevia também.

Estudei tudo que podia sobre o mundo financeiro. Wall Street era meu objetivo. Formei-me em Oxford, primeira da turma, e ganhei uma bolsa de mestrado em auditoria que acabo de acabar hoje.

Assisto à aula final já sentindo o sabor da vitória: minha entrevista na B&B Financial daqui a duas semanas.

Moro em um apartamento nos arredores de Oxford com minha melhor amiga Modelo Nana Cooler. Ela é o fenômeno das passarelas. Quase nunca está em casa, mora mais na ponte aérea. Mas, diz que vai morar comigo em Nova York, não quer me deixar sozinha.

Meu tio mora em Barth, a duas horas de Oxford, foi quem arquitetou meus passos futuros. Vou em busca do sangue daqueles que um dia, destruíram a mim e a minha família.

Vejo o professor se despedir e agradecer pela nossa brilhante participação neste mestrado. Mais um prêmio para minha coleção: Melhor do curso. Para isso não tinha vida social. Nunca namorei. Nem fui beijada... Nunca sai do meu apartamento. Motivo: FOCO. Eu sei o que quero e como quero e nada vai se por no meu caminho. Bom, pelo menos eu acho...

Não podia estar mais enganada.

Dois dias depois...

Estou empacotando minhas coisas quando o telefone toca:

- Mel, você já arrumou as minhas coisas?

- Nana... Sua folgada... Isso é trabalho seu. Já não basta as minhas coisas?

- Ei... Vamos morar no meu apartamento. Nada mais justo que a mudança corra por sua conta.

- Olha só. Já começou a chantagem... Acho que vou procurar outro lugar pra morar...

- Não se atreva. Mato você antes que possa dizer: ACHEI. Entenda, morarei com você ate quando casar. E mesmo assim, acho que ainda morarei com você.

- Sai fora sua empata...

- Foda é que não é sua vadia virgem... Você ainda brinca de boneca aos 23. Sua careta...

- Não apela...

- Você é uma fraca que não aguenta a verdade.

- O que eu posso fazer? Não são todos de nós que nascem lindos e putos... Nem viram modelos. Respeitem os menos abençoados.

- Até parece... Mas, vai lá. Arrume minhas coisas que a gente se vê no sábado. Tenho altos babados para te contar.

- Já to ate imaginando o que seja...

- Não esculacha. Amo-te e até sábado.

- Também te amo Nana. Beijos...

Acabo de guardar tudo e ligo pra companhia de mudança. Separo a roupa de viagem. A mulher da imobiliária vem buscar a chave do apartamento que será vendido. Tudo empacotado e despachado. Olho o apartamento vazio pela ultima vez, saio trancando a porta atrás de mim. Hora de fazê-los pagar.

Chego ao aeroporto e vejo minha passagem. Encaminho-me para fazer o check - in e encaminho até o portão de embarque quando sou chamada para pegar o avião que me levará para Nova York. Enquanto ela confere, dou uma última olhada para trás. Estou deixando o meu refúgio e voltando pra casa. Ela chama minha atenção e me entrega a passagem. Encaminho-me para dentro deixando pra trás a menina boazinha que fui até agora... Hora de me tornar uma mulher poderosa e perversa...

Eles que se cuidem.

Horas depois...

Chego a Nova York. E ao sair do portão uma ansiedade toma conta de meu ser... Enfim em casa...

Olho triunfante para todos os lados. Pego meu celular e disco um número. Atende no segundo toque e digo apenas:

- Pássaro no ninho!

Do outro lado a voz masculina rouca diz:

- Siga com o plano.

Desligo e avisto Nana me acenando. Ela fica toda desengonçada dando tchauzinho em minha direção. Mas, o que eu queria? Ela tem 1,85. É enorme, mas, é linda. Os caras ficam babando, mas, sente dificuldades em se relacionar... Odeia caras menores que ela...

-Mel... Aqui... Aqui...

-Eu já te vi Nana... - Nos abraçamos. Nem dá pra acreditar que já tem 6 meses que não a vejo.

- Menina, você está linda. O que fez? Andou dando?

- Que isso, Nana? Tenha modos. - Digo vermelha que nem um pimentão.

-Ahhh para... Tem que dar, menina. Nós vamos resolver isso aqui em breve. Você é linda. Gostosa. Mas, nunca nem deu um beijo. Tenho até medo de você ser lésbica. Você não é ne? Eu sei que sou linda, perfeita e gostosa, mas, esse trem de colar velcro não é comigo.

- Nana... - Cicio.

Saio empurrando meu carrinho e balançando minha cabeça pelo papo estapafúrdio da minha amiga. Preciso sair daqui imediatamente.

Sigo desorientada para fora do aeroporto. Eu não iria ficar ouvindo aquelas baboseiras no meio de uma multidão de pessoas que mal conheço. De repente, me sinto observada. Começo a entrar em pânico, olho para os lados aflita. Será que me descobriram?

Nana me abraça por trás. Quase que infarto com seu toque, mas, por fim me acalmo. Ás vezes, isso acontece quando estou sozinha em um lugar público. Sou meio paranoica em relação a ser perseguida, mas, já fiz terapia. Nana me beija no rosto e pede desculpas. Pega a minha mão e sai me arrastando para o seu carro, uma Mercedes CLK vermelha. Ela disse que tem o seu estilo. Poe minha pequena mala apenas com o essencial ate minhas coisas chegarem, na porta malas. Entramos no carro e ela coloca seus óculos escuros e abaixa a capota do carro. Coloca o som na maior altura com a Katty Perry cantando Last Friday Night. Saímos, com ela cantando na maior altura. Meu Deus, de novo centro das atenções. Odeio isso. Me abaixo no banco. Será que demora muito pra chegar em casa?