Nascido Para Lutar

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O Ano é 2035; a humanidade vive uma grande Era do Descobrimento Espacial. Após a vitória das missões Artemis, promovidas pela NASA, o imaginário humano se inundava de sonhos e esperanças.

Para alguns, a missão de colonizar Marte já era vista como uma oportunidade de enriquecer em um novo mundo, começar uma nova era e dar um futuro melhor para seus filhos sobreviverem, pois, naquele exato momento, viver em um planeta sem atmosfera, de clima hostil, e rico em radiação solar, era melhor do que viver na terra.

No planeta verde, as coisas não seguiam nada bem. As tenções entre China contra o resto do ocidente, só aumentavam a cada ano. A situação já estava tão intensa, que até as nações aliadas de cada um dos lados já estavam entrando em confrontos armados. A Coreia do Norte, finalmente mostrou do que era capaz quando mandou um bombardeio nuclear aos grandes centros da Coreia do Sul (onde atualmente só sobrevivem os pequenos grupos de guerrilheiros).

Fome e sede, eram a palavra mais comum nos países mais subdesenvolvidos da África, que agora eram alvos dos desejos expansionistas dos aliados da China, Como o Talibã, e pasmem, a Rússia também. Curiosamente, mesmo após o continente ser literalmente abandonado pela Otan, os pequenos países da África decidiram dar um basta em anos de colonizações forçadas, e decidiram se unir militarmente contra os invasores.

Sem muitas opções, uma grande barreira no mundo da tecnologia teve que ser quebrada, para então tentar amenizar as tenções entre os países. Os americanos, como sempre, tentam controlar a situação com uma medida desesperada. Surge assim, a Mente Soberana.

Esta inteligência artificial, já completava seus 5 anos no poder dos Estados Unidos da América. A primeira inteligência artificial a se tornar presidente, conseguiu reverter anos de poluição, trazer equilíbrio Econômico para grande parte dos países presentes na ONU. Não é atoa, que neste momento está em vigor, uma discussão perigosa sobre se deve ou não ser concedido o poder das nações mais forte a própria Mente Soberana.

Com essa discussão em vigor, o mundo voltou a se fragmentar em mais outra luta.

É por isso que muitos já se cansaram do planeta, e agora voam em direção a outro lugar que possam chamar de lar. Já foi até dado um nome para a primeira geração de colonos, que está para chegar em poucos meses ao planeta vermelho. Os chamados "Filhos da Luta" acreditam que agora, colonizar Marte se tornou uma espécie de "Missão Santa" que lhes foi dada por Deus.

Crentes ou não em uma espécie de chamado divino, construir uma civilização do zero em um planeta distante da loja de conveniência mais próxima, soava um tanto quanto desafiador para os mais céticos da primeira leva de colonos. Mal eles sabiam, que, nem a vantagem geográfica da primeira base, muito menos toda a ajuda tecnológica de seus hábitat pré-produzidos pelas primeiras sondas de construção, os ajudariam de alguma forma a se preparar para o que está por vir.

Demorou mais de 5 anos para que o primeiro milagre sem precedentes ocorresse.

Na décima viagem planetária, uma jovem colona da terra, acabou embarcando na Voyager 2, como uma clandestina que apenas queria fugir de uma vida sofrida da terra. Mas o grande problema que a obrigava a ser uma clandestina, não era sua situação financeira, e sim algo que carregava dentro de si, que ia contra os protocolos de segurança das viagens espaciais. Mary era seu nome, e ela levava para Marte, não só uma boa quantia em dinheiro para se sustentar, mas também um pequeno bebê em sua barriga.

Mesmo trancada na maior parte do tempo em seu dormitório da nave durante grande parte da viagem, Mary ainda sentia grande dificuldade de esconder sua gravidez.

E foi na reta final de sua viagem, faltando poucas semanas para aterrissar em Marte, que Mary se viu em uma situação difícil. O estresse da viagem, a falta de uma boa alimentação e de um tratamento adequado para sua situação, a obrigou a ter um parto forçado, um parto prematuro.

- Alguém! Socorro! - Clamava Mary, no comunicador de emergência de seu dormitório.

- Passageira 119, qual a situação? - Respondeu o guarda, calmamente, em contraste ao claro desespero de Mary.

- O meu bebê, ele está nascendo! Me ajudem, por favor! - ela implorava com o pouco de fôlego que lhe restava.

- Meu Deus... - Foi o que ele disse, após alguns poucos, porém, angustiantes segundos sem reação.

Foi enviado até o quarto de Mary, um destacamento médico, que por milagre, era composto por uma parteira, chamada Torres. Para que as condições de parto ficassem mais suportáveis, tiveram que desviar uma grande parte da energia da nave para o gerador de gravidade artificial do quarto de Mary, para ficar mais parecido com as condições da terra.

Naquela altura do campeonato, não havia tempo para interrogatórios, acusações ou julgamentos contra Mary. Torres se esforçou ao máximo na extração do bebê, enquanto os outros médicos faziam o possível para manter Mary acordada e fazendo força para empurrar a criança.

Mesmo assim... O pior tinha que acontecer.

- Me tragam o bisturi, preciso cortar este cordão umbilical agora! - Exclamou Torres, que se deparava com um bebê fraco, magro, com membros mais alongados que o normal (consequência da falta de gravidade na nave). Para piorar, o cordão estava o enforcando, e seu pulso já estava mais fraco a cada segundo que passava.

O cordão foi cortado.

O bebê não respondia as massagens cardíacas, e tudo que restava a Torres, era entregar o bebê a sua mãe, moribunda, pálida e desnutrida. Seus lábios estavam todos recados, e esboçavam um semblante de extremo desamparo, enquanto suas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Torres lamentou, e entregou o bebê.

Mas foi aí, no momento em que a gravidade ia retornando a quase zero, que Mary conseguiu sentir o pulso de seu bebê, retornando com uma força brutal, batendo mais disparado que um cavalo de corrida; era perceptivo a sua vontade de viver, de lutar.

Ele chorava, e Torres ficou lá, apenas paralisada com o pequeno milagre que contemplava.

A cena de uma criança, sendo abraçada pela sua mãe enquanto ambos flutuavam de frente para uma janela, que dava a vista para o pequeno planeta vermelho que se aproximava; nunca mais sairia da mente daqueles médicos presentes.

Foi assim, que Charles Rivers, o verdadeiro "Filho da Luta", chegou a este mundo.

E sua história, estava apenas começando.

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⏰ Última atualização: Sep 11, 2022 ⏰

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