𝗦𝗮𝗺𝗲 𝗽𝗹𝗮𝗰𝗲, Chaeda [C]

같은 장소

Na vida, e com vida eu digo "tudo", nós temos escolhas a fazer, certas, erradas, todas são opções que temos para dar continuidade. Assim como você escolhe pegar o celular e ignorar o mundo, eu escolhi me jogar de cabeça nele.

Muitos caminhos são becos sem saída. E o que eu escolhi seguir era justamente um beco sujo e maldoso, sem saída. Meu único jeito de sair de lá era dar um jeito de subir, porque voltar atrás estava fora de cogitação, ali pelo menos eu teria o que comer no dia seguinte, mas se eu voltasse atrás eu viraria osso. Bom, nas duas opções eu corria o risco de morrer com uma bala na cabeça.

Mas se já fui tão longe, por que não seguir?

Foi o que me perguntei. E minha resposta foi: Kim Dayeon. Ela era meu meio de subir, meu motivo para me manter ao lado dela, e meu obstáculo para me fazer ficar onde estava.

E o que eu fiz? Eu me apaixonei pelo meu obstáculo. Porque ela é doce, viciante, e tem dinheiro.

Mas eu também sei ser doce e viciante.

Beleza vamos voltar um pouquinho antes disso tudo, e contar essa história do começo.

sáb, 23 de maio

A noite está congelando. Com os dedos trêmulos ajeito o enorme casaco de plumas rosadas por meus ombros. Vou aproveitar enquanto ainda tenho roupas que fornecem calor ao meu corpo.

Passo rápido pelo beco e entro pela porta enferrujada do estabelecimento. Por dentro é tudo chique, nada que eu já não tenha me acostumado depois desses anos todos, nada novo sob a lua.

Subo pelas escadas dos fundos e adentro a porta com meu nome após passar o corredor dos camarins que as meninas dividem. Arrumo uma xícara com café para mim, e me sento perto da janela, deixando meu casaco sobre a enorme cama, afinal, meu camarim é praticamente um quarto pra mim também. Visto um roupão, apenas para prolongar meu tempo com o corpo aquecido.

Não querendo me gabar, mas já fazendo isso, eu mereço meu lugar como estrela principal. Foram anos de trabalho árduo para chegar onde cheguei. Escapar de onde escapei. E me jogar nesse beco como me joguei. Eu aprendi a subir aqui, aprendi como me portar, como sobreviver nesse meio, aprendi a conquistar meu ganho. Eu fiz o que podia para sair do chão e ficar um pouco longe do risco de morrer de fome.

Minha mania de chegar mais cedo me fez esperar meu horário, que hoje seria mais cedo. Nesta noite eu me apresentaria no meio da programação, ainda sendo a atração principal. A estrela da noite, a que mais faz dinheiro.

Cuidando o relógio, como sempre antes do horário, calmamente fiz o percurso até o palco, hoje eu iria para o pole dance.

Desato o nó do roupão o deixando ali mesmo e quase no mesmo instante sinto minha pele arrepiar pelo frio. Subi lentamente os degraus do palco, sendo escondida pela escuridão e por cortinas em tom vinho. Me recostei no poste e aguardei pacientemente. Enquanto isso preparei minha expressão mais provocante e sexy.

Pontualmente, fui anunciada, as cortinas se abriram e a luz do holofote me deu o destaque necessário no meio daquela sala escura, uma luz nem tão forte, mas o bastante para trazer um ar sensual e me fazer visível.

Dançando, seduzindo, encantando, e ganhando dinheiro. Sim, dinheiro. Muito dinheiro sendo jogado sobre o palco. Passo as mãos por meu corpo, por meu cabelo, rosto, parando com os dedos sobre os lábios. Virada de costas com as mãos em meus joelhos, desço ondulando meu quadril até sentir o salto na polpa de minha bunda, jogo meus cabelos para o lado abrindo e fechando as minhas pernas. Subo novamente ficando suspensa no poste, dando algumas curtas voltas e paro passando meus dedos por minha clavícula. Assim, abro os olhos de forma lenta, tendo noção do efeito que eles passavam.