Boa tarde lindeza <3
Capítulo 8
(Júlia)
Acordei num sobressalto quando ouvi um ganido animal , um lamento em forma de uivo, vindo do lado de fora da cabana, pensei em Ragnar guerreando contra a alcateia. Ferido, a dias se se alimentar. Poderia não sair vencedor se houvessem muitos.Quis sair e ver se ele estava ferido precisando de ajuda mas tive medo de sair na completa escuridão da noite.
Me sentei encolhida a beira do fogo, o pesadelo ainda vívido na mente. Nunca havia tido um sonho como esse antes, tão real, tão vívido, eu era eu mesma, ao mesmo tempo que era a outra garota rebelde a quem a senhora chamava por Lisavetta. Como algo assim poderia existir?
Como Lisavetta era tão parecida comigo? Como dividimos as mesmas sensações. A escovada que ela levou, eu também a senti. O rancor dela também amargurava em mim. Será que? ... A ideia pairou no ar, absurda ao ponto de não conseguir ser dita nem ao menos em meus pensamentos. Neguei.
— Júlia, você está ficando maluca
Será que eu e ela havíamos trocado de lugar por causa do seu diário? Será que Lisavetta agora estava em meu apartamento, na minha época vivendo a minha vida?
Ri de mim mesma.
— É Júlia com certeza você está ficando maluca. — Debochei em voz alta.
Vi o cálice com a flor de cardo santo toda murcha, aquela era outra peça que parecia não se encaixar no quebra cabeça. Como eu sabia que aquela planta entre tantas pelas quais passei pelo bosque, aquela em específico seria capaz de curar a febre de Ragnar? Se fosse me guiar pelo sonho... Lisavetta poderia saber, não eu. O quanto nós duas dividimos?
Por horas até ao amanhecer fiquei perdida entre teorias e possibilidades, nada fazia sentido e mesmo depois de tantas voltas eu continuava no mesmo lugar. Sem saber coisa alguma do que havia me acontecido.
A entrada abrupta de Ragnar pela porta me fez soltar um gritinho de medo. Estremeci quando o vi as mãos sujas de sangue, o rosto sério, maxilar tensionado. A primeira vista não dava para dizer se estava mais ferido ou não.
Ele havia demorado tanto que houve momentos onde achei que os lobos haviam levado a melhor e eu não o veria mais.
— Você conseguiu? Pegou algum? — O silêncio dele me incomdava. — Achei que tivesse morrido na floresta.
— Algum? — Ele desdenhou e deu um risinho. Como quem me desafia a olhar o que tem do lado de fora da cabana.
Fui até a porta enquanto ele largava seu machado e a espada sobre a tora de madeira. As lâminas ainda estavam um pouco sujas. Lá estavam , seis cadáveres de lobos. Virei o rosto.
Meu Deus do céu, são iguais a cachorro, acho que não consigo comer um cachorro.
Voltei para dentro.
—Vamos tirar as peles e deixar secando. Usaremos como abrigo. Teremos carne suficiente por alguns dias.
Eu o obedeci, quanto mais tempo passava com Ragnar, maior era a sensação de que eu já o conhecia a mais tempo do que de fato eu pensava. Mais lembranças vinham de pessoas chamando a mim por Lisavetta.
"Esse aqui serve para temperar a carne." Outra senhora um pouco mais velha me alertou enquanto colhia folhas silvestres. Agora eu fazia o mesmo. Andava a procura de temperos que conscientemente eu nunca tinha ouvido falar, mas bastava eu colocar os olhos neles e as lembranças de uma outra vida vinham a toda.
— Ragnar— puxo assunto enquanto jantamos a beira da lareira.
Ele come um pedaço da coxa assada com as mãos, Bruto, sem nenhum pingo de educação. Eu dou pequenas beliscadas na carne presa ao osso, uso a ponta dos dedo, sinto um misto de nojo e dó por estar comendo mas memo assim o faço.
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Escorpião - Degustação História Ficou Completa Até 16/02/2023
RomanceLivro único. Série signos