Capítulo 52

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CHRISITIAN

Cinco anos parte 2 e contando...

"Ela adorava café. O cheiro das flores e o cantar dos pássaros. É irônico, porque eu nunca fui flor que se cheire e sempre cantei desafinado. Ela possuía uma simplicidade encantadora. Sempre fora dona do seu nariz, pé no chão e ideia firme. Eu sempre achei que ela levava jeito pra qualquer coisa, acho que era porque eu depositava toda a minha confiança nela. No entanto, às vezes duvidava de si própria e das suas capacidades. Não depositava a sua confiança em qualquer um e desconfiava de todo o mundo. Desistir não era uma palavra com que se identificasse. Força de vontade não lhe faltava. Como todo o mundo, tinha os seus dias de querer morrer. E quem nunca teve dias assim que a tire a primeira pedra. Nunca precisou rebaixar ninguém ou atropelar os sentimentos dos outros. Ela era alguém que apesar de todos os problemas, erros e tropeços amava a sua vida e cada pessoa que tinha entrado nela. E então ela se foi. O café ficou amargo, o cheiro das flores desapareceu e o cantar dos pássaros se silenciou. A vida, enfim, perdeu a graça. — Quando ela se foi. "

Havia pouco mais de dois anos que tudo mudou.

Ao menos, na minha vida amorosa.
Estava um completo desastre e sem freios.
Não sabia o que fazer ou o que pensar.
Não sabia à quem ignorar ou à quem escutar.
Não sabia os limites ou infinitos.
Não fazia ideia onde iria parar.

Estava afastado de minha mãe com a tentativa de não ter notícias alguma da garota por quem era completamente doido e ainda cegamente apaixonado. Não bastava ser traído, ter sido otário durante um bom tempo e ter o coração partido... Ainda tinha que continuar sofrendo e remoendo passado para piorar, claro!

Desde que Dona Grace não parava em casa e seguia viajando para visitar Anastásia e sua "neta", segundo ela, me afastei seriamente e aluguei meu próprio apartamento. Não aguentava chegar em casa e ter que ouvir minha própria mãe traíra conversando logo com a garota que havia partido seu filho ao meio. Já, também, não aguentava brigar com a mesma por isso, exatamente como aconteceu semanas atrás.

Cheguei em casa e ouvi primeiramente altas risadas, uma conversa interessante a propósito. Me aproximei para escutar do que se tratava e não me deparei com nenhuma novidade, era mamãe conversando com ela

... Como sempre!

— Estou com tantas saudades de vocês, minhas meninas! —Ela disse com certa emoção na voz e o telefone entre a orelha e o ombro, enquanto fazia comida. — Coloque ela na linha! — Pediu e esperou em silêncio alguns minutos. — Oi, minha pequeninha! A vovó já está com saudades... Vou ir visitar vocês amanhã. Tenho um presente a lhe dar! — Aquilo era demais. Não poderia deixar minha mãe envolver-se no assunto dessa maneira, fazê-la se iludir e gostar ainda mais de quem achava ser sua "neta". Não era! A menina não era minha filha!

Apesar de ter uma curiosidade enorme para saber como era a filha de Ana e, no fundo, de coração, querer saber como ela estava... Continuava negando à mim mesmo. Negava todas as ofertas que Dona Grace havia feito para ver fotos da menina que insistia ser minha filha... Não era e pronto! Não seria idiota o suficiente como os outros a ponto de acreditar em algo tão sem sentido e cheio de mentiras como isso.

— Mãe! — Falei em alto e bom tom. Furioso ao vê-la falando daquele jeito... Ao vê-la falando com a garota que machucou seu único filho sem piedade de um jeito tão normal e carinhoso. Do mesmo jeito de sempre. Mas, agora as coisas mudaram! Ela tinha que enxergar isso e não ignorar tudo que eu dizia. Tudo que eu sentia. Ela desligou rapidamente o celular ao me ver e continuou a me encarar com uma cara de paisagem como quem não fez nada.

— A senhora não viajar novamente! Não posso deixar. —Me olhou indignada e colocou as mãos na cintura.

— E desde de quando eu deixei de ser a mãe e você ser o que manda? — Falou ríspida. Apesar de continuar sendo aquela mãe maravilhosa, não havia mais passado a mão em minha cabeça ou concordado com o que eu havia feito da minha vida. Não apoiava o fato de ter expulsado Anastásia daquele jeito e, especialmente, decepcionou-se comigo ao saber do motivo. — Vou ir visitar minha filha sim, e, minha neta! Não é porque meu filho foi um idiota, que também tenho que ser.

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