17. Funerária

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era pra ter saído ontem, mas tive complicações, desculpa pessoal

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Passou um minuto exato, meu celular vibrou em cima do meu peito, o peguei e vi uma notificação de áudio do Baji, imagino o que ele quer.

Áudio: KAZUTORA SEU FILHO DUM CAPIROTO CADÊ A S/N? ASSUSTOU A MENINA MESMO SEU CABOCO?

Só de ruim eu responderia que sim, mas se eu fizer isso ele vem aqui só pra me bater, e por enquanto eu não quero apanhar. Expliquei o que aconteceu, em áudio também, aquela mula não vai entender o que eu escrevi com esse pico de stress. Agora só esperar ele responder.

- - S/N - -

Que bom que pelo menos o Kazutora está fazendo algo a respeito da Kim, isso me deixa feliz de certa forma. Ele está fazendo o certo.

Abri a porta de casa e escutei as "palmas" e os "gritos", passei reto e em passos rápidos para o meu quarto, peguei o fone de ouvido e logo saí de casa, peguei até o Kioko, ele não merece ter que escutar tudo isso.

Fui caminhando pelas ruas com o fone e ele foi andando ao meu lado. Vi um casal sentados em um banco, eles estavam se beijando e sorrindo, que fofo. Espero que minha mãe consiga alguém assim, que ela possa fazer essas coisas que faz por amor.

Passei horas andando na rua com o Kioko, vi no relógio do celular e já são 2:00 horas da manhã, caramba, nem vi o tempo passar.

- Você já andou bastante, né? – Peguei o Kioko no colo. – Eu vou te levar para casa nas mãos. – O acomodei em meus braços.

Assim que cheguei em casa, está um silêncio incrível, o cliente deve ter dormido com a minha mãe ou já foi embora, coisa bem comum.

Melhor eu ir dormir também.

Dia seguinte

Domingo, ai que maravilha, nada pra fazer!

- Bom dia Kioko! – O abracei assim que ele subiu na minha cama, comecei a fazer carinho na cabeça dele.

Desci da cama e ainda de pijama, fui para a cozinha, ver se minha mãe está. Quando cheguei, ela não está na cozinha e nada está pronto, geralmente esse horário ela está por aqui ou pela sala.

Melhor ir ver se ela está no quarto.

- Mãe? – Bati na porta do quarto, pois está fechada. – Você está acordada? Posso entrar?

Não escutei nada, nem um barulho sequer veio dali. Vou abrir a porta e descobrir o que aconteceu com ela.

Assim que abri, fiquei horrorizada com o que eu vi.

- Mãe... – Minha voz falhou e fui me aproximando devagar da cama. – O que... o que fizeram com você? – Minhas lágrimas começaram a transbordar dos meus olhos e deslizar sobre meu rosto.

Coloquei minha mão na boca e senti meu corpo tremer.

Ela está toda ensanguentada dentro em cima da cama e com a barriga toda cortada.

- Quem fez isso com você? – Peguei na mão dela e ela está gelada, a pele dela está um pouco esverdeada, os olhos dela estão abertos e secos. – Foi aquele desgraçado que te assassinou, não foi? – Apertei a mão dela. – Me diz, o que eu vou fazer sem você agora!? – Gritei e minhas lágrimas passaram a ficar mais intensas.

Me sentei na cama e ainda segurando a mão dela, sem parar de chorar. Não consigo a deixar aqui, não consigo aceitar que ela possa ter morrido.

- Não vejo a hora de te ver formada e sair desse lugar! – Disse minha mãe sorrindo num dia que eu cheguei da escola com notas boas.

- Eu não consegui te mostrar meu diploma a tempo... – Rangi os dentes e as lágrimas se juntaram no meu queixo. – Não consegui te orgulhar.

- Eu preciso te ver bem, é por isso que faço tudo isso! – Ela sorriu.

- Mas foi isso que te matou! – Gritei para mim mesma.

- Você é a minha vida!

- Então por que está morta?! Diz que isso é só uma brincadeira como você fez uma vez! – Apertei a mão gélida dela. – Fala mãe! Me fala que é só uma brincadeira de mal gosto!

- Eu não me importo de passar por tudo isso, faria tudo isso novamente por você. – Ela alisou meu rosto quando eu tinha sete anos, o rosto dela estava ferido por causa de um dos clientes. – Você é o amor da minha vida S/n!

- Você morreu por causa desse amor... – Alisei o rosto dela ainda chorando bastante. – Eu não queria isso, eu preferia não ter uma casa, não ter comida, nem roupas decentes, do que não te ter por perto...

E agora, o que eu vou fazer sem você mãe? Como eu vou me motivar a estudar mais para tirar você dessa vida? Mãe, você era a minha maior motivação.

- Mamãe, a senhora está cansada, por que ainda vai trabalhar? – Perguntei aos meus cinco anos de idade quando levei um copo de água para ela, que estava no sofá exausta.

- Eu mamãe precisa trabalhar muito para te dar uma boa vida, meu amor. – Ela sorriu e pegou o copo de água.

- Agora você não precisa mais trabalhar para me dar uma boa vida. – Passei a mão nos olhos dela e os fechei. – Descanse bem o que você não pôde descansar nesse mundo. – Alisei os cabelos dela.

Eu não sei qual é o telefone da funerária, talvez o Chifuyu saiba.

Me levantei da cama e peguei o telefone, liguei para ele e na segunda ligação ele atendeu.

[ Chamada ]

- S/n, por que está ligando tão cedo? Que que aconteceu? – Ele perguntou ainda sonolento

- Qual o telefone da funerária Chifuyu?

- Por que você quer o telefone da funerária? – Ele já se desesperou – O que aconteceu?

- A minha mãe... – As lágrimas desceram ainda mais fortes – Ela tá morta.

- O que?! Eu tô indo aí agora, aguenta aí! Não faz nada até eu chegar! – Ele desligou.

O que mais eu faria? Não sei nem se ainda tenho forças para suportar o colégio amanhã.

Fiquei o tempo inteiro ao lado da minha mãe, esperando o Chifuyu chegar, passou alguns minutos e escutei um bater na porta. É ele. Fui até lá e a abri. Na mesma hora ele me abraçou.

- Eu nem sei o que posso te falar. – Ele me abraçou forte chorando bastante.

- Não precisa dizer nada. – Falo enquanto o abraço apertado.

- Como que tudo isso aconteceu? – Ele parou o abraço ainda me encarando.

- Vem, eu te mostro o estado dela. – Peguei na mão dele.

O guiei até o quarto da minha mãe, abri a porta e mostrei a ele como ela está. Assim que ele a viu, ficou horrorizado. Eu apenas consigo chorar.

- Encontrei ela esfaqueada hoje de manhã...

- Quem fez isso?

- Provavelmente o cliente da noite passada. – Limpei meus olhos, mas não adiantou. – Deve ser por isso que estava tudo tão silencioso quando voltei do passeio com o Kioko.

- S/n, eu sinto muito... – Ele disse ainda chorando e apertou minha mão. – Vamos fazer um funeral decente para ela, não se preocupa!

- Chifuyu, como eu vou seguir sem ela agora? – Desabei – Como eu vou acordar e não ver ela aqui, sorrindo para mim?

- Calma. – Ele me abraçou novamente. – Eu sei que não tem como não pensar em calma, mas tenta.

- Ela fazia tudo isso por mim Chifuyu, a culpa é minha?

- Não! De jeito nenhum! – Ele disse de imediato. – Nem pense nisso. A sua mãe fazia isso por amor, porque você era importante pra ela. Eu vou ligar pra funerária, só um instante.


esse doeu...

Imagine Kazutora - O Anjo Do Meu InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora