Capítulo 05

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"O encontro inesperado, as situações inusitadas, o que não foi combinado, mas tinha que acontecer."
(Rubem Alves)

Naquela madrugada, Gizelly acordou se sentindo sufocada pelos pesadelos, sua roupa estava molhada de suor e seu coração parecia correr mais rápido que o seu pensamento.

Levantou da cama e olhou no relógio da cabeceira da cama, ainda marcava 3h da manhã, mas não conseguiria voltar a dormir ou fazer qualquer outra coisa além de correr naquele momento, e foi o que fez. Tomou um banho, vestiu sua roupa, colocou seus fones e correu no quarteirão até se sentir preenchida pela exaustão.

Estava se dirigindo ao Kalimann's Coffee quando lembrou de que naquele domingo o café não iria abrir, se praguejou por não ter lembrado antes, aquela era uma cidade pequena, mas ela não tinha se dado o trabalho ainda de procurar por outro café. Caminhou um pouco até encontrar um supermercado aberto, não sabia cozinhar, mas ela percebeu que teria que tentar.

Caminhou pelos corredores do supermercado procurando por algo que pudesse comer e que fosse simples de se fazer, encontrou apenas cereais e leite, outra coisa iria exigir que ela usasse a cozinha, coisa que ela não saberia como.

Comprou algumas caixas de cereais, leites e sucos, para caso quisesse comer sem ter que ir ao café, passou no caixa e foi para sua casa, estava faminta e iria devorar uma caixa de cereal.

Chegou em casa, colocou o cereal e o leite em um pote e se jogou no sofá, sem se importar em tomar banho antes, se ela fizesse aquilo no sofá de sua mãe, dona Márcia provavelmente acabaria por surtar, mas não estava mais na casa de seus pais, ficou triste com esse pensamento, a saudade de sua família estava batendo cada vez mais forte.

"Preciso de uma TV" esse pensamento passou novamente por sua cabeça, precisava de coisas para ocupar a mente enquanto estivesse em sua casa, e já planejava comprar uma TV. Adorava assistir jogos com seu pai e filmes com Manoela, queria ter um pouco deles consigo.

Eram 9h da manhã quando Gizelly se levantou do sofá e se encaminhou para seu banheiro, como sempre, se arrumou, pegou um livro e saiu de casa a caminho do parque para passar o restante do dia.

Sentou em seu banco habitual, era um banco um pouco mais afastado no parque, não era escondido, mas não era tão a vista como os demais. Estava concentrada em seu livro quando sentiu duas mãozinhas na sua perna, se apoiando para ficar em pé.

- O que está fazendo aqui cerejinha? - Estranhou ver a menina ali sozinha, mas sua expressão de surpresa se desfez assim que ouviu a voz familiar de Rafaella.

- Você só pode ter enfeitiçado minha filha - disse risonha logo atrás de Sofia.

- O que posso dizer? Sua filha já me ama - brincou deixando o livro que tinha em mãos de lado no banco e pegou Sofia no colo.

- Ama é? - Debochou.

- Sim, isso e também porque você sempre deixa ela sozinha - zombou rindo da cara de indignação de Rafaella.

- Para seu governo, Bicalho...- disse com as mãos na cintura - Eu não deixo minha filha sozinha, ela que sempre foge de mim quando te vê, essa traidora - disse olhando para Sofia que ria no colo de Gizelly enquanto brincava com as pontas do cabelo da morena.

- Eu tenho um imã de bebês, não é mesmo cerejinha? - disse levantando Sofia que ria contente.

- O que faz aqui, Gizelly?

- Venho aqui todo dia para ler - disse apontando para seu livro que estava no banco - E vocês duas?

- Estamos fazendo piquenique com umas amigas - Rafaella apontou para um ponto atrás de si, onde tinha um grupo de amigas sentadas em uma toalha embaixo de uma árvore.

Start Over (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora