20 anos atrás
Foi quando eu tinha sete anos... Foi quando eu tinha sete anos que aquela tragédia aconteceu. O "acidente" que ocorreu na casa dos Donnati. O acidente nunca solucionado da minha família, na qual duas pessoas com o sobrenome Donnati e três funcionários foram mortos.
Jornais, sites de fofoca e até mesmo a imprensa noticiaram aquele dia como um acidente fatal, mesmo com as lamúrias de um pequeno garotinho que afirmava ter visto os homens que mataram os seus pais. Nenhuma prova foi encontrada, nem mesmo o sistema conseguiu achar o homem na qual o garotinho especificava...
Nada...
Nada encontrado que confirmava as palavras do único sobrevivente do fatídico dia.
Nada, apenas uma afirmação... "ele está louco!"
Foi o que esse garotinho ouviu repetidas vezes no orfanato, sem falar nas teorias de ter assassinado os seus próprios pais.
Não importava o quanto ele chorasse e buscasse por ajuda... a justiça do mundo é falha... e não havia nada que o fizesse esquecer a dor da morte dos seus pais, exceto quando as lembranças vinham à tona e o seu coração se enchia de ódio.
Por isso não importava quantas pessoas ele tivesse que passar por cima... ele faria a sua própria justiça.
A vingança já estava cravada em sua alma...
~;~
— Mamãe, você não vai chamar o papai para jantar? Eu estou com muita fominha! A senhora prometeu que depois do banho eu iria comer sopinha! — Exclamo agitado vendo a minha adorável mãe passar algo na tela do seu celular com um sorriso.
— Calma, ele está no escritório aqui ao lado. Uns homens vieram em casa para tratar de negócios com ele. Vamos esperar pelo o seu pai, está bem? — Ela murmura me lançando um sorriso, porém isso não é o suficiente para mim.
Eu estava brincando quando ela me interrompeu, me mandando tomar banho para comer. Minha barriguinha já estava roncando, e mesmo durante o banho, eu estava babando pensando na sopa que a minha mamãe faz. Isso não é justo! Por que temos que esperar pelo papai quando ele só vive trabalhando?
— Haha! Não faça essa carinha, meu anjo. Seu pai não vai demorar. Lembre que esses homens só estão aqui porque o seu pai tirou uma semaninha de folga para ficar com nós dois. Não implique com seu pai, não é fácil manter uma empresa grande funcionando.
Ela deixa o seu celular de lado, se aproximando de mim no sofá da sala, com um sorriso que revela o quanto ela está se divertindo com o meu biquinho. Mas eu não vou ceder! Quero que meu pai tenha mais tempo para mim... Só fins de semana não é suficiente! Não posso deixar que esses homens tomem o único tempo que meu pai tirou para mim!
— Vem aqui, Jay! Vou fazer cócegas em você.
— NÃO! — Exclamo já rindo quando ela me puxa pelo braço, tocando repetidas vezes a minha barriga, me fazendo rir mesmo que eu esteja chateado por dentro. — MÃE, ISSO NÃO VALE! HAHA! MÃE PARA!
— Jay, sua criança sapeca! É melhor ficar quietinho e esperar com a mamãe, está bom?
Estou jogado em seu colo, com um sorriso gigante, observando como ela parece feliz. Eu também estou... a minha mamãe é a melhor desse mundo, eu ficaria sozinho se não fosse por ela, já que não tenho amigos.
"BANG"
O estrondo vem do escritório do papai, e o som absurdamente alto faz com que a minha mãe olhe para trás, para a porta do escritório com um olhar assustado.
— Mas o que está acontecendo lá dentro? — Ela pergunta, me deixando de lado no sofá, se levantando.
— O que foi, mamãe?
O seu olhar assustado me deixa um pouco nervoso. O meu coração está muito acelerado, como se algo ruim tivesse acontecido.
— Mas o que está acontecendo? — A minha mãe exclama, assustada quando a porta é aberta e de lá, sai quatro homens vestidos de preto.
A minha mamãe recua quando os vê, porém não consigo ver nada de diferente com eles. Eles parecem normais, mas... cadê o papai?
— Parece que a mulher e o moleque dele viram... caramba, vamos ter que acabar com os dois também?
— O que vocês fizeram com o meu marido? — A minha mãe exclama, dando passos para trás.
Eu olho a situação, sentindo o meu corpo tremer, mesmo que eu não esteja entendendo o que está acontecendo. Por que esses homens estão assustando a mamãe?
Quando eu olho para o que tem na mão deles e olho para o escritório do papai e o vejo deitado no chão, lágrimas surgem em meus olhos, com o medo tomando conta de mim por fazer uma ideia do que pode estar acontecendo.
Me encolho no sofá.
O homem mais velho entre eles ri de uma forma grotesca, apontando a arma para a cabeça da minha mamãe.
— Eu não tenho culpa se o seu marido era um tapado e ao invés de se unir a gente, resolveu nos denunciar. Ele poderia faturar muita grana, sabia? HAHA! Mas ele preferiu morrer, e como vocês são uma prova do que aconteceu aqui, eu vou ter que acabar com vocês. O que é uma pena, porque uma mulher como você não é de se jogar fora.
Morrer? Meu pai preferiu morrer? É por isso que está deitado no chão? Ele está morto?
— JASON! CORRA! VÁ PARA O SEU QUARTO, TRANQUE A PORTA E LIGUE PARA ALGUÉM! POR FAVOR, NÃO DEIXE ELES TE PEGAREM! — A minha mãe grita em desespero quando o homem vai até ela.
O meu coração dói, mas eu não sei o que fazer, sinto como se não conseguisse me mover, apenas tremendo.
— JASON, VÁ!
O seu grito com lágrimas faz algo despertar dentro de mim, e mesmo que eu já esteja chorando, eu pego o seu celular ao meu lado e saio correndo em direção a escada, para o andar de cima onde ficam os quartos. Eu estava esperançoso para nos tirar daqui! Se eu ligasse para a polícia... os homens ruins sairiam e a minha mamãe ficaria bem, não é?
Eu estava mantendo essa esperança, mas antes que eu pudesse alcançar a escada, uma mão me agarrou de repente, e quando eu olhei para o lado, um dos homens estava rindo, me arrastando de volta para a sala.
— Não, por favor. Deixe o meu filho ir, ele é só uma criança... — A voz da minha mãe soa desesperada, chorando.
— Cala a boca sua vadia! — Ouço o som de um tapa, porém o choro da minha mãe não cessa e isso faz com que eu queira correr e bater nesses homens. Não posso deixar eles machucarem a minha mãe, papai disse que quando ele não estivesse em casa, eu seria o homem da casa e deveria proteger a mamãe. — Traz esse moleque para cá.
— Ah! — A minha mãe grita de dor quando o homem a puxa pelo cabelo, rindo.
— Mãe... — Sussurro perdendo as forças, quando o homem que havia me segurado me empurra no chão com força, me fazendo cair em frente a minha mãe, que tem um olhar de arrependimento para comigo. — Mãe...
— Olhe bem para mim, seu moleque... — O homem que estava a segurando apontou uma arma para a sua cabeça, fazendo-a chorar desesperada, implorando pela sua própria vida. E eu olhei para o homem... a sua imagem assustadora jamais poderá ser apagada da minha mente. — Isso é o que acontece com quem ousa me desafiar.
Foi o que eu ouvi antes de ver a cabeça da minha mãe explodindo aos pedaços. O som do tiro ecoou pela minha cabeça, e eu não conseguia acreditar nos meus próprios olhos, reafirmando para mim mesmo que tudo isso era apenas um pesadelo.
Quando eu acordasse, eu teria a minha mamãe e o meu papai de volta...
— Senhor Pompeo, o que eu faço com esse garoto?
— Chute até que ele morra. Não vou gastar uma única bala com esse verme.
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REVERSO - A SOMBRA DE UM PASSADO - (RETIRADA)
RomansaGuilhermina, uma típica jovem de classe alta, no auge da sua beleza, acorda numa noite chuvosa, sem as suas lembranças, sem sequer saber algo sobre si mesma, e com um lindo homem loiro que se diz seu marido. Sendo guiada pela intuição, ela decide co...