capítulo 6

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Bom dia Gurias!

Bom dia Gurias!

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Capítulo 6

(Júlia)

Por dois cavalgamos em silêncio absoluto. Ragnar e eu estavamos no mesmo cavalo. Ele usava um outro para carregar a carga das pilhagems e outras trouxas de couro. 
Eu já não sabia dizer se Ragnar conduzia o cavalo ou se estava tão cansado e ferido que apenas permitia que ele o levasse o mais longe do vilarejo. Tinha medo de relaxar em seu peito e acabar machucando-o mais. Cada vez que eu recostava sem querer por causa do cansaço da longa calvagafa eu o sentia endurecer se retesando pela dor. Também havia outra sensação que me incomodava a umidade quase que e enxarcava algum ponto logo acima de minhas costas.
O quanto ele ainda aguentaria nesse estado? Precisava de cuidados.
Ragnar puxou a corda com uma única mão e os cavalos pararam. Ele foi o primeiro a avistar um casebre de pedra quase todo coberto por neve. Ele desceu do cavalo e me puxou para baixo colocando-me em segurança no chão. Passou a mim a corda que mantinha os animais presos.
— você vai até lá? — foi a primeira vez que falei em dias sem comer ou beber, e minha voz saiu rouca e estranha como se não fosse minha.
O titã apanhou o machado e a espada munindo-se.
— por favor não vá. — pedi e o segurei pelo braço largo e musculoso coberto por uma malha de ferro.
Ele olhou para meu apelo mas não disse nada.
— você não está em condições de lutar. Se tiver qualquer pessoa lá … — não continuei mas nós dois sabíamos, a diferença entre nós é que ele não tinha medo.
Deu um puxão no braço e marchou sozinho em direção a casa. As duas armas , uma em cada mão.
Ele foi se afastando, a postura era de um guerreiro imponente destinado de toda a neve branca. Passei a corda que ele me entregou a pouco por entre o tronco de uma árvore e dei um nó apta que não escapassem.
Corri na direção dele e caminhei ao seu lado. Ele me lançou um olhar irritado pela desobediência e mesmo tão debilitado senti medo de sua presença, ao mesmo tempo que não podia me afastar dela.
Parado diante da porta de madeira crua ele usou o cabo do machado para bater. Não se ouvia nenhum sinal de vida vindo lá de dentro. A porta não foi aberta.
A segunda batida não aconteceu. Ragnar meteu um chute violento e a madeira quase se partiu, rangendo ao abrir. Ele entrou primeiro sondando por alguma ameaça e eu fui logo atrás.
O casabre era composto por um único cômodo todo em pedra fria, da lareira também de pedra havia um amontoado de neve. Atrás da porta dois tocos pequenos de madeira e  uma toco um pouco mais largo que deveria servir como uma peque a mesa.. Próximo a lareira um amontoado de panos velhos cobriam um corpo.
Gritei quando vi o cadáver congelado, quase mumificado.
Ragnar largou as armas e afastou os trapos que cobriam o homem que já deveria estar morto a vários anos. Ele o carregou para fora nos próprios cobertores e o jogou para fora da casa sem cerimônia. Trouxe de volta os panos e os atirou em um canto. Então foi até a lareira e começou a puxar a neve. Fiz o mesmo para ajudá-lo.
Trabalhamos em silêncio por algum tempo já que não havia nada que facilitasse nosso trabalho.
Ele saiu do casebre e foi até os cavalos, fiquei o vendo a distância trazer consigo as pesadas trouxas para dentro. Largou tudo no chão e voltou a querer sair.
— aonde você está indo? Vai acabar morrendo aí na neve.
— precisamos de madeira seca. Os os próximos corpos a serem encontrados aqui serão os nossos.
— posso ir junto?
— não. — rosnou mal humorado  e partiu em direção a floresta.
Fechei a porta e sentei no toco menor que servia de banco. Olhei ao redor procurando algo para fazer ou para arrumar, mas não haviam móveis a não ser pelo conjunto de tocos que serviam como conjunto de uma pequena mesa para dois. Nas paredes não haviam prateleiras nem nada do tipo. Levantei impaciente e fui até os trapos e os agirei no ar espantando a poeira. As cobertas já nem fediam e a casa balançada saia uma nova nuvem poeirenta. Dobrei tudo e voltei a me sentar.
Por que ele está demorando tanto? Será que desmaiou na neve? Morreu? Temi por ele. Levantei de novo decidida a ir procurá-lo, mas a porta foi aberta e Ragnar entrou carregando uma quantidade considerável de galhos secos.

A chama crepitava na lareira ao final do dia. Eu estiquei um dos panos próximo ao fogo e fiquei ali aquecendo-me. Ragnar tirou o manto de pele de raposa e me cobriu. O guerreiro sentou a beira do fogo e fez um careta de dor quando recostou na parede.
Não ofereci com palavras minha ajuda pois se ele negaria. Me aproximei dele e seus olhos acompanharam meu movimento. Avaliei seus ferimentos, a sobrancelha stava cortada, o maxilar esfolado em pontos onde a barba não cobria.
Ele usou o braço em esquerdo para mover o cantil até a boca e seu rosto novamente denunciou a dor.
Com a cautela de quem se aproxima de um animal selvagem e imprevisível eu afastei a malha de ferro.
Suas roupas estavam molhadas de sangue. Assustei-me com o ferimento em seu ombro. Um talho vermelho próximo ao ombro havia atravessado sua carne, um golpe de faca ou espada talvez.
— precisamos parar esse sangramento e fechar a ferida
— eu vou ficar bem. — rosnou.
— vai, e eu vou emagrecer comendo só sorvete e pizza. — Debochei — fique parado aí.
Fiquei de pé e fui até a trouxa com as coisas roubadas e peguei um cálice . Abri a porta e enxi com neve. Aqueci no fogo e usei uma parte de minha camisola longa branca que ficava por baixo da saia grossa marrom. Usei a lâmina de uma faca e parti o tecido. Um pedaço grande o suficiente para que fosse usado como gaze.
Molhei na água da neve derretida e comecei a limpar seus ferimentos. Um a um, cuidadosamente.
Seu peito era era coberto por cicatrizes já recuperadas, resquícios de lutas que fizeram dele o guerreiro brutal que era. Cada toque do pano molhado sobre suas feridas fazia com que deu corpo musculoso se contraísse.
Seus punhos estavam cerrados sobre as pernas. Os nós dos dedos esfolados, era como se estivesse prestes a me dar um soco por cutucar suas feridas.
— limpo na medida do possível . Mas acredito que você deveria tomar antibióticos e levar alguns pontos.
Ele me encarou.
— Espada. — ordenou.
Espada? Pra que? Pensei apenas evitando perguntar. Apenas alcancei a ele, era pesada e eu mal conseguia carregar com as duas mãos, era impressionante ele conseguir manusear a arma ferido e apenas com uma .
Ragnar aproximou a ponta do metal ao fogo e ele ficou vermelho. então usou a ponta flamejante que tinia para a ferida no ombro, o metal chiou quando encontrou a carne. ele urrou como um animal, cerrando os dente cheio de dor.
Tive que virar o rosto não consegui ver.
— atrás. — ele me chamou e me entregou a espada pelo cabo, querendo que eu fizesse o mesmo.
— o que?! Eu não vou conseguir fazer isso. Mal consigo carregar e você quer que …
— faça! — exigiu
— Meu Deus… meu deus… — reclamei ficando de joelhos. imitei o que ele havia feito. Aqueci a ponta do metal. Ragnar afastou-se da parede e virou de costas para mim.
Minha respiração se acelerou pelo nervosismo.
Ragnar urrou quando colei a lâmina contra sua pele.
— Desculpa , desculpa desculpa. — dizia apavorada.
A carne se enrugou um pouco, tinha dado certo. A ferida já não estava mais sangrando. Larguei a espada incrivelmente pesada e soltei o ar aliviada por ter terminado.
Ele deitou-se a beira do fogo e fechou os olhos. O corpo desligando pelo cansaço e pela dor. Não consegui dormir. Fiquei sentada encolhida ao seu lado, observando os traços masculinos do gigante aloirado, a barba quase tocando o peito músculo e marcado por cicatrizes. Era como estar diante de um gladiador dos tempos medievais.
Ragnar abriu os olhos.
— obrigado, Lisavetta. — disse olhando para mim.
Quis dizer a ele que não era a mulher a que ele tanto procurava, mas não disse.

Quis dizer a ele que não era a mulher a que ele tanto procurava, mas não disse

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Amanhã tem mais 😁❤️⭐ bom domingo!

Escorpião - Degustação História Ficou Completa Até 16/02/2023Onde histórias criam vida. Descubra agora