Caminhos

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Dois fatos sobre mim primeiro, eu não tenho culpa de suas escolhas, sou simplesmente resultado das suas atitudes, eu nunca vou até vocês, vocês que me convocam e eu apareço, é meu legado, minha sina, meu dever, sou apenas um errante que vago sobre a terra dês do principio, vocês me culpam pelos seus atos e isso é no mínimo revoltante. Segundo essa vai ser a primeira e a ultima vez que vou lhes contar uma historia. Á e desculpem minha falta de educação nem me apresentei não estou acostumado com apresentações, me chamem do que quiser amigo, inimigo, dor, saudade fica ao teu critério, mas meu nome mesmo é... Calma... Sempre esqueço... Ah lembrei vocês costumam me chamar de Amor...

Caminhos

Antes de eu começar minha historia me digam uma coisa, porque vocês sempre que vão falar de uma historia em meu nome vocês são tão patéticos. É serio vocês sempre vem com uma historinha onde eles se olham e como se fosse mágica, estão amando, não é tão fácil assim, tem regras ao longo da historia vou ir às explicando a vocês.

Primeiro tem o encanto.

Na maioria das vezes o encanto é a primeira coisa que um vê no outro, vocês costumam dizer nos seus livros que é sempre um olhar, um sorriso, isso até funciona, mas não é sempre. O que me intrigou naqueles dois foi como tudo começou em meus milhões de anos de vida nunca havia acontecido dessa forma, deve ser por isto que resolvi contar a historia deles. Mas calma iremos devagar primeiro falemos sobre cada um dos dois, como eu não sou cavalheiro começo pelo Filipe.


Capitulo um

Filipe

O despertador já tinha tocado duas vezes, mas ele se recusava a levantar sua cabeça ainda doía ele odiava quando os pais deles brigavam, e ultimamente isto estava se tornando muito comum, o garoto já nem se lembrava quando começou tais brigas só torcia para que parassem logo.

- Ei Lipe teu vagabundo levanta cara a gente vai se atrasar pra escola pó - quem subia as escadas gritando era Camilo o irmão mais velho de Filipe.

- Já to indo Camilo não enche.

Mesmo sabendo que iria se atrasar ele não queria se levantar passará a odiar a escola, odiar os alunos, principalmente os jogadores que tanto se diziam machões eles não o deixavam esquecer, ou melhor, ninguém o deixava esquecer o dia que o irmão dele gritou para toda a escola, afinal foi dês daquele dia que a vida de toda família se tornou um pesadelo.

Sentou se na cama e ligou à câmera frontal do seu celular ele não era um cara feio, os cabelos, lisos e castanhos lhe caiam sobre o rosto, tinha um olhar distraído de um castanho claro, ele não ela o biótipo de jovem malhada pelo contrario ela magro e alto o perfil de um bom nerd na verdade é que ele não se importava em ser feio ou bonito, nunca se importou e nem em não ter uma namorada, mas o pai dele passou a ficar forçando a namorar logo, afinal para um homem rústico apenas um filho gay já é o bastante.

O atraso para se levantar da cama lhe custou o café da manha se trocou correndo, seu pai o levaria o irmão já havia ido com o carro da mãe deles.

- Estamos atrasados sabia? - disse o pai de Filipe.

- Eu sei pai foi mau, vamos?

A escola não ficava longe, mas Filipe ligou uma musica nos fones de ouvido, não queria ouvir a mesma ladainha de sempre.

- Filipe, desligue este celular quero falar com você.

- Oi pai - respondeu ele tirando os fones - o que foi?

- Você não vai namorar não, na sua idade eu já tinha tido umas três namoradas.

- Pai entenda - a cara de Filipe exemplificava o tédio de ter que responder a mesma pergunta pela centésima vez - eu não quero namorar agora prefiro estudar, to no primeiro ano ainda, tem muita coisa nova.

- Eu sei filho, sabe... É que eu não quero que você seja como o Camilo.

- Porra pai - se via nitidamente pelas contorções do rosto de Filipe a raiva que emanava do peito dele - meu irmão não é nem um monstro, ele não merece ser tratado assim, principalmente por você que é o pai dele.

O velho Tiago pisou no freio com tanta força que o carro girou em plena rua, que por sorte estava sem movimento.

- PRIMEIRO NUNCA MAIS FALE DESSA FORMA COMIGO SEU MOLEQUE - gritava o pai - SEGUNDO, O QUE O SEU IRMAO FEZ É A PIOR COISA PARA UM PAI, VOCE ACHA QUE É FACIL FICAR TODA MANHA NAQUELE MALDITO BAR OUVINDO UM MONTE DE BEBADO PERGUNTAR DA MINHA FILHA? SAIBA QUE NÃO É NADA FACIL SER O PAI DO VIADO DO BAIRRO.

- Pai - respondeu Filipe, de uma forma serene tentando acalmar o pai - também não é fácil para mim, na escola, todo dia tem alguma piadinha, mas eu as suporto porque amo meu irmão, e não vou deixar de amaro por nada, jamais.

- Eu sei filho, eu também o amo, o problema é este eu também o amo.

Alguns carros já estavam parados atrás do Kadet deles, o velho Tiago endireitou o carro engatou a marcha e foram os dois em silencio, ambos quietos por motivos diferentes, Filipe porque não queria mais brigar com o pai, e Tiago porque não queria que o filho visse as lágrimas que lhe molhavam o rosto.

"é tão comum para mim ver homens escondendo o rosto, para que ninguém note que eles chorem, em tanto tempo de existência nunca entendi, porque os homens não choram."

O carro parou em frente a escola, Filipe desceu e foi para dentro sem nem olhar para trás, o pai acelerou assim que ele fechou a porta, eles sabiam que tinham de ser fortes, com a camiseta pai e filho secaram as lágrimas, o dia estava apenas começando muita coisa poderia os machucar ainda...


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