Um

42 4 1
                                    

— Hora da morte... — a mulher olhou, sem expressão alguma no rosto. Algo maior que ela não deixava terminar a frase.

— Doutora? — o enfermeiro perguntou.

— Meia noite e cinquenta e dois. — completou. Algumas lágrimas desceram sem pudor pelo rosto bonito e coberto por uma máscara.

Ela retirou sua luva descartável com rapidez a jogando no lixo logo depois. Poucos segundos depois não se via mais a doutora na sala de cirurgia. Deixando quatro homens muito confusos ao redor de um cadáver. As coisas ocorreram rápidas demais para uma pessoa só.

Talvez agora, sozinha numa sala coberta de paredes vazias e brancas, ela estivesse pensando o pior sobre suas capacidades. Mais uma vez ela tinha feito alguém morrer por causa de seu trabalho. Ela não gostava dessa opinião formada sobre ela. Do lado de fora talvez, estejam pessoas esperando por uma resposta positiva quando a única coisa que ela tem a oferecer é um "sinto muito".

Não era qualquer pessoa naquela maca gelada. Uma loira bonita e engraçada estava necessitada por sua ajuda, e ela não pôde ajudar. A loira bonita cujo o amor de sua vida, está morta. Morta e abalada. Algo como um sonho e um destino bonito foram deixados para trás junto com ela.

Dez ou mais batidas na porta foram escutadas, mas não é como se ela tivesse forças para se levantar.

Mas ela, abalada demais para falar algo, percebeu que o enfermeiro, tal que é seu melhor amigo, entrou sem permissão. Ele entrou silenciosamente, mas ágil o suficiente para abrir os braços e proteger mulher do frio que estava no quarto e de todo mal naquele momento. O abraço encaixou bem. Como se fosse um refúgio.

Eles continuaram com aquilo por minutos, até o homem lembrar de suas obrigações. Mesmo que estivesse trabalhando, ele sabia que depois da notícia que havia recebido, ela precisava dele mais do que nunca naquela hora. Sua cunhada falecida.

— É triste que eu tenha que te dizer isto, princesa. Mas você precisa dar a notícia aos parentes. — segurou mais forte. Dando um ênfase no 'precisa'.

Os 'parentes' eram pessoas que ela não queria ver. Pessoas que talvez fossem contra a ela devido às circunstâncias. Agora eles estavam lá, batendo suas pernas, com olheiras de baixos dos olhos e mordendo suas unhas, esperando por ela. Esperando por um diagnóstico. Não era certo com eles. Não era certo com ninguém.

— Eu não quero. Não pode fazer isso por mim? — perguntou.

— Eu quero, mais que tudo, fazer isso por você. Mas a senhora sabe que o chefe pode chamar minha atenção.

— Por favor, Kunpimook... Eu imploro!

— Lisa. — repreendeu.

— Por favor! — suplicou, esperando que seu amigo entendesse seu desespero pela perda.

— Tudo bem. Não me faça perder o emprego hein! — brincou, esperando uma risada da outra, que veio logo depois, porém fraca e não-perceptível.

Kunpimook se levantou devagar, não querendo soltar sua amiga, com medo e temendo qualquer coisa negativa. Como ele não era tão trouxa assim, saiu do quarto indo logo de encontro com alguém que pudesse tomar seu lugar: Jennie.

A morena apareceu ao lado da recepcionista enquanto assinava alguns papéis na bancada mordendo uma maçã. Se pudesse, faria uma piada referente a branca de neve. Foi isso que ele fez.

— Pepsi deixa meu corpo mole. Estranho, achei que só você podia fazer iss-

— Houhouhou! Boa tarde recepcionista Kim! Cuidado com esta maçã! Pelo o que eu sei, você ainda não encontrou seu príncipe encantado. — Bambam interrompeu e se apoiou na mesa, olhando para a verdadeira recepcionista comendo uma fatia de pizza, que escondeu na mesma hora. — Jennie! Está dando comida aos funcionários?

WelcomeOnde histórias criam vida. Descubra agora