Papai

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Sentir que pertence a algo nunca foi algo que se protagonizou durante a minha adolescência, nem quando eu arrastei meu amigo para procurarmos um corpo na floresta. Muito menos quando eu descobri que estava grávido, isso mesmo, eu, um homem grávido.

Começou com enjoos e tontura, do tipo que me fazia correr para o banheiro para vomitar e encostar nas paredes ou no que estivesse no caminho para que eu não saísse rodopeando por aí.

Mas o pior não era nem isso, era não saber quem era o pai ou a mãe dessa criança e ter uma explicação do seu surgimento, essa situação era tão estranha que nem Deaton, o druída e chefe do meu melhor amigo Scott, podia explicar. Meu pai ficou em estado de choque quando descobriu, todos ficaram, mas depois de se acostumarem com essa situação, me sinto cada dia mais mimado e amado.

Todos a quem me refiro, é o meu bando, que é a minha família.

Tem o meu pai, Noah, que descobriu a pouco tempo sobre o mundo sobrenatural e vive tentando me afastar dele, tentativas essas que são falhas já que sou praticamente um imã do sobrenatural.

Meu melhor amigo Scott, um alfa genuíno e muito leal, sempre tenta resolver tudo, a maioria das vezes com a minha ajuda.

A Lydia, meu antigo crush colegial, era um pouco esnobe mas com o tempo amoleceu seu coração e é feliz com o Aiden, seu noivo.

Malia, minha ex antes de eu me assumir, um pouco rabugenta e sincera mas foi isso que me ajudou a descobrir quem eu realmente sou.

Tem também o sourwolf Derek, vulgo meu ex, namoramos intensamente e o fiz descobrir sua bisexualidade, mas só tinhamos fogo na cama.

E Liam, Mason, Hayden e Corey; os caçulinhas do bando.

Já faziam três semanas que eu havia descoberto sobre essa nova vida, em uma brincadeira de não tão mal gosto da Lydia, que me obrigou a fazer um teste de gravidez, porque para ela eu sou uma cadela no cio. Eu não havia transado com ninguém além de Derek e eu não iria fazer ele surtar com a estranheza de eu estar grávido e com a possibilidade de ser o outro pai, então com a ajuda de Melissa a mãe do Scott e enfermeira no hospital da cidade, fizemos um ultrassom e vimos que não coincidia o tempo de gestação. Derek não era o pai.

Contar para todo o bando foi um misto de sentimentos, no começo foram risadas, depois choque e incredulidade e por último apoio, amor e muito carinho. Ainda não sabia o sexo, nem quem era o pai, mas eu sabia que tinha algo sobrenatural e que o atrairia cada vez mais para mim e para o bebê.

- Você já pensou no nome? - Lydia veio me atazanar na loja penhores que trabalho.

- Não Lydia, ainda não - revirei os olhos com queixo apoiado sobre a mão, enquanto escorava no balcão.

- Sabe que é bom já começar a pensar nisso, para não ficar chamando o bebê de "Coiso" a gestação inteira, né? - ela estava certa, mas até que não seria uma má ideia.

Neste momento a porta se abre, um novo cliente.

- Sei, agora pare de me encher e me deixe trabalhar - supliquei.

O cliente era loiro, um pouco mais alto que eu, olhos verdes escuros e profundos e um semblante sério e sombrio, como de um rei.

- Tesouro Perdido, loja de penhores, em que posso ajudar? - já virou padrão essa forma de atendimento para mim.

- Estou procurando uma adaga de... hmmm... - ele pareceu deixar sua atenção na loja e focar em mim e não sei explicar, mas foi tão bom - ...prata, ou algo assim.

- A-Alguma em específica? - quando eu comecei a gaguejar sem motivo.

- Sim, uma que vem passando de geração em geração na família - aquilo não pareceu tão sincero - Vou saber quando encontrar.

Papais por Acaso - StlausOnde histórias criam vida. Descubra agora