AFTER - Depois da verdade - JIKOOK

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Jimin

Quando enfim acordo, já são duas horas da tarde. Não me lembro a última vez em que dormi até depois das onze, muito menos até depois do almoço. Mas acabo me perdoando, já que fiquei lendo e mexendo no presente maravilhoso de Jungkook até as quatro da manhã. É perfeito, perfeito demais, o melhor presente que já ganhei.

Pego meu telefone no criado-mudo e vejo as chamadas não atendidas. Duas da minha mãe, e uma de Namjoon. Algumas mensagens de “Feliz aniversário” enchem a minha caixa de entrada, incluindo uma de Jongin.

Nunca fui muito de comemorar aniversários, mas também não gosto da ideia de passar o dia sozinho.
Bom, eu não vou estar sozinho. Catherine Earnshaw e Elizabeth Bennet são companhias muito melhores que a
minha mãe.
Peço um monte de comida chinesa e fico de pijama o dia inteiro.

Minha mãe está uma fera quando ligo e digo que estou “doente”. Sei que ela não acredita em mim, mas, sinceramente, não me importo. É meu aniversário,
posso fazer o que quiser. E, se quiser ficar deitado na cama com uma quentinha de comida para viagem e o
meu brinquedo novo, então é isso que vou fazer.

Meus dedos tentam digitar o número de Jungkook algumas vezes, mas eu me detenho. Não importa que o presente seja maravilhoso, ele transou com a Yeri.
Sempre que penso que Jungkook não pode me magoar mais, é exatamente isso que ele faz.

Começo a pensar em meu jantar com Trevor no sábado. Trevor, tão bonzinho
e tão simpático. Ele fala o que pensa e me elogia. Não grita comigo, nem me irrita. Nunca mentiu para mim. E nunca tive que adivinhar o que estava pensando ou como estava se sentindo.

É inteligente, educado, bem-sucedido
e faz trabalho voluntário em abrigos durante as festas defim de ano. Comparado com Jungkook, é perfeito.
O problema é que ele não deveria ser comparado com Jungkook. Trevor pode ser meio sem graça, é verdade, e não tem a mesma paixão por romances que eu e Jungkook, mas por outro lado não temos o peso de um passado problemático.

A coisa mais irritante a respeito de Jungkook é que, na verdade, eu amo sua personalidade, sua indelicadeza e tudo mais. Ele é engraçado, espirituoso, e pode ser muito gentil quando quer. Seu presente está mexendo com a minha cabeça — preciso lembrar o que ele fez comigo.

Todas as mentiras, os segredos e, acima de tudo, o fato de ter transado com Yeri.
Mando uma mensagem para Namjoon, agradecendo, e em poucos segundos ele responde perguntando o endereço do motel. Minha vontade é dizer para ele não se incomodar em dirigir até aqui, mas também não quero passar o restante do dia sozinho.
Não troco de roupa, mas visto um robe por cima do pijama e leio um
pouco mais, à espera de Namjoon.

Uma hora mais tarde, ele bate à porta e, quando abro, seu sorriso caloroso de sempre me faz sorrir de volta.
Ele me dá um abraço.

— Feliz aniversário, Jimin —, diz, junto do meu cabelo.

— Obrigado —, respondo, abraçando-o bem apertado.

Ele me solta e senta na cadeira da escrivaninha.

— Está se sentindo mais velho?

— Não… quer dizer, estou. Parece que envelheci dez anos na última semana.

Ele abre um sorrisinho, mas não diz nada.

— Pedi comida chinesa… sobrou um monte, se você quiser —, ofereço.

Namjoon se vira, pega a caixinha de isopor branco e um garfo de plástico da mesa.

— Obrigado. Então é isso que está fazendo o dia inteiro?—, brinca.