II

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— Obrigada. — agradeceu ao entregador de aplicativo, que curvou-se saindo logo depois. A comida cheirava bem, e atraía o paladar e os olhares de todo mundo que passava perto do consultório. Mas ela não possuía fome alguma. — Eu não aguento mais a Jennie pedindo comida pra mim! Eu juro por Deus. Eu estou bem e não pretendo engordar!

— Engraçado. Por que ela está te mandando comida por acaso? Ela está afim de você?

— Cruzes. — revirou os olhos. — Não sei. Por que ela mandaria comida pra mim se estivesse realmente afim?

— Foi assim que ela transou com a recepcionista, ué. Uma pizza e boom! Orgasmos. — O Wang riu, pegando o estetoscópio de Lisa e sentando na cadeira ao lado da mesa dela. A aba do Google estava aberta na imagem de gatos brancos. — Por que está vendo gatos?

— Pensando em adotar alguns. — comentou, olhando para o moreno. — São fofinhos. As pessoas dizem que pets aumentam nossa autoestima.

— Comprovado por mim que é mentira. Eu tenho um cachorro pequeno, ele só me trás raiva!

— É porque você não sabe cuidar e dar atenção pra ele. Não culpe o cachorro, seu idiota. — bateu com graça no ombro rígido do colega. Claro, não tinha humor nenhum em seu rosto. — vive trocando de mulher e acaba esquecendo de cuidar da sua obrigação em miniatura. Qualquer coisa me dá ele.

— Ainda bem que eu sei que você está falando da boca pra fora. Não é? — Lisa o olhou. — Meu Deus! Sai fora! O cachorro é meu. Virou veterinária, foi?

— Aham. Virei, só pra te denunciar e acabar com você levando uma multa. No final, eu fico com seu cachorro e você pobre. 

Jackson riu horrorizado pelo pensamento fora da caixinha. Os dois estavam juntos em um consultório porque Lisa estava em seu tempo livre e o outro estava sem nada para fazer. Típico de um belo amigo que ama pertubar. Ultimamente, ele também vem ajudando ela com a comida. Jennie compra, Lisa recebe e Jackson come. Simples assim. Por mais que se sentisse culpada por não estar comendo a comida DESNECESSÁRIA que Jennie mandava, era explícito que ela enjoou desse tratamento de mãe e filha doente. Nem Kunpimook estava assim.

— Estou começando a desconfiar mesmo que Jennie está afim de mim.— Devido ao silêncio que o consultório estava, Jackson escutou em alto e bom som o que a mulher disse e ficou assustado. O comentário que fez era piada, e não tinha intenção alguma de ser verdade.

— 'Tá falando sério?

— Sim.

— Então vai ser b.o pra ela, porque você é comprometida, né? Só se você gosta de brincar de esconde-esconde. — ajeitou o óculos com o indicador. — Você é rica e tals mas, acho que ela não gosta de se meter com gente assim, porque ser amante é furada viu. — Comentou enquanto colocava sua assinatura em um atestado. Tão concentrado que nem percebeu o quanto Lisa se afetou com aquela pergunta.

Ela ainda estava comprometida? Ela ainda amava aquela mulher e a mulher também a amava. Não havia porque inventar uma separação.

Ela fingia que não, mas, por dentro a ideia de nunca mais ter Emanuelle ao seu lado, lhe dando um 'bom dia' ou um 'boa noite'  e enchendo seu rosto de beijinhos estava a corroendo de uma forma horrível. Doía lembrar que seu nome havia saído da boca da morena enquanto era transportada de um setor à outro. Doía saber que mesmo ferida e desesperada, ela chamava seu nome. Doía saber que Lisa era seu único e mais seguro Porto, que havia falhado, e não conseguido salvar sua garota. Ela queria saber o porquê daquilo. Porque ter ido embora. Porque ter se suicidado um dia depois de seu aniversário. Era algum tipo de vingança? Pois estava funcionando.

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