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Mikhael:

Já havia passado um mês que eu havia saído da casa dos meus pais para viver com o Gillian, e posso dizer com certeza de que não me arrependi em momento algum, Gillian procurava me realizar em cada sonho, em cada projeto que agora era nosso, sim os sonhos não eram mais meus, eram nossos, lógico que o fato de não poder ter meus pais compartilhando desses momentos de felicidade comigo me deixava triste, mas na vida não podemos ter tudo, tudo é feito de escolhas, e eu havia escolhido permanecer ao lado de alguém maravilhoso.

Não posso negar que durante duas semanas nos dias da reunião da sinagoga, eu fiquei lá os observando dentro do carro sem que eles conseguisse me ver, e tive a impressão de ser flagrado pelo meu pai em um dia em que ele estava conversando com o pai de Talita, mas se minha impressão estiver certa ele fingiu não me ver, pois nem cogitou a ideia de vir até a mim, permanecendo no mesmo lugar. Não tem como não falar que fiquei chateado, mas foi a minha escolha que causou esse rompimento, só tinha que aceitar de que de agora em diante iria ser dessa forma quando o encontrasse.

Esse um mês foi corrido, Gillian e eu tínhamos tantas coisas para agilizar antes de deixarmos a cidade para ir morar na fazenda, trancamos a faculdade, transferimos o cadastro de endereço de Billy para a fazenda, fomos ao cartório tratar da documentação para nossa união estável, marcamos a data, o casamento seria realizado na fazenda, isso tudo estava sendo organizado antes da mudança para que não ficasse nada pendente para quando definitivamente fôssemos morar na fazenda.

Havia tantas coisas ainda a organizar que o mês que parecia tão distante passou como se fossem segundos e no final de semana estaríamos indo para lá para oficializar a cerimônia, somente os mais chegados estavam sendo convidados, decisão minha e de Gillian que assim acontecesse, Jean e Beto ficaria uma semana a mais depois do casamento, Stephanny, Douglas e Eloá também nos fariam companhia, mas os avós de Gillian e seus tios viriam de volta para a cidade logo após a cerimônia.

Eu queria muito que meus pais fossem, mas acho isso praticamente impossível de acontecer, mesmo que eu tenha enviado o convite a eles. Gillian sempre tentava me animar:

_ Mik, não fique triste, eu sei que se sua mãe conseguir ela irá.

_ Eu sei Gillian, minha mãe deu a benção dela para nós dois, mas acho difícil ela ir, ela já contrariou o meu pai a nos apoiar.

_ Ela foi sensata, vendo que nos amamos, seria até cruel fazer com que você se casasse com aquela moça, eu sinceramente acho engraçado isso sabe Mik, eu até entendo que seu pai como religioso ache errado já que a vida inteira foi ensinado a ele isso, mas como homem que já viveu o mesmo tipo de preconceito e não consigo entender

_ Eu acho que consigo entendê-lo Gillian. Meu pai nunca conseguiu viver o amor que sentia pelo Gillian, ao contrário foi mandado para longe de todos a qual confiava para reprimir esse sentimento e acabou se casando com minha mãe, por mais que eles não tivessem um amor avassalador, cheio de paixão, eles tiveram um casamento bom, minha mãe o ajuda na sinagoga, em casa é uma boa auxiliadora, então ele acredita que tem tudo o que precisa ao obedecer o meu avô, eu acredito que ele fazendo o que fez eu também me daria conta de que ele estava certo e eu errado.

_ E você Mik, acha que está errado?

_ Gillian desde o dia em que me decidir morar com você, não teve um minuto em que me arrependi, ao contrário só tenho orgulho da decisão acertada em que tomei, eu te amo e vou me casar com o homem da minha vida, um homem que me completa, que sempre está disposto quando quero amá-lo, que me acorda com beijos e carinho. Então não, não acho errado, estar com você, dormir e acordar ao seu lado, ouvir sua voz rouca durante o ato de amor, não, não é errado.

_ Você não imagina o quanto eu fico feliz em ouvir isso, eu confesso que teve momento em que achei que nunca as ouviria, você era como um bichinho acuado, sempre que me aproximava e pensava que iríamos avançar, você recuava e era difícil te alcançar, mas vejo que minha persistência valeu a pena, você em breve será meu marido oficialmente, porque dono da minha vida e do meu coração você já é possuidor. Eu te amo tanto Mik.

_ E eu a você Gillian.

Nós dois nos beijamos, e Gillian ergueu-me colocando-me sentado sobre o mármore da pia se encaixando entre minhas pernas, nossos pênis se roçavam provocantes, enquanto ele puxava meu quadril para mais perto de seu corpo ainda a beijar-me. Eu acariciava sua nuca, nossas roupas foi sendo retirada peça á peça e nus nos amamos ali mesmo naquela posição, cada dia com Gillian eu aprendia algo novo, novas sensações, novas posições, com ele era tudo novo, não tinha tempo para arrependimentos, ou para achar algo errado naquela relação que nos fazia tão bem.

Minha relação com a fé, não mudara, ela continua intacta, a única coisa que mudou foi a maneira de enxergá-la, hoje posso dizer que minha relação com a minha fé melhorou, pois não estou preso a convenções, a estigmas, hoje vejo Deus como uma pessoa real, alguém que me ama, e que me oferece dia após dia a oportunidade de ser feliz. Lógico que ainda fico triste pelos meus pais, mas o Gillian ele procura ocupar cada espaço na minha vida, me preenchendo com sua alegria, com a forma livre com que vive, e eu quero correspondê-lo da mesma maneira, quero fazê-lo feliz assim como ele me faz, eu serei seu esposo, e ele será eternamente meu, cravado em mim, me fazendo seu. Como dizer que algo assim é errado, como me privar de viver esse amor e culpar Deus por isso?
Esse sentimento nasceu em mim, não foi uma opção, não foi um querer, foi maior que eu, eu resisti, sim resisti o máximo que eu pude, e que bom que minha resistência me levava sempre para os braços de Gillian, hoje eu sou feliz. 

Eu faço o meu próprio paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora