𝑫𝑶𝑰𝑺.

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- Você está indo para o Brasil, querido? - A senhora do assento ao lado falou, dando um susto no ruivo.

- Oh, sim... sim estou. A senhora também?

- Ah, sim! Estou voltando da Alemanha, minha família é de lá. - Ela sorriu e voltou a olhar para o televisor, que estava em um canal de culinária, Chuuya sinceramente não sabia que comida era aquela, mas ele admitiria que parecia bastante apetitosa. - Você vai para o Brasil por qual motivo? Trabalho? - Perguntou ainda prestando muita atenção em como o homem no televisor preparava o prato.

- Oh, não. Eu vou passar férias com meus pais. - Ele pausou seu filme para falar com a senhora. - E a senhora? Férias também? Tinha dito que é alemã.

- Não precisa me chamar de senhora, querido. Me sinto muito velha. - Ela riu, mas para si mesma do que para Chuuya. - Você está ótimo, ou me chame pelo meu nome, Heidi. E respondendo a pergunta, eu sou casada com um brasileiro. Meus pais na década de 80 vieram fazer um comercial e eu vim com eles, achei que era uma boa oportunidade para uma mulher de 20 anos solteira, mas acabei me apaixonei por ele e fiquei no Brasil. Hoje nós temos um restaurante e 3 filhos. - Ela suspirou e apoiou a cabeça na almofada de pescoço. - Nunca amei tanto alguém quanto amo ele. Me desculpe falar sobre isso com você, querido! Você só perguntou se eu ia passar as férias no Brasil né.

- Não tem problema, senhorita Heidi! Fico muito feliz da senhora ter encontrado um homem que te ama e que a senhorita o ame igualmente.

- Você também vai encontrar um amor assim! Todos nós achamos um dia. Só precisamos procurar no lugar certo. - Ela piscou para o ruivo e murmurou algo baixo demais para o ruivo conseguir ouvir. - Se me der licença. Preciso ir ao banheiro.

- Claro, a vontade.

Ele não viu muito depois, acabou colocando o filme que estava assistindo para continuar, mas acabou dormindo. Então não sabia se a senhorita Heidi voltou do banheiro muito tempo depois, mas ele achava que sim.

Depois de um tempo, que Chuuya descobriu que foram 5 horas desde sua conversa, seu pai o acordou, pois tinham feito uma parada em Guarulhos, a última antes do Rio de Janeiro. Quando acordou a senhora Heidi não estava mais lá, e ela não estava no outro voo também, o que foi uma pena, Chuuya queria ter perguntado o nome de seu restaurante, para ir com seus pais depois, se tivessem tempo.

- Vai na frente encontrar o papai. Eu vou tentar achar uma livraria e ir ao banheiro também.

- Ele disse que estaria em uma lanchonete chamada "Rei do Mate", a gente vai te esperar lá. Caso você demore e nós já tenhamos saído, ligue para um de nós, vou tirar meu celular do modo avião. - Ele afirmou com a cabeça, e seguiu a direção contrária do seu pai.

Chuuya diria que tem uma ótima relação com seus pais desde que se entende por gente. Ele sempre dividiu tudo da sua vida com eles. Quando criança, nunca teve muitos amigos, ele achava que era por conta disso que os garotos e garotas das escolas dele eram tão rude. Mas com o tempo não era mais só por aquilo.

Sempre disseram para ele que sardas eram coisas extremamente bonitas e atraentes. Seu pai Verlaine costumava dizer que suas sardas pareciam constelações, quando ele era pequeno, mas se sardas eram coisas tão bonitas, por que o Chuuya de 10 anos implorou para sua irmã passar base no seu rosto para ir para a escola? Por que quase afogaram ele no rio perto da escola dizendo que a cara dele estava toda suja e estavam fazendo um favor a Chuuya limpando ela? Ou então, por que uma vez jogaram terra na cara de um menino e depois disseram que o rosto dele parecia com o de Chuuya?

Se ele achava que aquilo era ruim, ele não esperava para quando ele se descobriu gay e algum garoto da sua turma o viu beijando outro garoto. Chuuya odiou com todas as forças aquele garoto. Ele foi expulso da escola por ter batido nos garotos que ficaram meses o chamando de viadinho e garotinha, mas os garotos que faziam bullying com ele e homofobia não foram punidos, por que só ele foi? Ele ficou tanto tempo esperando que a coordenação fizesse algo e só viam e falavam que era uma brincadeira de nada. As inúmeras crises que ele teve por conta de tudo aquilo não pareciam brincadeirinhas. Ele tem dificuldades em gostar das suas sardas até hoje, então ele normalmente passa uma base ou qualquer coisa para esconder elas.

- Oh, Deus. Eu sinto muito, eu não te vi. - Um homem de cabelos grandes, partidos no meio, um lado sendo platinado e o outro lilás. Ele não sabia se era natural ou não, talvez fosse até peruca. O albino esbarrou em Chuuya quando estava entrando no banheiro, ele tinha a cara toda inchada e olhos vermelhos.

- Não tem problema! Está tudo bem? Parece que estava chorando.

- Tá sim, não precisa se preocupar. - Ele passou a mão nos olhos, enxugando suas lágrimas e sorriu para o ruivo.

- Se quiser falar alguma coisa. Eu não te conheço, então não vou te julgar.

- Oh, muito gentil da sua parte, mas é só um problema bobo de namoro. Meu ex terminou comigo e sabe, a gente namorava a 5 anos, e além disso tem outra coi... - No fundo foi possível ouvir a voz de um homem chamando por alguém chamado "Sigma?", o qual Chuuya entendeu que era o homem que ele estava conversando, pois assim que o homem gritou o platinado virou o rosto para procurar a voz. - Meus amigos estão me esperando, se me dê licença. - Ele deu um sorriso de lado e saiu pela porta.

E qual era a outra coisa? Sua irmã teria ido atrás dele e o obrigado a contar a informação, fofoca, mas ela negava que aquilo era fofocar, se estivesse aqui. Ele também iria se já não tivesse demorado tanto procurando o banheiro e falando com o tal de Sigma. E depois dali, antes de encontrar seus pais, pretendia passar em uma livraria para ver se achava um exemplar em inglês de "Maze Runner", tinha assistido todos os filmes durante a viagem e descobriu navegando na internet que existiam livros da saga de filmes. E outra que ele já não aguentava mais ver filmes, documentários e programas, um livro era bom, e felizmente, não enjoava de ler em viagens.

Ele tinha visto "Marley e Eu" e "Quatro Vidas de Um Cachorro" também, mas ele não precisa mais que aquela humilde senhora que deu o pano dela para Chuuya limpar as lágrimas, ver ele chorando. Ele não gosta que o vejam chorar, mas vamos lá, quem não chora em filmes de cachorro né.

 Ele não gosta que o vejam chorar, mas vamos lá, quem não chora em filmes de cachorro né

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Me perdoem qualquer erro de acentuação e pontuação.

Eu vou tentar postar os capítulos na sexta ou no final de semana, porque são os melhores dias para mim, mas talvez eu possa acabar postando antes.

Comentários são sempre muito bem vindos ♡

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