PARTE 2

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V

Alguns funcionários perambulavam para lá e para cá no subsolo, se preparando para troca de turnos. Algumas poucas palavras eram trocadas, era um ambiente silencioso, todos estavam mais preocupados com o trabalho que tinham a fazer. Ao longe, se prestasse atenção, podia-se escutar as músicas tocando nos salões, mas distante demais para não passar de uma insinuação. Yriu e Sylf se dirigiram ao seus armários para pegar seus uniformes e vesti-los.

Sylf colocou cuidadosamente sua jaqueta no gancho, e discretamente, tirou uma das seringas e capsulas escondidas e colocou as no bolso, para facilitar seu acesso quando precisasse delas. Então vestiu o uniforme roxo e fechou o armário, refletiu sobre algumas complicações básicas que poderia esperar. O sobsolo, mesmo que qualquer vivalma ficasse ali durante os turnos de trabalho no salão, ainda existia um pequeno empecilho de se acessar o sobsolo nesse período, os malditos sentinelas, os vigias de sucata que perambulavam pra lá e pra cá como ratos na escuridão, e caso topassem com alguém notificação a central e exigiam credencias de identificação, Sylf tinha as credencias, era funcionário do local, mesmo assim não queria que a central fosse avisada sobre sua presença ali em baixo, teria que tentar evitar a todo custo os sentinelas. O salão, essa era a parte mais imprevisível do esquema, Sylf não poderiam prever, apesar de achar que não aconteceria, se alguém iria requisitar ou não a companhia de Aquarius, caso acontecesse o plano seria abortado prematuramente, seria impossível tirar um acompanhante de um convidado sem que houvessem muitas perguntas, todos que requisitavam acompanhantes ali, pagavam muito caro por isso, então cada segundo contava. Mas nos últimos tempos, Aquarius fazia cada vez menos companhia aos convidados, Sylf não sabia bem o porque, Aquarius era uma verdadeira beldade, mesmo assim, parecia constantemente estar sendo deixado de lado. Mesmo assim não podia desconsiderar completamente a aparição de um convidado que se interessasse, tinha que agir antes que isso ocorresse.

- O que eles estão fazendo? - Yriu perguntou baixinho. - Já deviam ter descido. Ah, se a gente levar bronca a culpa vai ser deles.

Sylf assentiu, sem dar muita importância. Seus pensamentos começavam a se acelerar de novo. Foi quando ele se lembrou de algo.

- Ah, Yriu pode me fazer um favor?

- Favor? Depende. O que é?

- Não é nada demais. É que ultimamente tenho sofrido de náuseas sabe, e bem tem sido terrível. Tive uma consulta e me foi receitado alguns medicamentos e...

- Não, não posso arranjar substancias pra você se é isso que quer, sinto muito, eu...

- Não! Não tem nada a ver com isso, apenas deixe-me terminar. - Sylf tentou não soar agressivo. 

- Já tenho os remédios que preciso, só que as dosagens tem que ser aplicadas com pontualidade, se por acaso tomar fora do programado ele perde todo efeito e eu volto ao mesmo inferno, entende?

- Hmm, sim.

- Bem, o quero dizer é: Um dos horários programados é durante o meu expediente, então preciso que me cubra apenas por uns dez minutos, é coisa rápida. Só não queria ter que explicar essa história toda aos supervisores.

- Ah, claro. Tudo bem, dez minutos. Mas sabe que vai ficar me devendo essa né?

- Uhum, claro.

- Certo, só me avise quando for sair. Não quero simplesmente me virar e perceber que não está mais lá.

- Sim, claro. - Ótimo.

Depois de mais alguns instantes de espera os outros dois que ocupavam o bar desceram, permitindo que Yriu e Sylf subissem e assumissem o bar.

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