Capítulo 22 - Ingrid

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Assim que Ingrid recebe a mensagem de Lina, ela começa a arrumar seu quarto. Tirou as cobertas do chão e as dobrou, colocou toda a roupa suja para lavar e arrumou sua cama.

- Que milagre é esse? – Paulo pergunta, aparecendo na porta de repente.

- O que? – Ingrid demora um momento para entender – Ah. Não é milagre nenhum.

- Não aconteceu nada, querido! – Paulo grita para Jorge, que estava na sala – É que a Lina vai vir!

- Ah – ele responde da sala – Faz sentido!

- Argh – Ingrid bufa – Vocês não deviam estar trabalhando?

- Quando é que você ficou tão aborrecente? – fala Jorge, aparecendo ao lado do marido.

Ingrid suspira – Desculpa. Não foi uma coisa legal de se dizer...

- Não fique nervosa, In. – diz Jorge – Ela gosta de você.

- E do seu jeitinho de ser – diz Paulo, apontando para a bagunça que restava.

Ingrid ri.

Ingrid estava treinando umas notas no violão quando ouviu passos pela janela. A garota coloca o violão na cama e corre para a porta. Assim que a abre, vê Lina no portão. As duas sorriem e Lina desvia o olhar.

- Oi – diz Ingrid.

- Oi – sorri Lina, entrando no jardim.

Ingrid a guia para dentro e se assusta com seus pais a observando da cozinha.

- Oi, tio Paulo, tio Jorge – cumprimenta Lina.

Quando Lina dá as costas Ingrid gesticula um "parem com isso" com a boca.

Ingrid entra no quarto e vê Lina com seu violão. Normalmente, ela sentiria um ciúme instantâneo, mas isso não aconteceu dessa vez.

- É a mesma coisa do ukulelê? – pergunta Lina, testando acordes.

- Basicamente – responde Ingrid – A diferença é que têm mais cordas. E é maior.

- Sim – diz Lina, concentrada.

Ingrid se surpreende com a familiaridade de Lina. Ela parecia estar em casa. Extremamente confortável. Estava com uma blusa que citava o refrão de "The Nights" e uma calça e jaqueta jeans. E obviamente, um All Star cinza.

Ingrid quis gritar quando percebeu o quão linda era ela.

- Peguei o jeito da coisa – Diz Lina, tirando Ingrid de seus pensamentos.

Ela começa a tocar "The Nights" com um dedilhado. Bem suavemente. Ingrid começa a assoviar a música e se senta ao lado dela.

Lina parecia tão serena. Como se a música tivesse o poder de calar todos os seus pensamentos. Ela para de tocar assim que percebe o assovio de Ingrid.

- Você... – Lina começa.

- Eu... – diz Ingrid – Isso... uou.

- In! – exclama Lina.

- Não é a primeira vez sabia? – confessa Ingrid – Quando cantamos naquele bar do shopping, eu assoviei durante toda a música. Foi surreal.

- Isso é incrível – sussurra.

- Não. – diz Ingrid – Você é incrível. Acho que você não tem ideia do quão bem você me faz. Olha pra mim! Até assoviando eu estou. Depois de 9 anos... Por 9 anos nenhuma nota musical saiu da minha boca.

Quando a noite se torna eternaOnde histórias criam vida. Descubra agora