CAPÍTULO 45

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Ângela

Uma vez li em algum lugar que a pior tortura do mundo era esperar quando se sabe que não se pode fazer nada. Quando a Ariel foi atrás do Leandros, mais do que nunca, entendi completamente essa frase. O que eu poderia fazer a não ser rezar?

Apesar de quase ter morrido de medo de alguma merda grande acontecer, confiava na minha amiga. Tinha fé. Ariel e o neném estavam bem agora. Ariel levou um tiro no ombro e outro no quadril. Isso não era estar bem, mas, se levar em consideração o todo, ela escapou mais uma vez.

Leandros tinha passado por duas cirurgias. Isso foi o que me falaram da última vez que fui ver ele. Cirurgia na perna e a outra no maxilar. Além de oito costelas quebradas. Mais um pouquinho e ele iria morrer de hipotermia ou hemorragia.  

Léo, que já estava baleado, tomou mais três tiros. Um deles o acertou no peito, perfurando o teu pulmão. Ele não corre risco de vida, isso graças aos médicos especialistas.

Os três estavam sobe os efeitos dos medicamentos já a um dia e meio. E no mundo fora do hospital, os jornalistas estavam quase se matando para garantir uma exclusiva com um dos três. Tio Aleksander estava mantendo eles longe, mas mesmo assim... E, todos estavam em alerta.

Tanta coisa acontecendo que eu não sabia muito bem como explicar...

Quando a Ariel acordou, a primeira coisa que ela disse foi o nome do Leandros. Fiz questão de dizer que ele estava bem e em segurança. O que a acalmou, mas nem tanto, pois ela queria sair e ir ver como ele estava.

— Ariel, sério. Tem como você ficar quietinha ai se recuperando? É pedir de mais? — eu apontei para a barriga dela. — Até quando você vai ficar testando a sua sorte?

Ela balançou a cabeça e entendeu. Depois disso, colocou a cabeça no travesseiro outra vez e relaxou, pegando no sono com a mão protegendo sua barriga. Ela estava branca, pálida. Fraca. Entretanto, ela era tão forte. Tão forte... Ariel fazia teu próprio destino, e não tinha nada mais corajoso que isso.

Cada mulher reagia diferente a gravidez. Ariel, pelo jeito, era do tipo de mulher forte que aguentava carregar o mundo nas costas com 9 meses de gravidez.

Com todas essas coisas acontecendo, me sentia apavorada. Quando a mãe da Ariel chegou, resolvi pegar um café no refeitório. Em seguida, decidi passar no quarto dos dois pra saber como eles estavam.

Léo tossia a casa duas palavras e até disso estava fazendo piada. Mesmo estando visivelmente esgotado. Muito atencioso, perguntou sobre a minha amiga e eu passei as informações a ele. Aparentemente, não tinha ninguém da família dele no quatro, o que eu achei estranho. Mas ele não parecia se importar com isso. E pelo que eu estava sabendo, recusou a ajuda financeira do pai da Ariel como se fosse um insulto. Todos, incluindo eu, estávamos gratos por ele ir com ela até no meio daquele maldito lugar.

— Não tenho palavras para descrever o quanto você fez... — eu disse a ele. — Se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, e só falar comigo. A partir de hoje você ganhou mais uma amiga. Uma amiga de verdade, Léo...

Ele me olhou por um segundo e agradeceu, visivelmente abalado.

— Você poderia começar trazendo alguma coisa decente pra mim comer. — ele tossiu e fez uma cara de dor. — E esse café aí?

Eu coloquei o copo atrás das minhas costas.

— Acho que você não deveria... — comecei dizendo mas ele me cortou.

— Pelo amor de Deus! Eu quase morri, o que um café vai fazer de mal? — e mais tosse.

Fiquei por um tempo analisando a cara de dor dele e então cedi.

Duas Semanas De Puro PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora